O novo coronavírus está a menos de 200 quilómetros da fronteira. O último caso confirmado em Espanha foi ontem, na Andaluzia, e, segundo o El País, o homem de 62 anos que está internado em Sevilha não esteve recentemente em nenhuma das regiões afetadas. No país vizinho são já 12 os casos confirmados.
Por cá, ainda não há ninguém infetado pelo Covid-19, mas Marta Temido, ministra da Saúde, admitiu ontem ser previsível que venha a confirmar-se algum caso. A Direção-Geral da Saúde (DGS) informou também ontem que surgiu mais um caso suspeito. Trata-se de uma mulher que veio de Milão e que ontem ao final do dia se encontrava internada no Centro Hospitalar Universitário de São João. Até à hora de fecho desta edição, a DGS ainda não tinha revelado o resultado das análises.
Quando a questão é se o país está preparado para a propagação do vírus, as respostas divergem. Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, garante que os hospitais portugueses estão preparados para uma eventual escalada do vírus e sublinha o facto de existirem, desde o início do alerta, três hospitais “permanentemente preparados” para receber doentes suspeitos de terem coronavírus – o Hospital de São João, no Porto, o Hospital Dona Estefânia e o Hospital Curry Cabral, ambos em Lisboa.
No entanto, João Proença, presidente da Federação Nacional dos Médicos, considera que Portugal, em especial os hospitais, não está preparado. “Se não pensarmos em reforçar, nomeadamente o Pulido Valente, com mais camas, o que vai acontecer é que, quando tivermos o primeiro caso, vai ser um pandemónio”, disse à SIC.
Itália com mais de 400 casos Angelo Borrelli, responsável da Proteção Civil italiana, informou ontem ao final do dia que há mais de 400 pessoas infetadas. O número de mortos subiu, também durante o dia de ontem, para 12 – trata-se de um homem de 69 anos que morreu na região de Emília-Romanha e que, tal como os casos anteriores, apresentava problemas de saúde que o deixaram mais vulnerável.
Já em França foi também ontem confirmado o 18.o caso – duas pessoas morreram, 12 já estão curadas e quatro permanecem no hospital. O novo vírus está a chegar a todos os cantos do mundo e também o Brasil confirmou esta quarta-feira o primeiro caso – um homem de 61 anos que regressou do norte de Itália na semana passada.
Paquistão, Geórgia e Macedónia do Norte confirmaram, igualmente ontem, os primeiros casos.
Se na China o número de novos casos está a diminuir, pelo resto do mundo, eles não param de aumentar. Segundo a Organização Mundial da Saúde, na terça-feira foram registados 411 casos na China e 427 no resto do mundo.
Estudantes de Erasmus podem regressar a Portugal
Há, nesta altura, centenas de estudantes universitários portugueses que se mudaram para várias regiões de Itália, no âmbito do programa Erasmus. Existem alunos que permanecem desde o primeiro semestre, no ano passado, e outros que aterraram há poucos dias em solo italiano para começar o segundo semestre de aulas. Tendo em conta os desenvolvimentos dos últimos dias, a Universidade de Lisboa referiu ao i que “serão invocadas situações de força maior para as atividades de mobilidade Erasmus para as áreas afetadas”. Assim, a Universidade de Lisboa vai entrar em contacto com “todos os participantes com atividades de mobilidade a iniciar ou em curso nas regiões afetadas, para verificar se pretendem utilizar essa força maior para adiar a ida ou regressar antecipadamente”.
Caso os alunos optem por regressar, as diversas escolas da universidade “deverão ainda, na medida do possível, facilitar a inscrição dos estudantes no novo semestre, solicitando-lhes que adotem as medidas de distanciamento social que considerem adequadas, tendo em conta os riscos a que possam ter estado sujeitos”, acrescentou a Universidade de Lisboa.
A mesma posição tomou a Universidade do Porto, que conta com 125 estudantes em Itália. Este estabelecimento de ensino não pediu o regresso dos seus estudantes, uma vez que “essa é uma opção pessoal de cada estudante”.
Tendo em conta que este é considerado um motivo de força maior, está previsto no contrato de mobilidade internacional do programa Erasmus que os alunos possam desistir sem “qualquer tipo de penalização no seu percurso académico”. “Até ao momento, nenhum estudante manifestou essa vontade”, acrescentou ao i a Universidade do Porto.
A Agência Nacional Erasmus+ também publicou no seu site uma nota que informa os alunos de que “podem invocar a cláusula de força maior para as atividades de mobilidade para a China ou para outras áreas afetadas”.
Mas, se os estudantes portugueses ainda não começaram a regressar, o mesmo não acontece com os alunos do país vizinho. Parte dos espanhóis que estão a estudar em Itália optaram por regressar a suas casas. De acordo com o El País, são muitos os casos de estudantes que estão a abandonar a cidade de Milão. “Entre domingo e segunda-feira fomos praticamente todos embora. Também os italianos que são de outras regiões do país. A residência ficou vazia”, disse uma estudante de 22 anos que vivia numa residência com 300 pessoas, entre elas 90 espanhóis.
Hong Kong dá mais de mil euros a cada cidadão
O Governo de Hong Kong anunciou ontem que vai investir 120 mil milhões de dólares locais – o equivalente a 14,2 mil milhões de euros – para atenuar os efeitos do coronavírus e dos protestos dos últimos meses quanto à economia.
Este dinheiro vai ser distribuído pelos cidadãos de Hong Kong com mais de 18 anos, o que significa que cada um vai receber 1180 euros, e o objetivo é “apoiar empresas, salvaguardar empregos, estimular a economia e aliviar os encargos das pessoas”, referiu Paul Chan, ministro das Finanças da região administrativa. “Prevenir e combater a epidemia, bem como empregar recursos para aliviar a pressão sobre as empresas e o público em geral, é a principal prioridade”, acrescentou.
Hong Kong, que tem cerca de sete milhões de habitantes com mais de 18 anos, estima um défice recorde para o próximo ano. Até ao momento foram confirmados 85 casos de pessoas infetadas com coronavírus e registaram-se duas mortes.