O filme será sempre em tons funestos, mas as sessões de casting não estão a correr mal. Depois de o novo coronavírus ter espalhado as suas hostes por todo o globo em questão de semanas, faltava a estratégia de tocar alguns nomes sonante, provando que podia chegar tão alto ou tão baixo quanto lhe apeteça, e que não há nenhuma forma de se imunizar nem antecipar a sua lógica de progressão. Depois do casal Tom Hanks e Rita Wilson, é a vez da ex-Bond Girl, a atriz Olga Kurylenko. Também ela quis assumir publicamente que tinha testado positivo, e está doente com o Covid-19. A beldade ucraniana de 40 anos usou as redes sociais na tarde de domingo, para dizer que partilha o destino de um número cada vez maior de pessoas, estando de quarentena, “fechada em casa”. Falou também da progressão dos sintomas, e tentou sensibilizar os seus seguidores para que levem a ameaça a sério. "Sinto-me doente há quase uma semana. Febre e fadiga são os meus principais sintomas. Tomem conta de vocês e levem isto a sério."
Kurylenko tem já uma longa carreira em Hollywood, e é quase certo que a sua beleza será imortalizada depois de ter interpretado Camille Montes frente ao Bond de Daniel Craig, em, 2008, no filme "Quantum of Solace".
Por estes dias, uma imensa comunidade sem mais que fazer, tem-se dedicado a seguir os movimentos deste vírus cujo maior triunfo passa não tanto por destruir ou matar como passa por atacar e expor as nossas fragilidades, seja a um nível pessoal ou, mais amplamente, no tecido social. Há algo de admirável neste agente infeccioso causador de tão grande embaraço, na forma como vai cobrindo o seu rasto, como se oculta, infiltra sediciosamente, e não gera alarme antes de ser tarde, parece dirigir o seu desafio à consciência. Uma certa sensação de invulnerabilidade é, por isso, o maior erro que pessoas e países têm vindo a cometer. Nesta altura, como se depreende das declarações de alguns dos infectados, o melhor é abandonar as suposições, mas procurar essa bebida espiritual que fortifica a perplexidade, bifurca o sentido e promove a sanitária suspensão do juízo. Qualquer destes três efeitos contribuem para melhorar o estado de alma em tempos de peste, como este, em que a guerra parece travar-se entre uma ameaça que, não parecendo nada de especial, corrói o nosso sentido de segurança, expõe as fraquezas, precisamente porque, não sendo uma doença letal, depende da vítima, precisa que esta tenha as defesas em baixo ou que vacile. Como se está a ver, parece uma excelente premissa para um guião de um filme.