Um ponto prévio: não sou nem militante nem advogado da Iniciativa Liberal. Pelo contrário, até acho que liberais existem em muitos lados: do PSD ao CDS, passando pela IL e até pelo PS – neste último até com alguns liberais sentados na sua bancada parlamentar.
Primeiro ponto: antes da pandemia, estávamos muito longe de viver numa economia liberal. Pelo contrário, vivíamos numa economia onde as empresas e as famílias eram absolutamente asfixiadas por uma máquina fiscal absurda. Vivíamos numa economia em que o Estado penalizava o sucesso individual com impostos, travando com toda a força o elevador social e a meritocracia. Vivíamos numa economia em que o Estado olhava com desconfiança para o empreendedor e não perdia nenhuma oportunidade para o soterrar com mais impostos, taxas e taxinhas. Em suma, vivíamos numa economia idealizada por pessoas que nunca sofreram na pele as dores de terem um negócio própri
Segundo ponto: antes da pandemia, já estávamos a pagar um Estado ineficiente na justiça, que está há 6 anos para julgar um Primeiro Ministro acusado de corrupção. Antes da pandemia, já estávamos a pagar um Estado que achava que os bombeiros deviam ser voluntários, mesmo quando havia pessoas a morrer no Pinhal de Leiria. Antes da pandemia, já estávamos a pagar um Estado que supostamente nos dava um ensino universal e gratuito, mas que por inúmeras razões pedagógicas e até de segurança empurrava os alunos dos grandes centros urbanos para escolas privadas.
Antes da pandemia, já estávamos a pagar um Estado que nos dizia oferecer o melhor serviço de saúde do mundo, mas que tinha listas de espera intermináveis e empurrava constantemente os seus pacientes para os seguros privados de saúde. Antes da pandemia, já estávamos a pagar um Estado que tinha Forças Armadas para defenderem a nossa soberania, mas que não conseguia guardar um paiol. Antes da pandemia, já estávamos a pagar um Estado que protegia quem não trabalhava, mas que dizia não ter dinheiro para os enfermeiros, polícias e bombeiros, que supostamente garantiriam os serviços pelo qual o Estado nos sufocava financeiramente.
Terceiro ponto: em tempos como os que vivemos, o que um Liberal pede ao Estado é simples. Antes de mais, pede ao Estado que deixe imediatamente de sufocar as empresas e as famílias com os seus impostos, taxas e taxinhas. De seguida, pede ao Estado que intervenha (não tenho medo da palavra) para ajudar financeiramente as empresas e famílias que não têm neste momento fundo de maneio para fazerem frente à crise, visto terem andado anos a fio a pagar impostos absurdos. Em suma, o que um liberal pede neste momento ao Estado é que nos devolva tudo aquilo que andámos durante anos a pagar com muito sacrifício.
Se após a crise o Estado tivesse aproveitado o bom clima para aliviar a carga fiscal, aí talvez não tivéssemos que estar a ter esta conversa.