Compras online. Consumo aumentou mas burlas também

Compras online. Consumo aumentou mas burlas também


Desde o início do estado de emergência, o Portal da Queixa registou 356 reclamações enquadradas em burlas e fraudes, o que dá uma média de 16 queixas por dia.


Com muitos portugueses em casa – em teletrabalho ou não –, as compras online dispararam. Esta é a solução encontrada por muitos consumidores para evitarem idas a lojas ou simplesmente para adquirirem produtos cujas lojas estão fechadas devido ao estado de emergência do país.

E os números falam por si: entre 30 de março e 5 de abril foi registado um “aumento significativo” das compras online, aproximando-se dos valores do período anterior à confirmação do primeiro caso de covid-19 em Portugal. As conclusões da SIBS acrescentam que as compras online começam a “ganhar um peso crescente” entre os portugueses. Já os setores onde se verificou um maior aumento neste período foram os do “entretenimento e cultura”, que registou um aumento de 64%, “comércio alimentar e retalho”, com uma subida de 45%, e “restauração e food delivery e take-away”, com um acréscimo de 52%.

Cuidados a ter Mas se as compras pela internet são a grande opção dos clientes nesta fase – existem várias vantagens em usar os canais online, como a ausência da necessidade de deslocação para comprar o produto e a maior facilidade na comparação de preços e características de produtos, permitindo assim poupanças úteis –, por outro lado, elas exigem cuidados redobrados. A explicação é simples: de acordo com a consultora Kaspersky, o pico de consumo está a levar a um aumento nos ataques de malware e phishing em compras online.

De acordo com a mesma, o montante médio gasto nas lojas online, em Portugal, aumentou 6%, passando de 37,50 para 39,70 euros por compra, nas últimas semanas. E face a este aumento, a Kaspersky vê-o como um pretexto para os hackers intensificarem a sua ação. “Em qualquer pico de consumo é comum observar-se um aumento nos ataques de malware e phishing relacionados com os atos de compra, especialmente aqueles que são feitos online”, refere.

Também a Polícia Judiciária está atenta a este risco e lembra que “os contextos de crise de proporções internacionais são, tradicionalmente, explorados por atores hostis do ciberespaço para sustentarem as suas campanhas de ciberataques no alarmismo social e na atenção mediática global sobre o tema”, referiu em comunicado (ver texto ao lado).

Reclamações disparam Só no primeiro trimestre do ano, o Portal da Queixa registou 1377 reclamações relativas a esquemas de burla e fraude, um aumento de 34% face a 2019, altura em que foram registadas 1024 reclamações. Mas desde o início do estado de emergência já registou 356 reclamações enquadradas em burlas e fraudes. Feitas as contas, a média é de 16 queixas por dia.

E de acordo com Pedro Lourenço, CEO do Portal da Queixa e embaixador da Comissão Europeia para os Direitos dos Consumidores, a tendência é para aumentar. “Esta será certamente uma tendência crescente nos próximos tempos, tendo em conta a obrigação da permanência dos consumidores em casa – alterando assim o seu comportamento e hábitos de consumo –, que direciona o fluxo de compra para os canais digitais. Nesta matéria, infelizmente os consumidores portugueses ainda detêm pouca literacia digital, o que os torna muito vulneráveis a estes esquemas de burla”, explica, defendendo que “é fundamental que exista uma ação concertada com os vários organismos de proteção aos consumidores, na massificação de informações e conhecimento, que permita um consumo online mais seguro e transparente.”

As queixas mais apresentadas são por fraudes que se verificam através de pagamentos online, esquemas fraudulentos através de SMS, roubos de identidade e de dados pessoais, lojas online fictícias, phishing e outros tipos de cibercrimes.

A ter em conta Mas os cuidados não ficam por aqui. No caso de o cliente ter adquirido o produto em promoção na internet também poderá devolvê-lo, mesmo que este não apresente defeito. As compras virtuais contam com o chamado “direito ao arrependimento”. Sem que precise de justificar o motivo do arrependimento e desde que respeite o prazo de 14 dias, “o consumidor tem direito a arrepender-se do produto comprado e a devolvê-lo, recebendo o seu dinheiro de volta”, recorda a Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor – Deco (ver texto ao lado).

Mas isso terá custos. Caberá ao consumidor suportar os custos da devolução, exceto se o vendedor tiver aceitado suportá-los ou quando o consumidor não tenha sido previamente informado do dever de os pagar.

Outros problemas poderão surgir no momento de pagar, pois nem sempre os consumidores sabem qual é a melhor opção. Mas a verdade é que há modalidades para todos os gostos e a dificuldade poderá ser mesmo a escolha (ver números ao lado).

Cartão de Crédito.

Forma mais usada: É uma das formas de pagamento preferidas dos consumidores portugueses. Basta utilizar o número do cartão, a validade, o código de segurança e, a partir daí, é só inserir o montante. No entanto, é aconselhável utilizar este meio de pagamento apenas em sites seguros ou da sua confiança. Caso contrário, corre o risco de os dados do seu cartão poderem ser roubados e utilizados de forma indevida por outras pessoas. Proteja-se do phishing: não envie o seu número de cartão de crédito, código ou informações pessoais por email. 

Cartão de débito.

Solução: Esta forma de pagamento representa para os clientes uma alternativa para quem não gosta de usar ou não tem cartão de crédito. No entanto, nem todos os bancos disponibilizam esta funcionalidade, que só está presente em determinados cartões de débito. Estes cartões dispõem de um código secreto que possibilita aos titulares autenticarem-se perante o banco emissor do cartão, através de um código pessoal que é introduzido no momento de cada transação. 

MBNET

Alternativa: Para quem não é adepto dos cartões de crédito, o MB Way é a solução que permite fazer compras online e em lojas físicas, gerar cartões virtuais MB Net, enviar, pedir dinheiro e dividir a conta e ainda utilizar e levantar dinheiro através do seu smartphone, numa aplicação própria ou nos canais do seu banco. Este sistema não cobra comissão pelas operações realizadas, mas tenha em conta os custos associados nas transferências que são cobrados pelas entidades bancárias. Para saber qual o tarifário que é aplicado, consulte o seu banco.

Paypal 

Intermediário: É utilizado essencialmente para fazer transferências ou pagamentos online. Permite pagar através de Visa, MasterCard e American Express de forma bastante segura, já que não precisa de expor os dados do seu cartão de crédito ao site onde efetua a compra. Para poder utilizá-lo, só tem de se registar no site da PayPal e associar a esse registo os cartões que pretende utilizar nos pagamentos. Ou seja, funciona como um intermediário na compra e não cobra despesas de ativação nem taxas mensais. 

Paysafecard 

Payshop e CTT: Neste caso, não precisa de ter qualquer tipo de cartão ou conta bancária. Este cartão pode ser adquirido em qualquer loja Payshop e nas lojas dos CTT. Quem tem cartão pode recorrer ao multibanco. Este método é utilizado em várias lojas online através da inserção de um PIN de 16 dígitos. Tem um plafond máximo de 100 euros e, durante os primeiros 12 meses, a sua utilização é gratuita. A partir daí será aplicada uma taxa de manutenção de dois euros por mês, que serão deduzidos no crédito. 

Money-bookers

Dívida online: Funciona como uma espécie de conta virtual que permite realizar compras online. Basta registar-se no site e fazer uma transferência de dinheiro para essa conta. Este meio de pagamento é muito utilizado por quem joga na internet, pois o cliente só pode gastar o dinheiro depositado nessa conta online. Quando escolher o produto ou serviço, dirija-se à respetiva página pela Moneybookers e pode pagar através da sua conta virtual. Através deste processo também não está a revelar os seus dados pessoais. 

Fazer compras em segurança:

 

Segurança
Certifique-se de que o site tem as garantias de segurança. Estas páginas têm um símbolo de um cadeado. Desconfie se o site não disponibilizar uma morada ou um telefone fixo para contacto. Fuja dos sites que só disponibilizam email ou apartado para contacto.
 
Informações

Preste atenção aos dados disponibilizados sobre os produtos que quer adquirir. Devem incluir informação sobre o preço dos mesmos e apontar os custos de envio, impostos e outros custos adicionais. As ofertas e promoções devem ser bem analisadas.

Transação
Guarde as garantias dos produtos comprados para casos de troca ou devolução. Esteja também atento ao extrato do seu banco para conferir se os valores que lhe foram debitados correspondem aos das compras efetuadas.

Truques para poupar

Comparar preços
Existem vários sites que permitem identificar a loja online que pratica os preços mais baixos para o mesmo produto.

Aproveitar a internet
Há empresas que oferecem descontos só se os artigos forem comprados na internet, pondo em segundo plano as lojas físicas.

Entregas gratuitas
O ideal é aproveitar os sites que não cobram taxas de portes.