Quando atravessamos um período de urgência e nos preparamos para enfrentar uma gigantesca crise temos de nos preparar com as resistências e os fundos de emergência de que dispomos tanto pessoais como do país. Aceitamos todos que a imprevisibilidade desta crise não só surpreende como assusta, pois, o seu efeito parece não só ser global como arrasador.
Existem, pois, motivos para a distinguir claramente da anterior crise financeira existem! Não só pela sua origem que não decorre de uma circunstância financeira, mas antes, sanitária. Mas existem também diferenças nas soluções para a enfrentar: a Troika anterior poderá ser substituída por uma nova troika: Áustria, Finlândia e Holanda (países mais céticos na adoção da solução dos Eurobounds e que são fundamentalmente contribuintes no projeto europeu) que pressionados para a urgência da sustentabilidade do projeto europeu passaram a ser os principais fiscalizadores de países eminentemente beneficiários como é o caso de Portugal.
De uma forma simples, mas não inconsciente, retirei desta Troika a Alemanha, não só pela evolução de posição nos últimos tempos, mas fundamentalmente por acreditar que já percebeu os riscos de não avançar com esta solução. Sendo que o conjunto dos países europeus beneficiaria da credibilidade internacional deste país para emissão de dívida que apostaria ser de um valor muito próximo de zero e por um prazo muito alargado. Esta solução foi defendida, entre outros, pelo Governador do Banco de Portugal e será uma inevitabilidade no curto prazo como penso que veremos.
Países como Portugal demoraram 3 anos a sentir o efeito da crise de 2008, mas estou convencido que não serão necessários mais de 3 meses para verificarmos um efeito arrasador nas contas do país. As projeções do Banco de Portugal e da Universidade Católica apontam nesse sentido e na possibilidade de voltarmos a atingir este ano a um PIB semelhante ao de 12 anos atrás.
A verificar-se e a manter-se Mário Centeno à frente dos destinos da pasta das Finanças ele ficará na história certamente por ter obtido o único excedente da democracia (2019) e no ano seguinte por atingir provavelmente o pior (ou um dos piores) déficit da democracia.
Dizer-se que tudo vai correr bem é um desejo naturalmente generoso e desejável para o rápido combate ao surto pandémico, no entanto, não passa de miragem no que diz respeito às contas públicas, das empresas e das famílias.