Comemorações.  “As pessoas lembrar-se-ão dessas mensagens contraditórias”

Comemorações. “As pessoas lembrar-se-ão dessas mensagens contraditórias”


Especialista alerta para perigo que mensagens contraditórias representam para o futuro.


O infeciologista António Diniz deixou ontem o alerta de que o modelo em que estão previstas as celebrações do 25 de Abril poderá vir a ser um problema a longo prazo. “As instituições, nomeadamente a Assembleia da República, não podem correr o risco de qualquer atitude sua ser entendida pelas pessoas como contraditória com o esforço que está a ser pedido”, explica ao i o coordenador do gabinete de crise da Ordem dos Médicos, sublinhando que a questão não se centra apenas no momento atual. “Passando isto, nós vamos ter que continuar a ter um conjunto de restrições”.

É a longo prazo que as repercussões deste modelo de celebração da data comemorativa podem surgir, tendo em conta que, segundo o especialista, uma segunda onda pode surgir “a qualquer altura” e medidas restritivas poderão ter que ser “reimplantadas”. “E, nessa altura, as pessoas lembrar-se-ão dessas mensagens contraditórias”, garante.

Em declarações ao i, o infeciologista explica que o seu “maior receio” se prende com a possibilidade de, havendo uma descredibilização do sistema causado por estas “mensagens contraditórias”, as pessoas não cumpram com as medidas impostas, ao contrário do que tem acontecido nesta 1.ª fase da pandemia em Portugal. 

“Não nos podemos esquecer que quando for o 25 de Abril nós ainda estaremos em estado de emergência”, alerta o especialista, sublinhando que “a data deve ser celebrada” e que “não é isso que está em causa”.

O infeciologista explica ainda que esta era uma “excelente oportunidade” de as instituições celebrarem a data comemorativa de uma forma diferente, algo que, na sua opinião, o atual regime de exceção exige. “Não teria sido possível uma pessoa fazer uma celebração exatamente com a mesma dignidade que têm tido as celebrações anteriores?”, questiona, acrescentando que o “25 de Abril não merece a clivagem que se está a verificar na sociedade” e que, do ponto de vista epedimiológico, poderá vir a ser “nefasta”, mesmo que criada “involuntariamente”.