Com 82 anos de vida e mais de meio século ao serviço da Marinha Portuguesa, o navio-escola Sagres já deu três voltas ao mundo completas. No dia 5 de janeiro deste ano partiu de Lisboa para realizar a quarta – uma viagem comemorativa para celebrar os 500 anos do feito de Fernão de Magalhães, o ‘pai’ da primeira circum-navegação do globo. Mas esta quarta volta ao mundo da Sagres já não vai completar-se. Face à ameaça da covid-19, e cumprida apenas uma fração do trajeto previsto, o Ministério da Defesa Nacional anunciou ontem que deu ordens ao veleiro para regressar a Portugal em maio. Até porque um dos objetivos era “ser a casa de Portugal nos Jogos Olímpicos”, como tinha explicado em outubro do ano passado ao semanário SOL o comandante Maurício Camilo, e a competição foi adiada para 2021.
“Foi com muita tristeza, mas com consciência de ser inevitável, que mandámos regressar a Sagres”, escreveu no Twitter o ministro João Gomes Cravinho. “Já não era possível garantir a saúde dos nossos marinheiros, sempre prioritária, nem se conseguia, com portos fechados, cumprir a missão”, dizia ainda a mensagem do ministro. E terminava dando uma garantia:“Retomaremos quando houver condições”.
Depois de zarpar de Lisboa, o navio-escola da Marinha já tinha passado por Tenerife (Canárias), Praia (Cabo Verde), Rio de Janeiro, Montevideo (Uruguai) e Buenos Aires. Deverá chegar hoje, quarta-feira, à Cidade do Cabo (África do Sul), após uma travessia do Atlântico que durou cerca de três semanas.
Na entrevista em outubro, questionado sobre qual poderia ser a parte menos boa da viagem, o comandante Maurício Camilo respondera: “Poderão ser as surpresas que garantidamente vão surgir”.
Mas certamente não imaginaria nada de tão grave que obrigasse o navio-escola a “abortar” a missão e a regressar à capital portuguesa ao fim de menos de quatro meses, quando esse regresso estava previsto apenas para janeiro de 2021.