A 6ª edição do Festival A Porta, que se iria realizar entre 14 e 21 de junho, em Leiria, foi cancelada face à situação de pandemia declarada pela Organização Mundial de Saúde e no seguimento das medidas adoptadas pelo Governo de Portugal e pela Câmara Municipal de Leiria, no sentido de combater os efeitos do Covid-19.
Este evento acontece em diferentes espaços da cidade e, para além da música, promove envolver o público às mais diversas formas de arte, cultura, entretenimento, lazer, comércio e gastronomia.
No comunicado enviado pelo festival podemos ler a explicação que levou ao cancelamento da presente edição do festival. "Perante a situação de contingência em que vivemos e a incerteza da evolução da disseminação do coronavírus, entendemos que a segurança e saúde do público é a principal prioridade. De igual modo, as recentes medidas de combate ao Covid-19 levantam igualmente outros constrangimentos, como o encerramento de equipamentos e espaços de apresentação, bem como a necessidade imperativa de distanciamento social, antagónicas ao processo colectivo de celebração e ajuntamento de pessoas que caracteriza o Festival A Porta".
Apesar da desilusão do cancelamento do festival, a organização promete que irão continuar a trabalhar para "responder de forma propositiva à atual crise. "O Festival A Porta, um festival para todos, uma porta que ao contrário de todas as outras só abre, apresenta anualmente um programa de música, artes visuais, residências artísticas, atividades infanto-juvenis, jantares temáticos e atividades comunitárias de âmbito sócio-cultural que têm ocupado jardins, parques, casas privadas, teatros e vários espaços da cidade de Leiria. Projeto de transformação, cruzamento de gerações, ocupação e injecção de vida e cultura no espaço urbano, catalisador de alegria e educação através das possibilidades da arte e da valorização das comunidades e narrativas locais, o Festival A Porta continuará a trabalhar para responder de forma propositiva à atual crise".
"Acreditando que a arte e a cultura poderão contribuir para atravessar o presente momento, assim como trabalhar em novos e necessários caminhos para um futuro melhor, mais possível e igualitário no acesso a todos, a Porta não se fecha totalmente em 2020. Muito pelo contrário, a equipa trabalha formas alternativas que garantam a acessibilidade à arte e cultura aos mais diversos públicos. Trabalhamos no presente para construir um futuro".
Na última edição do festival este recebeu um concerto inédito de 24 horas da banda First Breath After Coma e artistas como Fado Bicha, Captain Casablanca (alter-ego de Casper Clausen, vocalista dos Efterklang), JP Simões e Manel Cruz e a peça de musical Silvar, criada pelo baterista Ricardo Martins que conta com sete bateristas e um vibrafone.
De forma a ajudar a criar um "impulso e reação a um fechar de portas", estreou no dia 18 de março Cultura com C de Casa um movimento criado pelos músicos, atores e outros agentes culturais do concelho de Leiria que, segundo Hugo Ferreira e Hugo Alves, respetivamente, responsável da Omnichord Records e presidente da Sociedade Artística Musical dos Pousos, uniram esforços para criar "uma iniciativa que fosse de todos os agentes culturais de Leiria e para todas as pessoas, principalmente de Leiria".
Este mês, a iniciativa propõe uma centena de atuações até final de abril, numa iniciativa nascida da sociedade civil como reação à pandemia da covid-19. Através da página de Facebook Visit Leiria, do município de Leiria, foram transmitidas até quarta-feira à noite 59 performances, desde concertos a aulas de história da arte, passando por workshops de cozinha, histórias para crianças, leituras e oficinas várias.