Ramalho Eanes diz que idosos “se necessário” devem oferecer ventilador aos mais novos

Ramalho Eanes diz que idosos “se necessário” devem oferecer ventilador aos mais novos


Para o general, todos têm estado à altura das suas funções, mas as Forças Armadas deveriam ter sido chamadas a intervir mais cedo.


O antigo Presidente da República Ramalho Eanes fez apelo aos mais velhos, numa entrevista à RTP, quarta-feira à noite.

Atualmente com 85 anos, o general de carreira sublinha a importância dos idosos darem o exemplo ficando em casa, nesta altura em que Portugal está a ser afetado pela pandemia de covid-19. E vai mais longe no seu pedido de sacrifício.

“Nós, os velhos, vamos ser os primeiros a dar o exemplo. Não saímos de casa, recorremos sistematicamente aos cuidados que nos são indicados e mais, quando chegarmos ao hospital, se for necessário oferecemos o nosso ventilador ao homem que tem mulher e filhos”, apelou.

“Nós – e eu falo porque sou um velho de 85 anos – nós, os velhos, devemos pensar que a nossa situação é igual à dos outros. E se alguma coisa há, é a obrigação suplementar de dizer aos outros que isto já aconteceu, que se ultrapassou, que [esta crise] vai ser ultrapassada”, acrescentou.

Para o antigo chefe de Estado, “Presidente da República, Governo, partidos, forças sociais, PSP, GNR, Forças Armadas”, têm estado à altura da situação, embora considere que as Forças Armadas foram chamadas a intervir mais tarde do que gostaria.

“Talvez tivesse sido melhor fazermos isso [decretar o Estado de emergência] com mais antecedência. Embora seja muito fácil dizer o que era melhor depois de as coisas terem acontecido”, disse, defendendo que se os hospitais não tivessem sido obrigados a ser a “primeira linha de combate” poderiam ter sido evitadas mais baixas.

Por fim terminou afirmando que: “O Estado não pode ser um Estado mínimo, como se diz. O Estado tem de ser o Estado necessário e um Estado que não olhe apenas para a situação presente, para as eleições e para o resultado, mas olhe para o futuro e para o futuro da sua comunidade. E um Estado que procure fazer o que é indispensável para que esse futuro seja viável”.