A crise em que vivemos atualmente, reflexo da pandemia do vírus Covid 19, em primeiro lugar põe em risco a nossa saúde e a saúde da sociedade, desorganiza-nos e faz-nos romper, esperamos que temporariamente, os nossos elos sociais, cria-nos incerteza para com o futuro, e pode vir a minar a nossa economia e levar-nos a perder empregos. O que nos faz, pois, pensar como muitas das estratégias e ações na edificação de uma vida futura, com mais dignidade, solidariedade e bem-estar, podem se tornar inadequadas quando emerge uma crise com esta dimensão.
Na realidade enquanto seres individuais, ou como sociedade organizada, procuramos sistematicamente promover, incrementar objetivos estratégicos que nos permitam atingir o sucesso social e económico.
Mas para tal, o passado e o presente são uma experiência constante, permitindo identificar erros, corrigi-los e avançar com novas soluções e estratégias, que nos tornem mais imunes às crises que nos atingem com regularidade.
Para tal sermos ágeis, flexíveis, oportunos, capazes de diferenciar as fontes de criação de riqueza é provavelmente a melhor estratégia de política pública para que o nosso futuro comum possa estar mais bem preparado para enfrentar tormentas sempre difíceis de contornar ou evitar.
Pelo que fazer com que os nossos concelhos, distritos, ilhas, o país em geral cresça e se desenvolva, assente numa estratégia que privilegie o apoio às diferentes atividades económicas, procurando destacar a produção de bens transacionáveis, é uma aposta que deveríamos fazer repercutir nas políticas públicas em Portugal.
A concentração maioritária do PIB em uma ou três atividades económicas/setores económicos representa um risco, pois sujeitamo-nos a que situações como as que atualmente nos encontramos a viver tenham um impacto maior, e a uma recuperação muito mais morosa, e por vezes bastante difícil.
Assim, diversificar as fontes de criação de riqueza do país, valorizando, potenciando, e apoiando, através de ações de política pública consistentes, as atividades económicas que podem pelas suas características criar um cadeia de valor mais transversal e abrangente, é um sinal de argúcia, inteligência, e de responsabilidade para com o país.
Ora, como sabemos, uma dessas atividades económicas ou setores é a “Economia Azul”, que atualmente representa cerca de 3,4% do PIB, podendo atingir rapidamente os 5% ou 6%, sendo para isso necessário ações de política pública mais coerentes e solidamente apoiadas financeiramente e politicamente no “Mar português”.
A sua “transversalidade e abrangência” é uma característica que lhe permite consolidar rapidamente uma cadeia de valor complexa e de alto rendimento para diferentes atividades ou setores da economia nacional.
É um momento onde não devem surgir dúvidas, mas sim decisões fortes e determinadas, por exemplo: apoiar as pescas e aquicultura offshore é garantir produção nacional, reduzir a importação de pescado, assegurar produto nacional à indústria da transformação do pescado, aumentar o volume de trabalho dos estaleiros portugueses, e do setor da metalomecânica; apoiar a energia offshore e criar uma nova indústria transversal e amiga do ambiente é aplicar o conhecimento e inovação adquiridos, por último, e não menos importante, apoiar a construção e reparação naval é garantir melhores condições de desenvolvimento ao setor da metalomecânica, bem como dos componentes eletrónicos, robóticos, novos materiais, TIC’s etc.. É a possibilidade de o “Mar português” novamente nos tornar num país global, forte, pujante e diversificado.