Carnaval de Podence. De Portugal para o mundo
É português o mais recente membro (desde dezembro do ano passado) do ‘clube’ UNESCO no que diz respeito ao Património Cultural Imaterial da Humanidade. A candidatura dos tradicionais mascarados do nordeste transmontano chegou mesmo a ser considerada “exemplar” pelo organismo das Nações Unidas. Os caretos de Podence, explica o site oficial, usam máscaras rudimentares feitas de couro, madeira ou de vulgar latão. Pintadas de vermelho, preto, amarelo ou verde, nelas sobressai o nariz pontiagudo. Para apreciar este carnaval tão característico, basta rumar a Macedo de Cavaleiros, onde os caretos percorrem a aldeia.
Basileia. O maior evento de Carnaval da Suíça
O Carnaval de Basileia tem início, todos os anos, na segunda-feira a seguir à quarta-feira de cinzas (sempre às 4h da manhã) dura 72 horas exatas e é o mais importante Carnaval da Suíça. A tradição remonta a 1835 e integra a lista restrita do Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO desde 2017. Esta tradição tem início com o ritual Morgestraich, altura em que todas as luzes da cidade se apagam e vários grupos desfilam pelas ruas com lanternas, enquanto tocam os seus instrumentos. Vinte mil pessoas participam ativamente na preparação do festival, que atrai anualmente cerca de 220 mil visitantes.
El Callao. Memória e identidade cultural
A fazer parte do Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO desde 1 de dezembro de 2016, este carnaval venezuelano tem outras distinções: por exemplo, foi também declarado pelo Instituto do Património Cultural da Venezuela como evento de interesse turístico nacional em março de 1998. Este carnaval é único porque celebra as antigas tradições culturais que chegaram à Venezuela pelas ilhas do Caribe de língua inglesa e francesa. Predominantemente foram os trinitarianos que o levaram para El Callao por volta de 1850 quando muitos para ali se mudaram para aproveitar a corrida ao ouro. As festividades terminam amanhã.
Oruro. Carnaval nas alturas
O Carnaval de Oruro, nas montanhas da Bolívia, dura dez dias e faz parte da lista da UNESCO desde 2008. O principal evento é um desfile de quatro quilómetros, que dura um dia inteiro, sem interrupções. Mais de 28 mil dançarinos e 10 mil músicos participam neste desfile. Situado a 3700 metros de altura, o local onde se encontra a cidade era sagrado para o povo Uru, que percorria longas distâncias para realizar os rituais, principalmente o festival Ito. Em 1606 os espanhóis proibiram os rituais. O povo Uru continuou a acorrer ali para as suas preces, tendo escondido as figuras dos deuses andinos, a quem realmente rezava, atrás das figuras cristãs.
Barranquilla. Músicas do mundo
O Carnaval na Colômbia começa a comemorar-se quatro dias antes da Quaresma. Durante o período colonial, a cidade de Barranquilla tornou-se um importante ponto de trocas comerciais. A sua localização fez com que a cidade crescesse e se tornasse um local onde europeus, africanos e povos indígenas interagiam, tendo as diferentes culturas convergido no local. Esta diversidade é uma das principais atrações no Carnaval de Barranquilla, que faz parte da lista de UNESCO desde 2008, onde as maracas se fundem com danças de origem espanhola. Durante os festejos há ainda tempo para a sátira política, realizada por pessoas que vestem trajes feitos à mão.
Gilles. Bonecos de cera saem à rua
A sul da capital belga está a cidade de Binche, onde se comemora, desde 2008, um dos 11 carnavais da UNESCO. Os festejos realizam-se nos três dias anteriores à Quaresma, mas os ensaios invadem as ruas desde os primeiros dias do ano. À semelhança das “matrafonas”, também os homens se vestem de mulher, sendo o Domingo de Carnaval o dia em que as ruas ficam, por norma, mais cheias. Os festejos terminam na terça-feira, quando os Gilles – figuras principais deste carnaval belga – saem à rua a partir das 4h da manhã para as danças e músicas tradicionais. Ao ritmo dos tambores, as figuras de cera desfilam com tamancos de madeira, chapéus com penas de avestruz, sinos e pequenos óculos.
Granville. Tradição que remonta a fevereiro de 1875
A primeira edição deste Carnaval remonta a 7 de fevereiro de 1875. Consistia em música, grupos de oito carros puxados por cavalos e incluía ainda uma carruagem de caridade para arrecadar dinheiro para os pobres. Esteve suspenso durante sete anos devido à Segunda Guerra Mundial mas a tradição foi retomada. Da celebração original permanece a cavalgada, a intriga e as bolas. Hoje, atrai anualmente cerca de 130 mil pessoas de toda a França e conta com cerca de 40 carros alegóricos. Desde novembro de 2016 que o Carnaval de Granville faz parte da lista do Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO. A festa dura quatro dias e termina na terça-feira gorda.
Frevo. Dança frenética com ritmos acelerados
A origem do frevo remonta ao século XIX, na cidade de Recife, no seguimento da rivalidade entre as bandas militares e os escravos que se tinham tornado livres. Frevo surge de uma forma mal escrita do verbo ferver: frever. E é por isso que esta é uma dança frenética, com um ritmo muito acelerado. Várias associações têm cores relacionadas com a devoção dos membros e vários enfeites têm significados religiosos. Formado através da criatividade e da riqueza cultural que advém da grande mistura de música, dança, capoeira e artesanato, o Frevo faz parte da UNESCO desde 2012. As sombrinhas são um elemento característico.
Aalst. Sátira continua, mesmo longe da UNESCO
O Carnaval de Aalst é dos mais populares e controversos da Bélgica e fazia parte da lista do Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO desde 2010. Mas um carro alegórico com caricaturas de judeus sentados em sacos de dinheiro valeu-lhe a saída da lista em dezembro do ano passado. A UNESCO explica que “as repetições recorrentes de representações racistas e antissemitas observadas no Carnaval são incompatíveis com a Convenção de 2003 para a Salvaguarda do Património Cultural da Humanidade”. Isso não fez com que o Carnaval mudasse: este domingo, o cortejo saiu para a rua e voltou a satirizar os judeus ortodoxos.
Busó. O fim do inverno
Para marcar o final do inverno, a cidade húngara de Móhacs comemora o Carnaval com o aparecimento dos Busó, figuras assustadoras e barulhentas que percorrem a cidade para expulsar o inverno da cidade. Os mascarados, que chegam à cidade em embarcações que atracam no rio Danúbio, deitam penas ao ar e dão doces às crianças. A festa termina com uma grande fogueira ao anoitecer, na praça central da cidade. É queimado um caixão, que representa o inverno e as figuras dançam à volta da fogueira. Este Carnaval, onde sobretudo os homens usam máscaras de madeira e mantos de lã, faz parte da lista da UNESCO desde 2009.
Kastav. Carnaval barulhento
Na região da Kastav, no noroeste da Croácia, pessoas vestidas com fatos feitos com pelo de ovelha e com sinos à volta da cintura andam pelas aldeias em grupos. Quem desfila no Carnaval de Janeiro vai batendo nos sinos dos companheiros. Quando chegam aos locais formam um círculo e, não querendo ser discretos, fazem o maior barulho possível e esperam que as pessoas lhe ofereçam comida e sítio para descansar. No final, os ‘tocadores de sinos’ recolhem o lixo das suas aldeias e queimam-no. Este Carnaval, que faz parte da lista da UNESCO desde 2009, tem como objetivo fortalecer os laços entre os habitantes e dar as boas vindas aos recém-chegados à sua cultura tradicional.
Imst. Ao som dos sinos
A cada quatro anos a cidade austríaca de Imst celebra o Carnaval no domingo antes da Quaresma. A atração principal destes festejos, que fazem parte da lista da UNESCO desde 2012, é o Schemenlaufen, uma procissão tradicional onde as principais figuras desfilam aos pares. Durante a caminhada, os homens fazem uma dança especial. Com sinos presos ao corpo, saltam e conseguem produzir sons – diferentes entre si, já que um dos homens leva sinos que chegam a pesar 35 quilos. Por norma, são as mulheres que costuram os fatos e as máscaras de madeira são normalmente usadas por todas as pessoas que participam nas festividades.