25 de Abril. Cravos a sair do ecrã

25 de Abril. Cravos a sair do ecrã


O 46.º aniversário do “dia inicial inteiro e limpo” ficará para a História. A liberdade fica em casa, a festa faz-se nos ecrãs. Da música aos documentários, ofertas não faltam.


De Lisboa, chegam Branko e Dino d’santiago.

No 46.º aniversário do 25 de Abril, a Avenida ficará vazia. A Câmara de Lisboa veio ontem lembrar que a liberdade fica em casa, mas não se celebrará sozinha. A tarefa de unir as vozes caberá a Branko e Dino D’Santiago. A transmissão será também realizada em direto nas redes sociais da Câmara Municipal de Lisboa e tem início às 14h30 de amanhã. Depois, já desde o meio do mês que a Associação 25 de Abril e o município (à semelhança de outras autarquias do país) vêm semeando a ideia de pôr o povo à janela a cantar Grândola, Vila Morena. Jerónimo de Sousa gravou até um vídeo a apelar à participação dos portugueses neste que talvez possa vir a ser um maiores coros alguma vez ouvidos por cá. A hora para dar voz à liberdade? 15h00.

Tributo a Zeca Afonso 

O Centro de Teatro da Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto vai apresentar o web-espetáculo de teatro Olhar fraterno – Tributo a Zeca Afonso, para o qual 40 atores ensaiaram por teleconferência. O ponto de encontro é a página do Facebook do centro, amanhã às 21h30.

Abril no Bairro

Uma festa com oito artistas e oito canções para celebrar a liberdade. É esta a pedra basilar do evento criado pela agência Bairro da Música, que juntou assim oito músicos para cantar Abril a partir de suas casas. Blind Zero, Joana Alegre, Jorge Palma, Pedro Moutinho, Rui David, The Happy Mess, Vicente Palma e Zeca Medeiros são os artistas que, entre hoje e amanha, vão dar a voz aos cravos – as atuações serão transmitidas nas contas oficiais de cada um dos artistas das 21h30 às 22h15, entre hoje e amanha. “Tendo como ponto de partida o tema da liberdade, cada artista/grupo vai partilhar uma canção que preparou especialmente para esta data”, promete o Bairro da Música. “Embora não possam estar em palco com o seu público, é grande a vontade de assinalar esta data tão importante e queremos fazê-lo, como sempre, através da música”. 

Há Revolução na Montanha

O abril do Teatro Viriato recupera, em tempos de pandemia, a memória de 1974 com uma série de momentos que se espraiam até domingo. A programação inicia-se hoje, com a Senha e Contrassenha poéticas dadas por Aldina Duarte e Jorge Silva Melo. Amanhã, o SubPalco – o novo palco virtual do teatro – é tomado pelo parceiro Teatro do Vestido, com a estreia de “E naquele dia saímos para uma cidade lavada e livre”, espetáculo que simultaneamente chegará à rádio e às linhas telefónicas do Consultório Revolucionário. O melhor é mesmo estar atento à página do teatro.

As Ondas de Abril 

Sábado, às 14h30, na RTP1

Um olhar sobre a Revolução de Abril a partir de fora, neste filme que nos mostra como uma equipa de jornalistas estrangeiros encontrou Portugal nas vésperas do dia 25, dando-se conta de que algo estaria prestes a eclodir. Em abril de 1974, dois jornalistas de uma rádio suíça chegam a Portugal para fazer uma reportagem sobre a ajuda a um país “subdesenvolvido, mas simpático”. Vagueiam pela província portuguesa quando, subitamente, irrompe a Revolução dos Cravos.

Paulo de Carvalho. 

O músico junta-se às comemorações com três concertos gravados para três autarquias, que o contrataram já em plena pandemia. Os espetáculos serão transmitidos online e foram encomendados pelas câmaras da Marinha Grande, Oeiras e Amadora.

Retratos de Abril

Sábado, às  23h45, na RTP1 

Com apresentação de Sílvia Alberto e Júlio Isidro, uma homenagem aos fotógrafos que viveram a revolução nas ruas e registaram imagens do dia que mudou Portugal. Pelo palco do Coliseu dos Recreios, entre música e poesia, passam imagens, vídeos e fotos que retratam a história do nosso país.

As Armas e o Povo de Glauber Rocha/Coletivo de Trabalhadores da Atividade Cinematográfica

Sábado, às 22h00, na RTP1

Chega à televisão, pela primeira vez, este incontornável documentário militante sobre a revolução portuguesa. Rodado durante a semana entre o 25 de Abril e o 1.º de Maio de 1974, junta as grandes movimentações de massas aos discursos de Mário Soares e Álvaro Cunhal e a libertação dos presos políticos às entrevistas de rua, conduzidas pelo cineasta brasileiro Glauber Rocha. As Armas e o Povo é também um manifesto sobre a relação entre a política e o cinema, não apenas como mero difusor dos acontecimentos, mas sobretudo como participante ativo no ato revolucionário.

Brandos costumes 

Domingo, às 0h15, na RTP2

O filme que revelou o cineasta português Alberto Seixas Santos, em que o cinema surge como um ponto de vista da História e da intimidade de uma família portuguesa da média burguesia, alternando-a com atualidades sobre a ascensão, glória e queda do salazarismo, num paralelismo entre a figura do chefe de família tradicional e o ditador. Os conflitos e as frustrações das filhas, que representam duas gerações, são apresentados de forma didática nas suas relações com os pais, a avó e a criada. Tudo isto é articulado com quadros musicais onde, no limite, a história de uma família e a história de um país se confrontam, complementam e confundem.