Celebrar a mediocridade


Visando reforçar a ideia de que, ao contrário do que a autossatisfação do Governo poderia fazer crer, o crescimento económico português tem sido insatisfatório quando posto ao lado do dos países com que devemos comparar-nos, apresenta-se em baixo o crescimento dos últimos quatro anos terminados em 2019 dos 15 países da coesão, e depois as…


Visando reforçar a ideia de que, ao contrário do que a autossatisfação do Governo poderia fazer crer, o crescimento económico português tem sido insatisfatório quando posto ao lado do dos países com que devemos comparar-nos, apresenta-se em baixo o crescimento dos últimos quatro anos terminados em 2019 dos 15 países da coesão, e depois as projeções para este ano e o próximo, ontem atualizadas pela Comissão Europeia.

Uma palavra sobre o quadro comparativo. 

O crescimento mais rápido das economias mais pobres em termos de rendimento per capita é uma previsão central da teoria do crescimento económico. Trata-se de um processo essencialmente espontâneo e é esse processo que produz a chamada convergência. Ora, os países da coesão são países com rendimentos per capita da mesma ordem. Todos estão abaixo da média europeia, pelo que deverão crescer – se nenhuma “patologia” se interpuser – acima da média e muito acima dos países que já estão acima da média.

Metade destes países (República Checa, Estónia, Chipre, Lituânia, Malta, Eslovénia e Eslováquia) têm já um rendimento superior ao português (nenhum deles o tinha quando aderiu à UE), a outra metade (Bulgária, Grécia, Croácia, Letónia, Hungria, Polónia, Roménia), um rendimento inferior, mas estão todos abaixo do rendimento médio europeu.

Até 2018, a Grécia era o país com menos crescimento no grupo da coesão.

Em 2019, Portugal passou para o lugar da Grécia. Se se confirmarem as perspetivas da Comissão Europeia, vai manter esse lugar. Quando se corrige o rendimento per capita na Europa pelas paridades de poder de compra dos respetivos países, o que se verifica é que Portugal não tem, pura e simplesmente, convergido, mantendo-se na casa dos 77% da média europeia, e até mesmo com uma tendência marginal para baixar. 

No fundo, não há aqui nada de novo: Portugal interrompeu a convergência com a Europa, tendo entrado em divergência no final do século passado. E assim continua. E assim continuará, se não reconhecer anomalia e adotar as políticas que permitam remover obstáculos ao crescimento e curar a “patologia!. 

O Governo vai comemorar isto quando se congratular com o crescimento económico que o país teve em 2019. 

A única novidade dos últimos 5 anos foi a passagem recente do testemunho do pior crescimento no grupo europeu da Grécia para Portugal.

 

Deputado

Celebrar a mediocridade


Visando reforçar a ideia de que, ao contrário do que a autossatisfação do Governo poderia fazer crer, o crescimento económico português tem sido insatisfatório quando posto ao lado do dos países com que devemos comparar-nos, apresenta-se em baixo o crescimento dos últimos quatro anos terminados em 2019 dos 15 países da coesão, e depois as…


Visando reforçar a ideia de que, ao contrário do que a autossatisfação do Governo poderia fazer crer, o crescimento económico português tem sido insatisfatório quando posto ao lado do dos países com que devemos comparar-nos, apresenta-se em baixo o crescimento dos últimos quatro anos terminados em 2019 dos 15 países da coesão, e depois as projeções para este ano e o próximo, ontem atualizadas pela Comissão Europeia.

Uma palavra sobre o quadro comparativo. 

O crescimento mais rápido das economias mais pobres em termos de rendimento per capita é uma previsão central da teoria do crescimento económico. Trata-se de um processo essencialmente espontâneo e é esse processo que produz a chamada convergência. Ora, os países da coesão são países com rendimentos per capita da mesma ordem. Todos estão abaixo da média europeia, pelo que deverão crescer – se nenhuma “patologia” se interpuser – acima da média e muito acima dos países que já estão acima da média.

Metade destes países (República Checa, Estónia, Chipre, Lituânia, Malta, Eslovénia e Eslováquia) têm já um rendimento superior ao português (nenhum deles o tinha quando aderiu à UE), a outra metade (Bulgária, Grécia, Croácia, Letónia, Hungria, Polónia, Roménia), um rendimento inferior, mas estão todos abaixo do rendimento médio europeu.

Até 2018, a Grécia era o país com menos crescimento no grupo da coesão.

Em 2019, Portugal passou para o lugar da Grécia. Se se confirmarem as perspetivas da Comissão Europeia, vai manter esse lugar. Quando se corrige o rendimento per capita na Europa pelas paridades de poder de compra dos respetivos países, o que se verifica é que Portugal não tem, pura e simplesmente, convergido, mantendo-se na casa dos 77% da média europeia, e até mesmo com uma tendência marginal para baixar. 

No fundo, não há aqui nada de novo: Portugal interrompeu a convergência com a Europa, tendo entrado em divergência no final do século passado. E assim continua. E assim continuará, se não reconhecer anomalia e adotar as políticas que permitam remover obstáculos ao crescimento e curar a “patologia!. 

O Governo vai comemorar isto quando se congratular com o crescimento económico que o país teve em 2019. 

A única novidade dos últimos 5 anos foi a passagem recente do testemunho do pior crescimento no grupo europeu da Grécia para Portugal.

 

Deputado