O Presidente do Brasil atacou publicamente o seu ministro da Saúde por continuar a defender o isolamento social. Em entrevista a uma rádio, Jair Bolsonaro, que continua a ignorar determinadas medidas de prevenção para combater a pandemia de covid-19, disse que não pretende afastar o médico Luiz Henrique Mandetta. Contudo, sublinhou que nenhum ministro do seu governo está excluído da possibilidade de demissão.
"Ninguém, nenhum ministro meu é indemissível, nenhum, nenhum. Todo mundo pode ser demitido, uns cinco já foram embora, infelizmente, por motivos que não cabem discutir aqui. Agora, eu acho que o Mandetta, em alguns momentos, ele teria que ouvir mais o Presidente da República”, começou por dizer Bolsonaro, em entrevista à Rádio Jovem Pan, depois de o governante não obedecer às suas ordens e continuar a orientar a população a ficar em casa.
Na mesma entrevista, o chefe de Estado brasileiro declarou que “tem faltado humildade” a Luiz Mandetta para reconhecer que é o Presidente quem manda e que o ministro devia obedecer ao que o mesmo pede, em vez de seguir as recomendações dos médicos e cientistas e da Organização Mundial de Saúde (OMS).
"O Mandetta já sabe que a gente está se bicando há algum tempo, já sabe disso. Mas eu não pretendo demiti-lo agora, no meio da guerra, não pretendo. Agora, ele é uma pessoa que, em alguns momentos, ele extrapolou. Ele sabe que há uma hierarquia entre nós”, concluiu.
Recorde-se que, esta quinta-feira, nas redes sociais, Bolsonaro voltou também a criticar os governadores brasileiros que adotaram para os seus estados medidas de distanciamento social como forma de conter a propagação do novo coronavírus. Para o Presidente brasileiro, João Doria, governador de São Paulo, e Carlos Moisés, de Santa Catarina, a sul, têm “medinho de pegar o vírus”.
No vídeo transmitido em direto via Facebook, o Presidente do Brasil voltou a mostrar-se contra, como vem sendo hábito nas últimas semanas, as medidas de isolamento que têm vindo a ser tomadas em vários estados, perante a inação de Brasília face à pandemia do novo coronavírus.
Até esta sexta-feira de manhã, já tinham morrido no Brasil 328 pessoas devido à covid-19 e mais de oito mil estão infetadas.