Covid-19. Uma curva positiva que não pode deixar ninguém descansado

Covid-19. Uma curva positiva que não pode deixar ninguém descansado


Número de casos tem crescido a uma velocidade menor. DGS diz que ainda é cedo para se falar em vitória e pede que todos os cuidados se mantenham.


A curva que representa o aumento do número de casos confirmados de infeção por covid-19 em Portugal “tem tido um comportamento não explosivo”. Ainda assim, “temos de continuar atentos” e não dar por garantido que já se está perante o tão falado achatamento da curva, avisou ontem a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, frisando que ainda é cedo para conseguir prever o que vai acontecer.

Entre sábado e domingo, o total de pessoas com resultado positivo no teste ao novo coronavírus teve um incremento na ordem dos 25%, fixando-se em 1600 pessoas, sendo a maior parte destes (80%) casos ligeiros. Dos 1600 casos confirmados, 169 estão internados e 41 pessoas encontram-se em unidades de cuidados intensivos. Recorde-se que de quinta para sexta-feira, o crescimento fora de perto de 30%, tendo os números apresentados no sábado revelado um aumento de 25,5%.

Os dados ontem apresentados davam ainda conta de que, até ao momento, 14 pessoas morreram em território nacional vítimas do novo coronavírus e que cinco já recuperaram. No total registaram-se já 11 779 casos suspeitos – destes, 9027 não se confirmaram.

O Norte continua a ser a região do país com maior número de casos confirmados (825) e mais mortes (5). Logo de seguida surge a região de Lisboa e Vale do Tejo, com 534 casos confirmados e quatro mortes, seguida da região Centro, com 180 casos de covid-19 confirmados e igualmente quatro mortes. No Algarve são já 35 os casos, havendo registo de uma vítima mortal. Nas restantes regiões não há ainda vítimas mortais, registando a Madeira sete infetados; o Alentejo, cinco; e os Açores, quatro.

Graça Freitas esclareceu ainda ontem o facto de o boletim diário deixar de ter informações relativas às cadeias de transmissão em Portugal, afirmando que está a ser feita uma adaptação da informação à medida que os casos estão a evoluir e que esses dados continuam a ter relevância para a análise local. E acrescentou que o facto de em algumas situações não se encontrar uma cadeia “não quer dizer que não existe”.

Ontem, Marta Temido agradeceu ainda à sociedade portuguesa o apoio e os donativos que têm sido oferecidos, deixando também um agradecimento aos profissionais de saúde e aos portugueses em geral: “Todos juntos vamos ser capazes de vencer o vírus”.

 

Parques de campismo fecham portas para conter o vírus

O Governo determinou que os utentes dos parques de campismo que não residam naqueles espaços devem sair até à próxima sexta-feira. O despacho da Secretaria de Estado do Turismo determina “a organização da saída ordeira e tranquila dos utentes dos parques de campismo e de caravanismo, bem como dos utentes das áreas de serviço de autocaravanas […] no prazo de cinco dias úteis”.

Exceção para quem lá reside, que poderá permanecer para “a resposta à necessidade habitacional”.

 

O Navio que ninguém queria e a suspensão de novos voos

O cruzeiro MSC Fantasia chegou ontem de manhã ao porto de Lisboa, tendo os passageiros ficado retidos durante todo o dia. O navio havia partido do Rio de Janeiro a 9 de março e tinha como destino Génova, em Itália.

Recorde-se que estão proibidos de atracar navios de cruzeiro em Portugal desde antes de ser declarado o estado de emergência. Segundo o Ministério da Administração Interna (MAI) revelou, este desembarque envolveu diversas autoridades, como a Direção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, a Autoridade Nacional da Aviação Civil, a Direção-Geral da Saúde, a Polícia de Segurança Pública, a Polícia Marítima, a Autoridade Tributária e a ANA – Aeroportos de Portugal. No total, 27 passageiros, de nacionalidade portuguesa, desembarcaram ontem (ficando a aguardar o resultado dos testes nas instalações do porto) e foi posta em marcha uma ação com vista ao repatriamento dos outros 1338 passageiros que ainda estão no interior do navio, provenientes de 38 países (maioritariamente da União Europeia, Reino Unido, Brasil e Austrália).

“A partir de terça-feira, e depois de verificados todos os procedimentos de autorização por parte da autoridade de saúde, desembarcarão os restantes passageiros do navio, que, em trânsito, serão escoltados ao aeroporto Humberto Delgado para voos humanitários de regresso aos seus países de origem”, informou o MAI.

Quanto aos portugueses retidos em Angola, ontem partiu de Lisboa um avião da EuroAtlantic para repatriar os portugueses que estão em Luanda. Daquele país vieram ontem para o Porto e Lisboa dois aviões da TAAG, companhia aérea angolana, para levar os cidadãos daquele país retidos em Portugal.

Ainda no que toca a companhias aéreas, ontem, a Emirates Airlines fez saber que suspendeu todos os voos de passageiros – esta companhia liga as duas maiores cidades portuguesas ao Dubai.

 

Portugueses indiferentes ou respeitadores das regras?

Apesar do estado de emergência que vigora em todo o território nacional e dos diversos apelos das autoridades de saúde, ontem foram centenas as pessoas que decidiram sair das suas casas na região Norte. Nas redes sociais foram diversas as fotografias e os vídeos publicados que mostravam grandes grupos de pessoas a passear na marginal de Póvoa de Varzim e Vila do Conde, aparentemente indiferentes aos riscos da covid-19.

Após algumas horas, a marginal acabou por ser fechada ao trânsito, ficando todos os acessos à cidade da Póvoa de Varzim controlados pela PSP. Também mais a sul, em Coimbra, a imprensa local deu conta de que o Choupal encheu, com muitas pessoas a praticar desporto. E, em Carcavelos, a polícia esteve na Marginal a mandar parar os carros que passavam para questionar qual o motivo da viagem, aconselhando os automobilistas a regressarem a suas casas.

Ainda assim, Eduardo Cabrita, ministro da Administração Interna, disse ontem, dia em que entraram em vigor as restrições, que as forças de segurança só tiveram quase uma função pedagógica, elogiando o comportamento dos portugueses. Apesar da regra geral, o governante revelou que foram feitas sete detenções por desobediência, um dos casos relativo a um infetado.

Ainda sobre os aglomerados e para continuar a travar a propagação, ontem, o presidente da Associação Nacional de Freguesias (Anafre), Jorge Veloso, apelou aos portugueses que vivem nos centros urbanos para que evitem ir ao interior.