Saúde: Reino de Portugal e dos Algarves


Saúde adiada é saúde negada: listas de espera de mais de dois anos em várias especialidades é condenar quem não tem meios a um sofrimento silencioso, e obrigar quem tem a procurar alternativas no privado


Uma sondagem tornada pública pelo semanário Expresso a semana passada dá conta da avaliação que os portugueses fazem aos serviços de saúde. Embora considerem a saúde o principal problema do país, ainda assim, no cômputo geral, assinalam um grau de satisfação médio. Todavia, os dados globais disfarçam um problema sério, uma hemorragia trágica e que não estanca: os residentes na região do Algarve contrastam radicalmente deste cenário de satisfação média, dando nota muito negativa ao SNS nos três parâmetros que foram avaliados. Numa escala de 0 a 10, os algarvios dão 3,1 ao tempo de espera (contra 6 no Alentejo, 5,3 a Norte ou 5,1 na Grande Lisboa), avaliam com um 4,4 o “tratamento clínico” (contra 6,9 no Alentejo e Norte ou 6,4 em Lisboa e Centro) e atribuem um baixo 3,5 à “qualidade global” dos serviços de saúde (contra os bem melhores 6,5 a Norte ou 6,2 na Grande Lisboa).

Pode ser surpresa para muitos. Para mim, como deputado eleito pela região, testemunha das agruras dos doentes e famílias e conhecedor da quebra crónica nos dados de oferta assistencial, bem como da evolução do número de queixas, não é. Nem para o pessoal clínico que se confronta com péssimas condições de trabalho, sem investimento em equipamentos básicos, vencidos pela falta de medicamentos regulares e pela escassez de médicos, substituídos pelos tarefeiros – mais dispendiosos – que minam a lógica de grupo, não acompanham os doentes e que passaram a regra quando deviam ser a excepção. Por exemplo, dez cirurgiões com vínculo ao SNS manifestaram a sua intenção de abandonar os hospitais do Algarve, em razão de receberam menos de um terço dos médicos tarefeiros. Neste momento, na urgência de cirurgia do hospital de Faro estão por preencher as escalas de 13 dias no mês de março.

Não se pode permitir que se evolua para uma situação explosiva.

Este não é um problema novo. É estrutural, mas agudiza-se ano após ano. Não se resolve como uma poção mágica; mas resolve-se enfrentando-o. A ministra da Saúde até hoje não o reconhece. Afirmou que o Algarve não tinha escassez de médicos.

Saúde adiada é saúde negada: listas de espera de mais de dois anos em várias especialidades é condenar quem não tem meios a um sofrimento silencioso, e obrigar quem tem a procurar alternativas no privado.

O Algarve tem que ser prioridade nacional na saúde. Os dados confirmam-no. Um novo hospital é uma condição necessária, embora não suficiente. O Algarve precisa de um programa específico para enfrentar a situação insustentável que se vive na saúde.

Deputado do PSD

Saúde: Reino de Portugal e dos Algarves


Saúde adiada é saúde negada: listas de espera de mais de dois anos em várias especialidades é condenar quem não tem meios a um sofrimento silencioso, e obrigar quem tem a procurar alternativas no privado


Uma sondagem tornada pública pelo semanário Expresso a semana passada dá conta da avaliação que os portugueses fazem aos serviços de saúde. Embora considerem a saúde o principal problema do país, ainda assim, no cômputo geral, assinalam um grau de satisfação médio. Todavia, os dados globais disfarçam um problema sério, uma hemorragia trágica e que não estanca: os residentes na região do Algarve contrastam radicalmente deste cenário de satisfação média, dando nota muito negativa ao SNS nos três parâmetros que foram avaliados. Numa escala de 0 a 10, os algarvios dão 3,1 ao tempo de espera (contra 6 no Alentejo, 5,3 a Norte ou 5,1 na Grande Lisboa), avaliam com um 4,4 o “tratamento clínico” (contra 6,9 no Alentejo e Norte ou 6,4 em Lisboa e Centro) e atribuem um baixo 3,5 à “qualidade global” dos serviços de saúde (contra os bem melhores 6,5 a Norte ou 6,2 na Grande Lisboa).

Pode ser surpresa para muitos. Para mim, como deputado eleito pela região, testemunha das agruras dos doentes e famílias e conhecedor da quebra crónica nos dados de oferta assistencial, bem como da evolução do número de queixas, não é. Nem para o pessoal clínico que se confronta com péssimas condições de trabalho, sem investimento em equipamentos básicos, vencidos pela falta de medicamentos regulares e pela escassez de médicos, substituídos pelos tarefeiros – mais dispendiosos – que minam a lógica de grupo, não acompanham os doentes e que passaram a regra quando deviam ser a excepção. Por exemplo, dez cirurgiões com vínculo ao SNS manifestaram a sua intenção de abandonar os hospitais do Algarve, em razão de receberam menos de um terço dos médicos tarefeiros. Neste momento, na urgência de cirurgia do hospital de Faro estão por preencher as escalas de 13 dias no mês de março.

Não se pode permitir que se evolua para uma situação explosiva.

Este não é um problema novo. É estrutural, mas agudiza-se ano após ano. Não se resolve como uma poção mágica; mas resolve-se enfrentando-o. A ministra da Saúde até hoje não o reconhece. Afirmou que o Algarve não tinha escassez de médicos.

Saúde adiada é saúde negada: listas de espera de mais de dois anos em várias especialidades é condenar quem não tem meios a um sofrimento silencioso, e obrigar quem tem a procurar alternativas no privado.

O Algarve tem que ser prioridade nacional na saúde. Os dados confirmam-no. Um novo hospital é uma condição necessária, embora não suficiente. O Algarve precisa de um programa específico para enfrentar a situação insustentável que se vive na saúde.

Deputado do PSD