Centro de refugiados arde em Lesbos, e a extrema-direita já lá está

Centro de refugiados arde em Lesbos, e a extrema-direita já lá está


Foi o segundo incêndio, na semana passada, a ocorrer numa instalação destinada a refugiados em Lesbos. Grécia anuncia medidas mais restritivas.


Um incêndio absorveu um centro de refugiados na ilha de Lesbos, Grécia, este sábado à noite, anunciaram os bombeiros gregos. O fogo não provocou feridos, de acordo com a mesma fonte, mas causou danos consideráveis às instalações. Isto enquanto o Governo grego anunciou mais uma camada de medidas restritivas em relação aos requerentes de asilo, em resposta à abertura dos “portões” em direção à Europa, anunciado pela Turquia na semana passada.

O incêndio ocorreu no centro suíço de ajuda familiar para refugiados Uma Família Feliz, localizado perto da capital de Lesbos, Mitilene. “A brigada de incêndios está lá, e a nossa equipa também está no terreno”, disse uma fonte anónima dos serviços de bombeiros à AFP. A razão pela qual o incêndio deflagrou não é clara.

Foi o segundo incêndio a ocorrer na semana passada numa instalação destinada a requerentes de asilo, após um centro de receção de refugiados ter ficado reduzido a cinzas na segunda-feira – também não se sabem quem foram os responsáveis por este incêndio, segundo fontes anónimas da Associated Press.

Mais de 1700 refugiados desembarcaram em Lesbos e outras quatro ilhas do mar Egeu, vindos da Turquia, na semana passada – acrescentando-se aos 38 mil já a viver nas ilhas. A tensão tem subido desde esta altura em Lesbos, com multidões a bloquearem estradas e a atacar veículos que transportam trabalhadores de organizações não governamentais. Os jornalistas no terreno também foram alvos de ataques verbais e físicos. No sábado, uma multidão de jovens arremessou pedras contra a polícia antimotim.

No mesmo dia, o ministro da Migração grego, Notis Mitarachi, anunciou a construção de dois centros de refugiados fechados em Serres, na região norte da Grécia, e um em Atenas – a construção de centros de refugiados fechados nas ilhas teve grande resistência dos residentes, pouco antes do anúncio turco. “Precisamos do apoio das comunidades locais. Não podemos deixar todas estas pessoas nas ilhas” , disse à estação grega Skai TV, anunciando ao mesmo tempo uma redução drástica do apoio do Estado aos refugiados e que o Governo ia começar a pedir àqueles que já tinham o estatuto de proteção para saírem dos campos.

“A acomodação e benefícios concedidos aos requerentes de asilo vão ser interrompidos dentro de um mês. A partir daí, têm que começar a trabalhar para sobreviver. Isto faz com que o nosso país seja um destino menos atrativo para os fluxos de migração”, concluiu.

Também no sábado, Ancara parece ter revertido a sua posição inicial, depois de Recep Tayyip Erdogan ter dito à guarda costeira turca para parar os migrantes que tentam cruzar o mar Egeu em direção à Grécia por não ser seguro fazê-lo – anunciou no domingo, num discurso em Istambul, que se ia reunir com os líderes europeus em Bruxelas, esta segunda-feira.

O Presidente da Turquia tem sido acusado de estar a usar os refugiados como instrumento político pela União Europeia, mas a polícia grega, por sua vez, lançou gás lacrimogéneo contra os refugiados que tentaram cruzar fronteira terrestre, em Kastanies, no sábado.

Esta situação dramática já levou a que militantes de extrema-direita de outras países europeus se deslocassem para Lesbos. Um deles foi o líder de extrema-direita sueco Jimmie Akesson, havendo relatos de que esteve a entregar folhetos com a mensagem “A Suécia está cheia”, de acordo com a AFP. Na sexta-feira, dois alemães e austríacos – identificados como nacionalistas de linha dura pelos meios de comunicação locais – disseram à polícia que tinham sido atacados num mercado em Lesbos.