Nada será como dantes!


A Verdadeira mudança de Paradigma – O fim do Mundo Cartesiano e o início de uma Nova Era.


Nesta data simbólica de 09 de Maio de 2020, ano em que se comemora os 70 anos da constituição da União Europeia, “Nunca tantos deveram tanto a tão poucos” – Winston Churchill, frase que ficou para a história a propósito da II Grande Guerra e que espelha na justa medida a dimensão e o significado da situação atípica em que o Mundo está mergulhado neste preciso momento. Uma luta transversal com uma escala e dimensão a nível global, que é travada diariamente na linha da frente por vários grupos de ilustres pessoas anónimas, das mais variadas profissões em todo o Mundo contra esta Pandemia – consequência do vírus (COVID-19).

Que o tempo que estamos a viver é de difícil compreensão, de incertezas, suscitando grandes apreensões numa perspectiva de futuro, ninguém tem dúvidas disso. Mas, ao mesmo tempo, todos somos actores privilegiados por estarmos a assistir a um dos maiores ciclos de mutação da História da Humanidade, apontando a um novo Paradigma de sentido integrador global. Muito do que hoje constitui o nosso suporte existencial a vários níveis – cultural, conceptual, valorativo e operativo – tomará novas expressões e vitalidades. Neste processo, mais ou menos longo, o que hoje é consistente e adquirido numa perspectiva eurítmica, quer dizer, de acordo com o princípio de construtividade coerente e convergente do Homem consigo mesmo e com a Natureza, nesta perspectiva, nada será deixado para trás, sendo esse um enorme desafio para todos nós, correspondendo ao advento de uma Nova Era.

Recorrentemente ouvimos com frequência vários opinion makers, das mais variadas áreas, nomeadamente políticas, a falarem de Mudança de Paradigma, mas nunca concretizam verdadeiramente o que é um Paradigma, que Paradigma é que estivemos a viver até agora, nomeadamente no mundo Ocidental e qual o Paradigma em que entrámos. Paradigma é um conceito das ciências e da epistemologia (teoria do conhecimento) que significa modelo ou padrão de algo a ser seguido, assente num pressuposto filosófico ou científico (teoria), que define as normas orientadoras de um grupo (sociedade) onde se estabelecem os limites que vão determinar como um indivíduo deve agir dentro desses pressupostos limites. Posto isto, o Paradigma em que temos estado a viver nestes últimos quase quatrocentos anos teve como base filosófica/científica, de entre os vários pensadores, René Descartes, como base fundamental na concepção e construção desta realidade de vida, de ciência e sociedade. Foi através da visão cartesiana do mundo que chegámos até onde nos encontramos hoje. Contudo, esse processo faz parte da dinâmica da evolução que está a acontecer. Implica o fim do mundo onde o todo é assumido como sendo igual à soma das partes, da lógica linear, sempre redutora, da razão curta, que não tem mais razão de ser. A vida é feita de altos e baixos, rectas e curvas, pondo em causa toda a compartimentação estreita em que a queiramos compartimentar e conter. O somatório das partes é inferior ao todo, a dimensão gnóstica do cogito ergo sum (penso logo existo) pode estar errada e possivelmente poderá ser: se existo, logo penso. Dos aspectos competitivos nos quais, só porque penso o que penso tenho razão para esmagar o mais fraco, apresenta-se como base ético-filosófica de muito do mundo mecanicista cuja consequência é, entre outras, a hipotrofia da capacidade crítica com o aparecimento dum colectivo cinzento e amorfo que reage ao invés de agir, tendo perdido toda a capacidade criativa, consequência de um processo educacional errado que assentou e teve como objectivo tornar igual o que não o era, condicionando as rotinas sem que se pudesse questionar o sistema e, bem menos, o propósito da sua forma de existência como se não houvesse alternativa.

O que o Processo Educacional devia ter promovido era a excelência na diferença e o livre acesso ao conhecimento e não tornar igual o que não o é. Não existem duas pessoas iguais e isso devia levar-nos a pensar porquê? O novo Paradigma apresenta-se-nos numa perspectiva organicista, ou seja, com uma ordem fenomenológica natural – a da complexidade. Nesta tudo está interligado como numa estrutura viva: o coração não reivindica mais importância do que as unhas; os neurónios não “dizem” que são mais importantes que os pulmões, e por aí fora; coexistem todos em harmonia, em cooperação e não em competição. Isto quer dizer, que até o que se considere indigência tem algo de aproveitável para o colectivo; todos fazemos parte deste Corpo, tendo em relação a ele uma importância específica, sendo que, nesta ordem de ideias, ninguém terá de ficar para trás; todos somos importantes. Que o bater das asas de uma borboleta, numa qualquer parte do mundo pode provocar um tsunami do outro lado do planeta, conjectura a propósito da sensibilidade não linear dos sistemas às suas condições iniciais, expressando de forma eloquente que na Natureza tudo está interligado e a prova disso é-nos demonstrada com actual situação em que nos encontramos a nível mundial devido à Pandemia gerada pelo COVID-19. Bastou um “espirro” no Oriente e em poucos dias rapidamente se espalhou por todo o planeta. Um vírus, não visível a olho nu, mas que silenciosamente entrou nas nossas vidas paralisando praticamente todo funcionamento organizativo do Mundo e nos ceifou todas as certezas, verdades e conceitos absolutos dados como adquiridos.

A maioria das pessoas sente-se hoje ameaçada pelo conhecimento consciente ou inconsciente de uma alteração iminente nas suas vidas. A perspectiva de que as “verdades” que conheceram durante toda a sua existência possam vir a ser substituídas por outros pontos de vista e referências axiomáticas, torna tudo especialmente assustador e difícil. Surge então uma tendência para oferecer-se resistência à mudança e “contra-atacar” – como forma de reagir activamente às alterações. Se observarmos atentamente, no presente, detectaremos reacções de tendência fundamentalista, em todos os Continentes, como forma de oposição ao que é preconizado pelas sociedades mais progressivas e mais inovadoras no que concerne às emergentes expressões de vida, implicando estas a substituição de compromissos vinculados a antigos “valores” que na prática não satisfazem nem o particular nem o colectivo. As investigações sociológicas e psicológicas demonstram que, durante esses períodos de profunda transformação conceptual, aumenta a frequência de doenças mentais com rupturas sociais, crimes violentos, terrorismo, cultismo e fanatismo religioso como resposta violenta dos mais variados sistemas à mudança. Estes sinais são hoje em dia uma realidade, estando presentes nas nossas vidas e com tendência a agravar-se antes de se estabilizarem em níveis normais. Basicamente, eles constituem uma resposta à ansiedade e à insegurança acumuladas no nosso inconsciente sendo, a este nível, valorizados como “ameaça” inerente à implementação dessa alteração de paradigma.

Mas compreender, aceitar e contribuir para essa necessidade de mudança, reduzirá naturalmente todas estas tensões. À medida que entendermos que esta sociedade não pode continuar por muito mais tempo no caminho até aqui seguido e que este crescimento económico não é sustentável (não existem dois planetas Terra em termos de recursos naturais), será contribuir, de forma não radical, para essa alteração de Paradigma. E quanto mais depressa compreendermos isso melhor, nomeadamente os futuros decisores políticos, que vão ter uma responsabilidade acrescida em todo este processo de mudança e no trilhar dos novos caminhos e redefinir novos horizontes para a Humanidade. A título de exemplo e de preocupação numa das primeiras instâncias, não haverá trabalho da forma clássica como actualmente o entendemos para todos, pois a opção pela tributação das máquinas e não só, pode dar a sustentabilidade e resposta para a implementação do RBI / RBU (Rendimento Básico Incondicional / Universal) e ser uma solução para os problemas da actual situação crítica nos mais vários países. O Sindicalismo, conforme o concebemos e que teve uma importância fundamental no passado na revindicação de melhores salários e condições de trabalho, nesta transição para este novo Paradigma, também ele será confrontado com uma nova realidade que foge completamente à sua génese e que tornará a sua existência extremamente difícil. Os partidos políticos que até aqui se posicionaram compartimentados cartesianamente, entre Direita e Esquerda, com as verdades clássicas de mais Estado ou menos Estado, tenderam a definir-se por Conservadores e Progressistas e por ai fora… Dentro de 10 anos a sociedade conforme a vemos actualmente, será um reflexo pálido daquilo que alguma vez a Humanidade podia ter perspectivado. Será o maior “salto quântico” da história da Humanidade e por isso, não podemos continuar a cair no cúmulo do erro – que é aplicar sistematicamente as mesmas fórmulas à espera de resultados diferentes. Disse “Agostinho da Silva – Não peças não perguntes, inventa o Mundo”. A isto eu acrescento que: só o Impossível é Possível, pois o Impossível é o Possível não tentado.

 

por Vítor Navalho
Psicólogo
Presidente da GRACI – Grémio das Artes e Ciência


Nada será como dantes!


A Verdadeira mudança de Paradigma - O fim do Mundo Cartesiano e o início de uma Nova Era.


Nesta data simbólica de 09 de Maio de 2020, ano em que se comemora os 70 anos da constituição da União Europeia, “Nunca tantos deveram tanto a tão poucos” – Winston Churchill, frase que ficou para a história a propósito da II Grande Guerra e que espelha na justa medida a dimensão e o significado da situação atípica em que o Mundo está mergulhado neste preciso momento. Uma luta transversal com uma escala e dimensão a nível global, que é travada diariamente na linha da frente por vários grupos de ilustres pessoas anónimas, das mais variadas profissões em todo o Mundo contra esta Pandemia – consequência do vírus (COVID-19).

Que o tempo que estamos a viver é de difícil compreensão, de incertezas, suscitando grandes apreensões numa perspectiva de futuro, ninguém tem dúvidas disso. Mas, ao mesmo tempo, todos somos actores privilegiados por estarmos a assistir a um dos maiores ciclos de mutação da História da Humanidade, apontando a um novo Paradigma de sentido integrador global. Muito do que hoje constitui o nosso suporte existencial a vários níveis – cultural, conceptual, valorativo e operativo – tomará novas expressões e vitalidades. Neste processo, mais ou menos longo, o que hoje é consistente e adquirido numa perspectiva eurítmica, quer dizer, de acordo com o princípio de construtividade coerente e convergente do Homem consigo mesmo e com a Natureza, nesta perspectiva, nada será deixado para trás, sendo esse um enorme desafio para todos nós, correspondendo ao advento de uma Nova Era.

Recorrentemente ouvimos com frequência vários opinion makers, das mais variadas áreas, nomeadamente políticas, a falarem de Mudança de Paradigma, mas nunca concretizam verdadeiramente o que é um Paradigma, que Paradigma é que estivemos a viver até agora, nomeadamente no mundo Ocidental e qual o Paradigma em que entrámos. Paradigma é um conceito das ciências e da epistemologia (teoria do conhecimento) que significa modelo ou padrão de algo a ser seguido, assente num pressuposto filosófico ou científico (teoria), que define as normas orientadoras de um grupo (sociedade) onde se estabelecem os limites que vão determinar como um indivíduo deve agir dentro desses pressupostos limites. Posto isto, o Paradigma em que temos estado a viver nestes últimos quase quatrocentos anos teve como base filosófica/científica, de entre os vários pensadores, René Descartes, como base fundamental na concepção e construção desta realidade de vida, de ciência e sociedade. Foi através da visão cartesiana do mundo que chegámos até onde nos encontramos hoje. Contudo, esse processo faz parte da dinâmica da evolução que está a acontecer. Implica o fim do mundo onde o todo é assumido como sendo igual à soma das partes, da lógica linear, sempre redutora, da razão curta, que não tem mais razão de ser. A vida é feita de altos e baixos, rectas e curvas, pondo em causa toda a compartimentação estreita em que a queiramos compartimentar e conter. O somatório das partes é inferior ao todo, a dimensão gnóstica do cogito ergo sum (penso logo existo) pode estar errada e possivelmente poderá ser: se existo, logo penso. Dos aspectos competitivos nos quais, só porque penso o que penso tenho razão para esmagar o mais fraco, apresenta-se como base ético-filosófica de muito do mundo mecanicista cuja consequência é, entre outras, a hipotrofia da capacidade crítica com o aparecimento dum colectivo cinzento e amorfo que reage ao invés de agir, tendo perdido toda a capacidade criativa, consequência de um processo educacional errado que assentou e teve como objectivo tornar igual o que não o era, condicionando as rotinas sem que se pudesse questionar o sistema e, bem menos, o propósito da sua forma de existência como se não houvesse alternativa.

O que o Processo Educacional devia ter promovido era a excelência na diferença e o livre acesso ao conhecimento e não tornar igual o que não o é. Não existem duas pessoas iguais e isso devia levar-nos a pensar porquê? O novo Paradigma apresenta-se-nos numa perspectiva organicista, ou seja, com uma ordem fenomenológica natural – a da complexidade. Nesta tudo está interligado como numa estrutura viva: o coração não reivindica mais importância do que as unhas; os neurónios não “dizem” que são mais importantes que os pulmões, e por aí fora; coexistem todos em harmonia, em cooperação e não em competição. Isto quer dizer, que até o que se considere indigência tem algo de aproveitável para o colectivo; todos fazemos parte deste Corpo, tendo em relação a ele uma importância específica, sendo que, nesta ordem de ideias, ninguém terá de ficar para trás; todos somos importantes. Que o bater das asas de uma borboleta, numa qualquer parte do mundo pode provocar um tsunami do outro lado do planeta, conjectura a propósito da sensibilidade não linear dos sistemas às suas condições iniciais, expressando de forma eloquente que na Natureza tudo está interligado e a prova disso é-nos demonstrada com actual situação em que nos encontramos a nível mundial devido à Pandemia gerada pelo COVID-19. Bastou um “espirro” no Oriente e em poucos dias rapidamente se espalhou por todo o planeta. Um vírus, não visível a olho nu, mas que silenciosamente entrou nas nossas vidas paralisando praticamente todo funcionamento organizativo do Mundo e nos ceifou todas as certezas, verdades e conceitos absolutos dados como adquiridos.

A maioria das pessoas sente-se hoje ameaçada pelo conhecimento consciente ou inconsciente de uma alteração iminente nas suas vidas. A perspectiva de que as “verdades” que conheceram durante toda a sua existência possam vir a ser substituídas por outros pontos de vista e referências axiomáticas, torna tudo especialmente assustador e difícil. Surge então uma tendência para oferecer-se resistência à mudança e “contra-atacar” – como forma de reagir activamente às alterações. Se observarmos atentamente, no presente, detectaremos reacções de tendência fundamentalista, em todos os Continentes, como forma de oposição ao que é preconizado pelas sociedades mais progressivas e mais inovadoras no que concerne às emergentes expressões de vida, implicando estas a substituição de compromissos vinculados a antigos “valores” que na prática não satisfazem nem o particular nem o colectivo. As investigações sociológicas e psicológicas demonstram que, durante esses períodos de profunda transformação conceptual, aumenta a frequência de doenças mentais com rupturas sociais, crimes violentos, terrorismo, cultismo e fanatismo religioso como resposta violenta dos mais variados sistemas à mudança. Estes sinais são hoje em dia uma realidade, estando presentes nas nossas vidas e com tendência a agravar-se antes de se estabilizarem em níveis normais. Basicamente, eles constituem uma resposta à ansiedade e à insegurança acumuladas no nosso inconsciente sendo, a este nível, valorizados como “ameaça” inerente à implementação dessa alteração de paradigma.

Mas compreender, aceitar e contribuir para essa necessidade de mudança, reduzirá naturalmente todas estas tensões. À medida que entendermos que esta sociedade não pode continuar por muito mais tempo no caminho até aqui seguido e que este crescimento económico não é sustentável (não existem dois planetas Terra em termos de recursos naturais), será contribuir, de forma não radical, para essa alteração de Paradigma. E quanto mais depressa compreendermos isso melhor, nomeadamente os futuros decisores políticos, que vão ter uma responsabilidade acrescida em todo este processo de mudança e no trilhar dos novos caminhos e redefinir novos horizontes para a Humanidade. A título de exemplo e de preocupação numa das primeiras instâncias, não haverá trabalho da forma clássica como actualmente o entendemos para todos, pois a opção pela tributação das máquinas e não só, pode dar a sustentabilidade e resposta para a implementação do RBI / RBU (Rendimento Básico Incondicional / Universal) e ser uma solução para os problemas da actual situação crítica nos mais vários países. O Sindicalismo, conforme o concebemos e que teve uma importância fundamental no passado na revindicação de melhores salários e condições de trabalho, nesta transição para este novo Paradigma, também ele será confrontado com uma nova realidade que foge completamente à sua génese e que tornará a sua existência extremamente difícil. Os partidos políticos que até aqui se posicionaram compartimentados cartesianamente, entre Direita e Esquerda, com as verdades clássicas de mais Estado ou menos Estado, tenderam a definir-se por Conservadores e Progressistas e por ai fora… Dentro de 10 anos a sociedade conforme a vemos actualmente, será um reflexo pálido daquilo que alguma vez a Humanidade podia ter perspectivado. Será o maior “salto quântico” da história da Humanidade e por isso, não podemos continuar a cair no cúmulo do erro – que é aplicar sistematicamente as mesmas fórmulas à espera de resultados diferentes. Disse “Agostinho da Silva – Não peças não perguntes, inventa o Mundo”. A isto eu acrescento que: só o Impossível é Possível, pois o Impossível é o Possível não tentado.

 

por Vítor Navalho
Psicólogo
Presidente da GRACI – Grémio das Artes e Ciência