Bolsonaro contra Doria e Moisés. “Têm medinho de pegar o vírus”

Bolsonaro contra Doria e Moisés. “Têm medinho de pegar o vírus”


Em vídeo com dois pastores evangélicos, Presidente brasileiro responsabiliza o governador de São Paulo, João Doria, e o de Santa Catarina, Carlos Moisés, pelas consequências económicas das medidas de isolamento social que adotaram nos seus estados.


Jair Bolsonaro voltou nesta quinta-feira a criticar os governadores brasileiros que adotaram para os seus estados medidas de distanciamento social como forma de conter a propagação do novo coronavírus. Para o Presidente brasileiro, João Doria, governador de São Paulo, e Carlos Moisés, de Santa Catarina, a sul, têm “medinho de pegar o vírus”.

“Eu fui em Ceilândia e Taguatinga no fim de semana passado e fui massacrado pelos media”, afirmou Bolsonaro numa conversa com pastores evangélicos que transmitiu nas redes sociais. Referia-se às sua visitas às cidades dos arredores de Brasília. “Disseram que fui passear, mas eu fui ver o povo. Duvido que um governador desses, um João Doria [de São Paulo], um Carlos Moisés [de Santa Catarina], vá no meio do povo. Vão nada. A justificação é que podem apanhar o vírus. Estão com medinho de pegar vírus?”.

No vídeo transmitido em direto via Facebook, o Presidente do Brasil voltou a mostrar-se contra, como vem sendo hábito nas últimas semanas, as medidas de isolamento que têm vindo a ser tomadas em vários estados, perante a inação de Brasília face à pandemia do novo coronavírus.

"Eu desconheço qualquer hospital que esteja lotado, muito pelo contrário”, afirmou ainda o governante brasileiro. “Um hospital no Rio de Janeiro que tem 200 camas só tem 12 ocupadas. Não é isso tudo que estão pintando. Até porque no Brasil a temperatura é diferente. Tem muita coisa diferente”. 

Segundo o último balanço do Ministério da Saúde sobre  as taxas de ocupação das unidades de internamento hospitalares, citado pelo Globo no final de março, 17 das 27 unidades federativas do Brasil estavam já com mais de dois terços das camas de internamento em cuidados intensivos ocupadas.

Os pastores pediam na conversa apoio para as igrejas, mas na resposta de Bolsonaro encontraram apenas mais uma crítica aos governadores: "Vocês sabem a minha posição desde o começo”, avisou. “Tem uma ponte que foi destruída, que é a roda da economia, que é o desemprego proporcionado por alguns governadores. […] Temos de convencer governadores a não ser tão radicais”. 

Bolsonaro fez questão de sublinhar que não poderiam ser-lhe assacadas a si, Presidente, responsabilidades pelas consequências de medidas tomadas, por exemplo, por Doria, que apoiou durante a campanha para as últimas eleições. "O Doria tem de ter uma fórmula para começar a desfazer o que fez de excesso há pouco tempo”, advertiu. “Não vai cair no meu colo essa responsabilidade”.