A Kátia e o Daniel têm em casa tudo o que precisam para imitar os clássicos

A Kátia e o Daniel têm em casa tudo o que precisam para imitar os clássicos


Com a impossibilidade de sair casa, Kátia e Daniel tiveram de pensar numa alternativa para se distraírem. Foi desta vontade de criarem algo para se entreter que criaram DK Scene, uma página no Instagram onde postam diariamente reproduções de cenas ou cartazes épicos de filmes e séries, utilizando como recursos e adereços materiais que tinham…


O que acontece quando trancamos um casal de atores criativos – e sem filhos! – em casa? Não podemos responder por todos os casais de atores do mundo, mas a Kátia Guedes e o Daniel Pinheiro encontraram a solução para acabar com o tédio em sua casa. Juntos, criaram uma página de Instagram com o nome DK Scene onde, através da fotografia, recriam cenas de filmes e séries.

“Começámos este projeto porque estava cansada de estar em casa sem nada para fazer”, explicou a atriz de 29 anos ao i. “Disse ao Daniel que devíamos fazer alguma coisa e sugeri fazermos cenas de filmes em vídeo. Ele disse que podia filmar-me mas, como não temos câmara, não ia ter grande qualidade. Portanto, sugeriu reproduzirmos em foto cenas mais conhecidas do cinema. Gostei da ideia e começámos assim”, conta. A primeira publicação na página, uma recriação do icónico poster de Pulp Fiction onde se via Mia Wallace deitada numa cama com um revólver e a fumar um cigarro, foi “para o ar” no dia 17 de março.

O processo de seleção das cenas nem sempre passa pela ligação emocional do casal ao objeto artístico e, muitas vezes, as ideias surgem de sugestões de fãs. “Às vezes fazemos fotografias de séries que nunca vimos, mas fazemos porque as pessoas nos pediram ou porque achámos interessante”, explica Daniel, de 32 anos. “Por exemplo, aquela série dos vampiros… o Vampire Diaries: nunca vi nenhum episódio nem sei do que trata a trama, mas foi uma rapariga que nos pediu e decidimos reproduzir. Séries sobre vampiros é algo que não costumamos consumir”, assume, entre risos.

Por muito que gostassem de conseguir responder a todos os pedidos dos seus seguidores, o casal tem de descartar frequentemente algumas sugestões porque não possuem os adereços ou porque são cenas que se passam no exterior. “Há pouco tempo enviaram-nos uma proposta para imitarmos The Crown mas, não tendo uma coroa aqui, é muito difícil conseguir reproduzir”, diz Kátia. “Era muito chato cortarmos a imagem para não se ver a coroa, deixava de fazer sentido reproduzir aquela fotografia”.

Contudo, por vezes, com algum engenho, conseguem dar a volta à situação. “Nem sempre é possível fazer algumas coisas. Claro que as pessoas não pedem por mal, mas não calculam o que é preciso para tirar a fotografia”, confessou o ator que, desde que começou a quarentena, já “desempenhou” uma fornada de ecléticos papeis como Variações, Wolverine, Lincoln ou Neo.

“Pode até nem ser algo do outro mundo, mas quando fizemos a do Walking Dead, onde o Rick Grimes estava no meio do mato, tivemos de usar um cobertor verde para fazer de fundo e foi impossível fazer as folhas e as árvores. Todas as cenas de exterior são muito difíceis porque trabalhamos em casa e com o que temos em casa”.

Quando o i questionou os atores sobre quais os objetos de que mais sentiam falta nestas sessões, a resposta foi unânime: um temporizador. “Sempre que temos de tirar uma fotografia juntos, é uma parvoíce”, conta, entre risos, Kátia. “Só temos dez segundos para sair de trás do telemóvel e para nos metermos na posição, e nunca corre bem. Quando saímos de trás do telemóvel já gastámos quatro segundos e, depois, ainda temos de nos pôr em posição, fazer a expressão, temos de pôr a mão aqui, a mão ali, depois está um dedo onde não devia… É terrível”, admite. “Há umas que são mais fáceis que outras”, relembrou Daniel. “Recordo-me de que a primeira fotografia que fizemos a dois foi a do Friends e foi horrível”, diz, referindo-se a uma cena em que se podem ver Chandler e Monica deitados juntos numa cama.

“Saía de frente da câmara, tinha de entrar na cama, deitar-me ao lado da Kátia com uma expressão a olhar para um determinado local. Esquecia-me muitas vezes da expressão ou para onde deveria olhar”.

Quanto aos projetos que ainda gostavam de fazer, a imaginação não tem limites. Só que a falta de recursos leva os atores a colocarem um ponto de interrogação na sua criação. “Adorávamos fazer o Joker e, apesar de não termos pasta branca, ainda vamos conseguir. Já fizemos imensas experiências com farinha, com creme, com tudo e mais alguma coisa, e acredito que vamos conseguir encontrar uma fórmula mágica para conseguir o resultado”, garante a atriz. “Também gostávamos de fazer cenas icónicas, mesmo que não sejamos fãs. Por exemplo, eu não sou um amante de Star Wars mas, sinceramente, adorava fazer uma cena emblemática”, diz, por sua vez, o ator. “Já ponderámos fazer a Princesa Leia sozinha, mas era fixe termos o Obi-Wan Kenobi e o Darth Vader. É complicado sem sabres de luz, sem mantos brancos ou sem a máscara”, explica.

Para já, ainda não obtiveram retorno profissional com este projeto e, numa altura tão difícil para o setor, também eles são vítimas da falta de propostas. Contudo, não põem a hipótese de pôr um ponto final nesta odisseia que lhes dá tanto gosto. “Temos muitas coisas na manga para fazer, mas ou falta uma coroa ou um anel, coisas que genuinamente não temos”, aponta o ator, que é interrompido por Kátia, que lhe relembra que “a essência deste projeto é essa”. “Queremos mostrar o que conseguimos fazer fechados em casa, sem sair para comprar rigorosamente nada. Tentamos sempre resolver da melhor forma os nossos problemas e acho que isso transparece na fotografia”, considera. “Pelo menos queremos que se perceba o esforço e a tentativa de ficar o mais parecido possível em tudo”.