O endividamento da economia portuguesa – que inclui Estado, empresas e famílias – aumentou 3,4 mil milhões de euros nos dois primeiros meses de 2020, segundo os dados do Banco de Portugal (BdP). Feitas as contas, a dívida do país passou dos 720,3 mil milhões de euros para os 723,7 mil milhões, em final de fevereiro deste ano, o que significa o valor mais elevado desde setembro de 2019.
O relatório do BdP acrescenta que “o endividamento do setor não financeiro aumentou 3,4 mil milhões de euros”, um aumento que se deveu “ao acréscimo de 3,3 mil milhões de euros no endividamento do setor público e de 0,1 mil milhões de euros no endividamento do setor privado”.
Já quanto ao acréscimo do endividamento do setor público, o BdP indica que o mesmo “reflete um aumento face a todos os setores, com destaque para o financiamento do exterior (2,7 mil milhões de euros) e junto de particulares (0,4 mil milhões de euros).
Segundo os analistas, o aumento do endividamento no setor público deveu-se sobretudo à concentração de emissões de dívida pública no início do ano, depois de o IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública ter emitido mais de mil milhões de euros de obrigações do Tesouro e, a 19 de fevereiro, ter emitido mais 1,25 mil milhões de euros em bilhetes do Tesouro.
No setor privado, o endividamento dos particulares face ao setor financeiro aumentou 0,2 mil milhões de euros, um acréscimo que foi compensado, em parte, pela diminuição do endividamento das empresas em 0,1 mil milhões de euros, sobretudo face ao setor financeiro.
dívida pública desceu Entretanto, o Eurostat divulgou que o “peso” da dívida pública portuguesa fechou 2019 a descer para 117,7% do produto interno bruto (PIB), o que representa uma queda de 4,3% face ao ano anterior (quando era de 122% do PIB). Para esta redução contribuiu o crescimento da economia, mas também o primeiro excedente orçamental da democracia portuguesa, fixado em 0,2% do PIB – Portugal foi um dos 16 Estados-membros da União Europeia (UE) a fecharem 2019 com um excedente no saldo das contas públicas; a zona euro e a UE registaram défices de 0,6% do PIB, segundo o Eurostat.
No conjunto da zona euro, o rácio da dívida pública portuguesa baixou 1,7% para os 84,1% do PIB em 2019. Portugal soma a terceira maior dívida pública da UE, apenas superado por Grécia (176,6%) e Itália (134,8%).
Recorde-se que as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) apontam para um aumento significativo do endividamento público em 2020, devido à pandemia. A despesa pública deve subir e o PIB contrair, devendo Portugal fechar o ano com uma dívida de 135% do PIB.