Não, este não é um texto sobre a comemoração do 25 de Abril na Assembleia da República. Não vivemos tempos de tricas e minudências. É antes hora de pensarmos no amanhã, de nos focarmos numa economia despedaça a nível internacional e ameaçada de morte a nível interno. Mas é também tempo de Abril, tempo da Liberdade sem donos – Liberdade que para um liberal como eu é o valor máximo que deve nortear toda e qualquer decisão política.
Talvez por isso, fique legitimamente assustado quando responsáveis políticos – do governo e da oposição – querem responder a uma crise com tecnologia que nos irá espiar (ainda mais) através dos nossos telemóveis. Quando “especialistas” querem continuar a impor limites às escolhas individuais de cada cidadão e até à própria iniciativa privada. Tudo sobre a égide de um securitarismo que não duvido que seja bem-intencionado, mas que na política nunca deveria ser um princípio, nem o último dos fins.
Na nossa cultura, a ideia de liberdade é muito conotada com algo eminentemente político. No entanto, na cultura anglo-saxónica fala-se muito, por exemplo, da “liberdade financeira”. Ou seja, de alguém que através do seu trabalho consegue acumular bens e capitais suficientes para levar uma vida financeiramente tranquila até à morte. Hoje, em virtude da crise que vivemos e principalmente das restrições que os empresários enfrentam, até essa liberdade está ameaçada. Quer queiramos quer não, travar a economia – mesmo em nome de um valor maior como a saúde – é travar também o elevador social. Por cada empresa que fechar, por cada empresário que falir, por cada desempregado que aparecer, diminuiremos também nós, enquanto povo, a possibilidade de termos um país mais rico, evoluído e meritocrático – em suma, mais justo.
Já foi hora de confinar, mas agora é hora de agir. É hora de voltar a abrir. Mas é hora também de termos cautela e de protegermos os mais vulneráveis. No entanto, nunca e em tempo algum, poderemos deixar que a nossa liberdade individual e económica seja posta em causa. Porque se o Estado o fizer uma vez, não tenho dúvidas que se irá aproveitar disto para o fazer para sempre. Esteja quem estiver no poder.