Interrogatório. Chuva  de gritos e insultos ao pai e madrasta de Valentina

Interrogatório. Chuva de gritos e insultos ao pai e madrasta de Valentina


Dezenas de populares revoltados junto ao tribunal de Leiria, onde houve reforço policial. Medidas de coação dos dois suspeitos conhecidas hoje.


Muitos insultos e protestos de dezenas de populares que entoavam gritos de revolta e pediam justiça, obrigando a um reforço das autoridades policiais: foi assim que o pai e a madrasta de Valentina, menina de nove anos que foi encontrada morta no passado domingo, a cerca de seis quilómetros de casa, em Peniche, foram ontem recebidos no tribunal de Leiria para serem ouvidos por suspeita de homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Tanto Sandro Bernardo como a mulher, Márcia – ambos suspeitos da morte da menor –, quiseram falar ao juiz de instrução e não se remeteram ao silêncio no primeiro interrogatório judicial, depois de já ter sido adiado para ontem, uma vez que o tribunal de Leiria queria ter primeiramente acesso ao relatório preliminar da autópsia ao corpo de Valentina.

O pai e a madrasta da menina foram ouvidos separadamente. O interrogatório a Márcia ficou logo concluído a meio da tarde, após ser ouvida durante mais de duas horas – à saída do tribunal voltou a ser insultada por populares que optaram por não arredar pé –, enquanto Sandro continuou a ser ouvido no tribunal de Leiria durante cerca de mais uma hora e meia. Por isso, as medidas de coação dos dois suspeitos só são conhecidas hoje, pelas 12 horas, tal como foi comunicado pelo juiz de instrução. À saída do tribunal, o advogado do pai de Valentina, Roberto Rosendo, não quis pronunciar-se sobre o interrogatório. “Se estivesse no lugar dele estava tranquilo?”, atirou apenas.

O relatório preliminar da autópsia ao corpo de Valentina indicou que a menina, que residia com o pai em Atouguia da Baleia, em Peniche, para ter acesso à internet por causa das aulas online, foi vítima de agressões graves e morta num cenário de grande violência. Apresentava lesões na cabeça e indícios de asfixia. Este resultado confirma as suspeitas da Polícia Judiciária (PJ) de Leiria, mas contraria a tese de acidente do pai da menina, que havia alegado no dia em que foi detido, no domingo, que Valentina teve espasmos na banheira, acabando por morrer.

Segundo a PJ, que sempre viu como pouco provável a hipótese de morte acidental de Valentina, a criança “morreu na quarta-feira durante o dia” e o corpo foi levado para um eucaliptal no final desse mesmo dia.

A mãe da criança, Sónia Fonseca, recorde-se, fez uma publicação no Facebook a agradecer a todos aqueles que ajudaram nos quatro dias de buscas. No entanto, não fez qualquer menção ao desfecho do caso nem ao facto de o seu ex-companheiro ser um dos suspeitos do crime. “Venho por este meio agradecer todas as ajudas que nos foram dadas… Às autoridades, a todas as pessoas que se ofereceram, no modo geral, nas buscas da minha filha. Em meu nome e em nome de toda a minha família, muito, muito, muito obrigada de coração”, escreveu nas redes sociais. A população de Atouguia da Baleia, vila onde Valentina residia, também se mostrou perplexa com o que aconteceu, não acreditando naquilo que o pai e a madrasta terão feito.