A digitalização na Saúde, chegou a hora certa


O mundo fechou-se durante os últimos 50 dias. O único setor que se manteve interruptamente aberto foi o da Saúde.


Em todos os continentes, foi posto à prova este setor transversal a qualquer geração. Independentemente da forma de rearranjo estratégico, mais liberal ou menos, mais pró-iniciativa privada ou meramente pró-Estado, os três vértices de suporte ao setor da Saúde (1. Modelo de gestão político, 2. Económico e modelo de financiamento e 3. Assistência médica) de quase 190 países foram sujeitos a avaliação em tempo real.

Alguns sistemas de saúde entraram em colapso. Outros, presos por arames, demonstraram fragilidades inadiáveis de recompor. Salvo raras exceções, ninguém passa com avaliação positiva no teste “Saúde vs. Covid-19”.

Há que refletir sobre a Saúde que aí vem. Sobre o que fica. Sobre as lacunas que o mundo observou a olho nu desde casa.

Sabemos que os gastos em Saúde estão a aumentar a um ritmo insustentável de há décadas a esta parte. Antes da crise pandémica, os prestadores de cuidados de saúde enfrentavam uma enorme pressão para oferecer melhores serviços e atendimento com muito menos recursos. Paralelamente, assistimos a um envelhecimento da população e um avolumar de doentes crónicos de várias patologias.

Estas tendências, entre outras, direcionam-nos a todos para um caminho mais responsável e estruturado na necessidade de repensar como os cuidados de saúde serão prestados ao doente.

Repensar aquilo que hoje é fragmentado e focado no volume. Repensar como existem níveis injustificados de variabilidade de oferta, desperdício e eficiência que apresentam sucessivamente um desempenho inferior aos seus respetivos parâmetros clínicos desejáveis e, também, aos valores de referência dos estudos de benchmarking.

Vejamos que outras indústrias, como a música e o setor bancário, já adotaram inovações digitais e reformularam radicalmente suas operações para atender a necessidades semelhantes. E, nesse mesmo processo evolutivo, criaram maior qualidade e experiências mais personalizadas ao cliente.

Chegou a hora do setor da Saúde se tornar mais digital que nunca. Não sabemos se a crise pandémica acelerou o processo, mas há algo que sabemos: é agora.

Sim, evidentemente, hoje será melhor aceite pela sociedade em virtude das muitas horas de teletrabalho, de videoconferências, de trabalhos à distância e de até simples conferências vídeo para a família.

No futuro que há algum tempo prevíamos (que hoje é mais próximo do que era há 50 dias), à medida que a integração do “mundo digital” acelerar na Saúde, o diagnóstico será mais rápido e preciso, e a terapia personalizada ficará disponível para todos os pacientes. As equipas clínicas multidisciplinares serão fundamentalmente alteradas, construídas em torno do doente.

A digitalização, que até hoje se preparava e que amanhã tem de vir a jogo, irá ajudar os doentes a se envolverem na gestão da “sua saúde” com base em suas expectativas como consumidores informados.

Os prestadores de cuidados de saúde de sucesso adaptarão a sua abordagem e, sem dúvida expectável, irão ser os primeiros a acolher a tendência de escolha do doente enquanto consumidor. Será um “win-win” entre prestador e doente.

Os serviços de saúde serão digitais, sim, e serão bem melhores para todos. Desde o famoso “big data” até às tecnologias digitais que irão revolucionar a nossa compreensão e tratamento de doenças.

Será tudo muito rápido. Como sempre foi.

Basta vermos que em 1997 falava a Ericsson de “smartphone” pela primeira vez, que só em 2007 surgia o primeiro iPhone e que hoje, 13 anos depois apenas, já decorre um estudo de uma Indústria Farmacêutica, em parceria com a Apple, para descobrir se o iWatch pode reduzir o risco de AVC. Isto, sim, também demonstra a evolução da prestação de cuidados de saúde e a velocidade relâmpago a que tudo muda numa década.

A era digital, que o setor da saúde precisa, virá capacitar o doente em paralelo com a sua própria equipa clínica multidisciplinar com insights de cada um, com os seus comportamentos determinados pelo ambiente, o estilo de vida, o histórico ou uma combinação de tudo. Deixamos a exclusividade ao consultório médico e abrimos um mundo de oportunidade de integrar tudo, segundo a segundo.

Entra aqui a Telemonitorização, a telemedicina e a teleHealth. Hoje pode ser estranho mas como dizia Fernando Pessoa em 1920, e garanto que o setor da Saúde tirará dúvidas, “Primeiro estranha-se, depois entranha-se”.

A evolução evidente de aplicações móveis para ajudar as pessoas a gerir a sua própria saúde promete (há algum tempo) a mudança real que os estudos apontam na vida de milhões de pessoas. Até 2018, já 1.7 mil milhões de pessoas em todo o mundo usavam aplicações para auxílio comportamental e na decisão diária, de acordo com um relatório da Deloitte.

É discutível se as pessoas envolvidas nos seus próprios cuidados de saúde têm melhores resultados, porém, é factual já hoje que essas aplicações oferecem uma oportunidade para identificarem problemas no seu estado inicial. E aqui, sem dúvida, há benefício evidente.

Um relatório recente da McKinsey afirma que estas soluções em aplicações móveis podem ser especialmente úteis para doentes crónicos. De acordo com esse estudo, suportado academicamente e cientificamente, 48% das pessoas portadoras de doença crónica preferiram uma abordagem online de acompanhamento de saúde em detrimento da comum visita presencial (28%) ou de uma chamada telefónica (18%). O online já ganhou onde interessa: em quem está efetivamente doente.

Embora o estudo da McKinsey evidencia que há diferentes gamas de smartphone, e diferenças entre o download de aplicações gratuitas e pagas mas, esse mesmo estudo encontra pouca diferença entre Boomers e Millennials no uso de serviços de marcação online, por exemplo. E, grande parte do “amanhã” é por aí. Pago ou não pago, a vontade é comum e evidente.

Vamos a variabilidade: A Fitbit wearable, apple Watch, Strava ou Omada Health, e tantos outros… Todos têm rastreamento, controlo de sono, peso e muito mais funcionalidades evidentemente úteis. As mesmas funções medem uma enormidade de possibilidades desde passeios a corridas de bicicleta, comparam os resultados com outros utilizadores e aproveitam os princípios da ciência comportamental em torno do papel da colaboração e da concorrência na mudança de comportamento. O passo seguinte é vermos em breve os dados científicos em como essas aplicações demonstram reduzir, por exemplo, o risco de diabetes em X%. É a coligação que falta.

A evolução das aplicações móveis altera substancialmente o status quo da medicina. Os doentes com conhecimento podem agir de forma diferente e consciente. Quando os doentes estão informados e proativos, os médicos podem ser também e meramente “guias na selva” de informações sobre cuidados de saúde.

Ao mesmo tempo, os prestadores de cuidados de saúde estão a ser impulsionados pelo aparecimento abrupto de startups digitais no setor da saúde. Os Hospitais ainda mantêm a grande maioria dos dados, adquiridos via registo informático em sistemas de saúde, necessários para que os doentes compreendam verdadeiramente o estado de saúde que vivem e melhorias. Porém, a maioria destes sistemas de saúde ainda opera com dados fragmentados. Divididos sem integração e sem complemento entre toda a universalidade de ferramentas que há. Falta este passo.

Anos sucessivos de vários esforços de integração digital, caros e mal sucedidos, fizeram surgir muitos céticos em relação às possibilidades reais das tecnologias digitais de saúde, incluindo aplicativos móveis.

Registos informáticos de saúde foram acrescentados às muitas tarefas e trabalho dos médicos, porém, continua a faltar formação e ainda há muita perda de tempo a inserir dados (por vezes duplicados) em registos informáticos que não estão integrados e acessíveis universalmente. Que interessa ter dados no Algarve se estiver no norte de Portugal e não forem possíveis de aceder ou monitorizar?

Os dados de saúde gerados pelo doente (ou utente) podem ser valiosos por fornecer uma “fotografia” mais ampla do estado de saúde e hábitos do indivíduo entre as visitas ao consultório. Mas os meios para fazer upload desses dados em registo informático de saúde e integrá-los aos dados clínicos são limitados. A conclusão é esta e este deve ser o ponto de partida para quem só toma noção da realidade agora.

Hoje há mais fontes de informação sobre o doente que nunca. Este facto oferece desafios, mas também cria várias oportunidades.

Para não parecer tudo futurístico, há uma oportunidade já comummente usada: O uso de registos informáticos de saúde para identificar quais as lacunas no atendimento: Saber que doentes faltam a exames anuais ou não levantam a medicação de entrega hospitalar. Manter os doentes com a terapêutica e acompanhamento médico correto é uma clara evidência ao nível de custos mas, sobretudo, por ser benéfico para a própria saúde do doente.

Uma desafio que rapidamente se está a converter em oportunidade visa o processamento de dados como fonte estatística de prever, assente em probabilidade, uma hospitalização. Há a vantagem desta abordagem melhorar os resultados de saúde como intervir antes que a condição do doente se deteriore ao ponto de um necessário internamento em que dispara o custo.

O binómio custo-tratamento não deve ser um «elefante na sala». É evidente que a melhor gestão ao nível de custos na saúde não é para poupança e não tratamento. A melhor gestão permite acumular para mais e outros tratamentos e terapêuticas.

A cegueira ideológica em torno da saúde nunca trouxe curas medicinais. 

O desafio de todos esses dados anteriores (registos, aplicações e experiências) é como entendê-los. É aí que a inteligência artificial (IA) abre possibilidades surpreendentes. Existem muitos dados a serem utilizados como os registos do histórico médico do doente, dados de tratamento e, ultimamente, informações provenientes de sensores. Essa enorme quantidade de dados pode ser analisada em detalhes, não apenas para fornecer informação aos doentes que desejam ser proativos com melhores sugestões sobre estilo de vida, mas também pode servir os serviços de saúde com informações instrutivas sobre como projetar os sistemas de amanhã com base nas necessidades e hábitos.

Faz hoje, dia 30 de abril, 27 anos. A 30 de abril de 1993, o CERN colocou o software da World Wide Web em domínio público. Nascia para o público a criação de 1989, a web, que foi originalmente concebida e desenvolvida para partilha de informações entre cientistas de universidades e institutos em todo o mundo.

Hoje, a 30 de abril de 2020, devemos pensar mais que nunca no potencial de melhoria e evolução que a partilha de informação, tecnologia e experiências podem dar ao nosso mundo e como podem servir de pilar vital para o setor da Saúde.

Sim, é a hora. Mais que nunca, chegou a data de se dar prioridade à digitalização na saúde.


A digitalização na Saúde, chegou a hora certa


O mundo fechou-se durante os últimos 50 dias. O único setor que se manteve interruptamente aberto foi o da Saúde.


Em todos os continentes, foi posto à prova este setor transversal a qualquer geração. Independentemente da forma de rearranjo estratégico, mais liberal ou menos, mais pró-iniciativa privada ou meramente pró-Estado, os três vértices de suporte ao setor da Saúde (1. Modelo de gestão político, 2. Económico e modelo de financiamento e 3. Assistência médica) de quase 190 países foram sujeitos a avaliação em tempo real.

Alguns sistemas de saúde entraram em colapso. Outros, presos por arames, demonstraram fragilidades inadiáveis de recompor. Salvo raras exceções, ninguém passa com avaliação positiva no teste “Saúde vs. Covid-19”.

Há que refletir sobre a Saúde que aí vem. Sobre o que fica. Sobre as lacunas que o mundo observou a olho nu desde casa.

Sabemos que os gastos em Saúde estão a aumentar a um ritmo insustentável de há décadas a esta parte. Antes da crise pandémica, os prestadores de cuidados de saúde enfrentavam uma enorme pressão para oferecer melhores serviços e atendimento com muito menos recursos. Paralelamente, assistimos a um envelhecimento da população e um avolumar de doentes crónicos de várias patologias.

Estas tendências, entre outras, direcionam-nos a todos para um caminho mais responsável e estruturado na necessidade de repensar como os cuidados de saúde serão prestados ao doente.

Repensar aquilo que hoje é fragmentado e focado no volume. Repensar como existem níveis injustificados de variabilidade de oferta, desperdício e eficiência que apresentam sucessivamente um desempenho inferior aos seus respetivos parâmetros clínicos desejáveis e, também, aos valores de referência dos estudos de benchmarking.

Vejamos que outras indústrias, como a música e o setor bancário, já adotaram inovações digitais e reformularam radicalmente suas operações para atender a necessidades semelhantes. E, nesse mesmo processo evolutivo, criaram maior qualidade e experiências mais personalizadas ao cliente.

Chegou a hora do setor da Saúde se tornar mais digital que nunca. Não sabemos se a crise pandémica acelerou o processo, mas há algo que sabemos: é agora.

Sim, evidentemente, hoje será melhor aceite pela sociedade em virtude das muitas horas de teletrabalho, de videoconferências, de trabalhos à distância e de até simples conferências vídeo para a família.

No futuro que há algum tempo prevíamos (que hoje é mais próximo do que era há 50 dias), à medida que a integração do “mundo digital” acelerar na Saúde, o diagnóstico será mais rápido e preciso, e a terapia personalizada ficará disponível para todos os pacientes. As equipas clínicas multidisciplinares serão fundamentalmente alteradas, construídas em torno do doente.

A digitalização, que até hoje se preparava e que amanhã tem de vir a jogo, irá ajudar os doentes a se envolverem na gestão da “sua saúde” com base em suas expectativas como consumidores informados.

Os prestadores de cuidados de saúde de sucesso adaptarão a sua abordagem e, sem dúvida expectável, irão ser os primeiros a acolher a tendência de escolha do doente enquanto consumidor. Será um “win-win” entre prestador e doente.

Os serviços de saúde serão digitais, sim, e serão bem melhores para todos. Desde o famoso “big data” até às tecnologias digitais que irão revolucionar a nossa compreensão e tratamento de doenças.

Será tudo muito rápido. Como sempre foi.

Basta vermos que em 1997 falava a Ericsson de “smartphone” pela primeira vez, que só em 2007 surgia o primeiro iPhone e que hoje, 13 anos depois apenas, já decorre um estudo de uma Indústria Farmacêutica, em parceria com a Apple, para descobrir se o iWatch pode reduzir o risco de AVC. Isto, sim, também demonstra a evolução da prestação de cuidados de saúde e a velocidade relâmpago a que tudo muda numa década.

A era digital, que o setor da saúde precisa, virá capacitar o doente em paralelo com a sua própria equipa clínica multidisciplinar com insights de cada um, com os seus comportamentos determinados pelo ambiente, o estilo de vida, o histórico ou uma combinação de tudo. Deixamos a exclusividade ao consultório médico e abrimos um mundo de oportunidade de integrar tudo, segundo a segundo.

Entra aqui a Telemonitorização, a telemedicina e a teleHealth. Hoje pode ser estranho mas como dizia Fernando Pessoa em 1920, e garanto que o setor da Saúde tirará dúvidas, “Primeiro estranha-se, depois entranha-se”.

A evolução evidente de aplicações móveis para ajudar as pessoas a gerir a sua própria saúde promete (há algum tempo) a mudança real que os estudos apontam na vida de milhões de pessoas. Até 2018, já 1.7 mil milhões de pessoas em todo o mundo usavam aplicações para auxílio comportamental e na decisão diária, de acordo com um relatório da Deloitte.

É discutível se as pessoas envolvidas nos seus próprios cuidados de saúde têm melhores resultados, porém, é factual já hoje que essas aplicações oferecem uma oportunidade para identificarem problemas no seu estado inicial. E aqui, sem dúvida, há benefício evidente.

Um relatório recente da McKinsey afirma que estas soluções em aplicações móveis podem ser especialmente úteis para doentes crónicos. De acordo com esse estudo, suportado academicamente e cientificamente, 48% das pessoas portadoras de doença crónica preferiram uma abordagem online de acompanhamento de saúde em detrimento da comum visita presencial (28%) ou de uma chamada telefónica (18%). O online já ganhou onde interessa: em quem está efetivamente doente.

Embora o estudo da McKinsey evidencia que há diferentes gamas de smartphone, e diferenças entre o download de aplicações gratuitas e pagas mas, esse mesmo estudo encontra pouca diferença entre Boomers e Millennials no uso de serviços de marcação online, por exemplo. E, grande parte do “amanhã” é por aí. Pago ou não pago, a vontade é comum e evidente.

Vamos a variabilidade: A Fitbit wearable, apple Watch, Strava ou Omada Health, e tantos outros… Todos têm rastreamento, controlo de sono, peso e muito mais funcionalidades evidentemente úteis. As mesmas funções medem uma enormidade de possibilidades desde passeios a corridas de bicicleta, comparam os resultados com outros utilizadores e aproveitam os princípios da ciência comportamental em torno do papel da colaboração e da concorrência na mudança de comportamento. O passo seguinte é vermos em breve os dados científicos em como essas aplicações demonstram reduzir, por exemplo, o risco de diabetes em X%. É a coligação que falta.

A evolução das aplicações móveis altera substancialmente o status quo da medicina. Os doentes com conhecimento podem agir de forma diferente e consciente. Quando os doentes estão informados e proativos, os médicos podem ser também e meramente “guias na selva” de informações sobre cuidados de saúde.

Ao mesmo tempo, os prestadores de cuidados de saúde estão a ser impulsionados pelo aparecimento abrupto de startups digitais no setor da saúde. Os Hospitais ainda mantêm a grande maioria dos dados, adquiridos via registo informático em sistemas de saúde, necessários para que os doentes compreendam verdadeiramente o estado de saúde que vivem e melhorias. Porém, a maioria destes sistemas de saúde ainda opera com dados fragmentados. Divididos sem integração e sem complemento entre toda a universalidade de ferramentas que há. Falta este passo.

Anos sucessivos de vários esforços de integração digital, caros e mal sucedidos, fizeram surgir muitos céticos em relação às possibilidades reais das tecnologias digitais de saúde, incluindo aplicativos móveis.

Registos informáticos de saúde foram acrescentados às muitas tarefas e trabalho dos médicos, porém, continua a faltar formação e ainda há muita perda de tempo a inserir dados (por vezes duplicados) em registos informáticos que não estão integrados e acessíveis universalmente. Que interessa ter dados no Algarve se estiver no norte de Portugal e não forem possíveis de aceder ou monitorizar?

Os dados de saúde gerados pelo doente (ou utente) podem ser valiosos por fornecer uma “fotografia” mais ampla do estado de saúde e hábitos do indivíduo entre as visitas ao consultório. Mas os meios para fazer upload desses dados em registo informático de saúde e integrá-los aos dados clínicos são limitados. A conclusão é esta e este deve ser o ponto de partida para quem só toma noção da realidade agora.

Hoje há mais fontes de informação sobre o doente que nunca. Este facto oferece desafios, mas também cria várias oportunidades.

Para não parecer tudo futurístico, há uma oportunidade já comummente usada: O uso de registos informáticos de saúde para identificar quais as lacunas no atendimento: Saber que doentes faltam a exames anuais ou não levantam a medicação de entrega hospitalar. Manter os doentes com a terapêutica e acompanhamento médico correto é uma clara evidência ao nível de custos mas, sobretudo, por ser benéfico para a própria saúde do doente.

Uma desafio que rapidamente se está a converter em oportunidade visa o processamento de dados como fonte estatística de prever, assente em probabilidade, uma hospitalização. Há a vantagem desta abordagem melhorar os resultados de saúde como intervir antes que a condição do doente se deteriore ao ponto de um necessário internamento em que dispara o custo.

O binómio custo-tratamento não deve ser um «elefante na sala». É evidente que a melhor gestão ao nível de custos na saúde não é para poupança e não tratamento. A melhor gestão permite acumular para mais e outros tratamentos e terapêuticas.

A cegueira ideológica em torno da saúde nunca trouxe curas medicinais. 

O desafio de todos esses dados anteriores (registos, aplicações e experiências) é como entendê-los. É aí que a inteligência artificial (IA) abre possibilidades surpreendentes. Existem muitos dados a serem utilizados como os registos do histórico médico do doente, dados de tratamento e, ultimamente, informações provenientes de sensores. Essa enorme quantidade de dados pode ser analisada em detalhes, não apenas para fornecer informação aos doentes que desejam ser proativos com melhores sugestões sobre estilo de vida, mas também pode servir os serviços de saúde com informações instrutivas sobre como projetar os sistemas de amanhã com base nas necessidades e hábitos.

Faz hoje, dia 30 de abril, 27 anos. A 30 de abril de 1993, o CERN colocou o software da World Wide Web em domínio público. Nascia para o público a criação de 1989, a web, que foi originalmente concebida e desenvolvida para partilha de informações entre cientistas de universidades e institutos em todo o mundo.

Hoje, a 30 de abril de 2020, devemos pensar mais que nunca no potencial de melhoria e evolução que a partilha de informação, tecnologia e experiências podem dar ao nosso mundo e como podem servir de pilar vital para o setor da Saúde.

Sim, é a hora. Mais que nunca, chegou a data de se dar prioridade à digitalização na saúde.