Hotelaria treme com Covid-19, perda de receitas superior a 30%

Hotelaria treme com Covid-19, perda de receitas superior a 30%


Restaurantes com menos clientes e corrida aos enlatados nos supermercados têm sido a regra nos últimos dias. Empresas de autocarros turísticos temem falências.


O setor da hotelaria calcula uma perda de receitas superiores a 30% devido ao Covid-19. A estimativa é da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), que está a realizar um inquérito junto dos seus associados. De acordo com a entidade, os dados preliminares revelam que as taxas de cancelamento estão “muito acima” das verificadas em anos anteriores. No entanto, a associação admite que os valores poderão ser ainda superiores, uma vez que os dados são atualizados diariamente, com base no inquérito que está a ser realizado, e, como tal, é normal que a taxa de variação das receitas possa sofrer alterações.

Os alertas não ficam por aqui. Segundo a AHP, o impacto não se faz sentir só nos “cancelamentos imediatos, mas também nas reservas futuras”.

Também o delegado nos Açores da Associação da Hotelaria de Portugal estimou quebras “superiores a 50%” na Páscoa. E as perspetivas a médio prazo não são animadoras: Fernando Neves não prevê que o verão “seja melhor”.

Já os restaurantes estão a receber muito menos clientes, havendo muitos cancelamentos de jantares de grupos.

O cenário não é mais otimista junto das empresas de autocarros turísticos. Os empresários do setor estiveram reunidos ontem, em Pombal, e garantem que haverá menos de 10% das frotas nas ruas em março. Também para abril, a perspetiva é de anulações e cancelamentos. “A nossa perspetiva para os próximos dois ou três meses é que o impacto seja fortíssimo”, afirmou o porta-voz das 55 empresas que estiveram reunidas, João Coelho.

Segundo o responsável, o dia–a-dia destas empresas tem sido marcado por cancelamentos desde 2 de março, apontando para o exemplo de um empresário que apenas na manhã de ontem registou “28 cancelamentos”. E, segundo o mesmo, se não forem tomadas as medidas adequadas, isso poderá ditar a falência de empresas do setor.

Distribuição em contraciclo Ao contrário dos outros setores que têm estado a sentir fortes quedas na procura, a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) garantiu que está a sentir um “ligeiro aumento da procura de produtos” nos super e hipermercados, associado ao surto do Covid-19. No entanto, garantiu que estas unidades estão a funcionar “com total normalidade”, acrescentando que não existem “quaisquer limitações na aquisição de produtos”. Certo é que os supermercados e hipermercados têm ficado com as prateleiras de enlatados vazias, apesar de serem repostas no dia seguinte.

Ainda assim, a entidade diz que “caso venha a justificar-se, os distribuidores estarão preparados para evitar perturbações no fornecimento de produtos e bens essenciais, nomeadamente por privilegiarem a produção nacional”, e assegura que o setor “reconhece a sua ampla responsabilidade junto do consumidor”.

Neste sentido, diz, “as empresas têm implementados procedimentos e planos de contingência robustos e eficientes, tendo sido reforçadas as medidas de higienização e a formação de equipas, para que a experiência em loja continue a decorrer em segurança e com normalidade”.