Chuva não afasta situação “preocupante” nas barragens

Chuva não afasta situação “preocupante” nas barragens


Quercus tem recebido denúncias de casos graves de eutrofização, o crescimento excessivo de plantas aquáticas.


Depois de níveis muito preocupantes de seca em fevereiro, particularmente no Alentejo e no Algarve, a chuva das últimas semanas tem sido importante para aumentar de forma significativa a percentagem de água no solo nestas regiões. Ao contrário do que aconteceu há dois meses, já não há zonas do país em seca extrema. No entanto, as preocupações em torno das diferentes barragens no sul do país continuam, apesar da melhoria que se fez sentir durante o mês de março, com subidas do nível da água.

“A situação geral mantém-se preocupante. Das 59 albufeiras monitorizadas, 14 têm ainda disponibilidades inferiores a 40% do volume total, localizando-se a maioria no sudoeste alentejano e barlavento algarvio”, começou por dizer, ao i, Cláudia Sil, coordenadora do Grupo de Trabalho da Água da Quercus.

“No final de março, verificou-se uma diminuição da intensidade da seca meteorológica nas regiões a sul, mas com 16% do território em seca severa e mais de 25% em seca moderada. No total, mais de 54% do território nacional está em situação de seca. A redução de volume de água nas albufeiras aumenta a suscetibilidade à eutrofização e a Quercus tem recebido denúncias de casos graves de eutrofização, como é o caso da albufeira de Vale do Gaio, no município de Alcácer do Sal”, explicou, confessando que os valores atuais estão “longe” de ser motivo para não haver preocupações. 

“Assiste-se a um incremento de culturas intensivas e superintensivas no sul do país, a par do aquecimento global, aumentando assim a pressão sobre os recursos hídricos disponíveis”, revelou Cláudia Sil.

Francisco Ferreira, presidente da direção da Associação Zero, também disse ao i que a chuva que se tem feito sentir pode ajudar a equilibrar o nível de água nas barragens.  No entanto, pode não chegar. “Houve mais chuva no Alentejo e no Algarve, por isso acredito que terá mudado consideravelmente, entre finais de março e abril. Sei que está mais equilibrado nas barragens das bacias do Sado e Guadiana”, começou por dizer, realçando aquilo que deve ser feito tendo em conta o Plano Nacional de Barragens.

“Depois do período de seca que tivemos, deixou-se de falar de boas práticas e acho que isso não deve ser esquecido. O Plano Nacional de Barragens termina agora em 2020 e nunca teve expressão. Gostava que viesse a ter ou que continuasse a ser um elemento fundamental de gestão da água no nosso país”, rematou.