Benfica: clube ou empresa?


À SAÍDA DO ESTÁDIO DA LUZ, após a derrota com o Braga, um adepto do Benfica vociferava para uma câmara de TV: “Ouve lá, Vieira, os benfiquistas querem vitórias, não querem dinheiro!” Esta frase exprimia o estado de espírito de muitos benfiquistas. Que tem alguma razão de ser: como aqui escrevi há oito dias, há…


À SAÍDA DO ESTÁDIO DA LUZ, após a derrota com o Braga, um adepto do Benfica vociferava para uma câmara de TV: “Ouve lá, Vieira, os benfiquistas querem vitórias, não querem dinheiro!”

Esta frase exprimia o estado de espírito de muitos benfiquistas. Que tem alguma razão de ser: como aqui escrevi há oito dias, há certos negócios que o Benfica faz só compreensíveis à luz de uma lógica financeira. 

E Bruno Lage, nesse aspeto, tem interpretado bem esse espírito. Veja-se, por exemplo, o facto de encher a equipa de jovens nos jogos da Champions: Tomás Tavares, Gedson, Florentino, Ferro… Eram miúdos a mais numa prova que exige maturidade. Mas Vieira queria pôr esses jovens na montra para os mostrar à Europa (Gedson até já foi vendido) e Lage fez-lhe a vontade.

A INSISTÊNCIA EM RAÚL DE TOMÁS foi igualmente fruto da mesma lógica. Tinha custado 20 milhões e o Benfica não queria perder o dinheiro. E por isso jogava sempre, mesmo quando começou a perceber-se que não só não marcava golos como não se entendia com os companheiros.

Na mesma linha se insere a compra de Weigl (pela mesma “chapa” dos 20 milhões). O Benfica não precisava nada de um médio defensivo. Tinha Fejsa, Samaris, Florentino, Gabriel… Consciente disso, para justificar o negócio, Vieira pôs jornalistas “amigos” a dizer que Weigl era muito importante, que apesar de dar pouco nas vistas dava grande equilíbrio ao conjunto, etc. Mas, além de não se revelar grande jogador, ele veio estragar uma dupla que estava a funcionar muito bem e a fazer a equipa jogar: Gabriel e Taarabt. 

Desde que Weigl entrou, o Benfica nunca mais foi o mesmo. Não vou dizer que ele é o responsável pelos maus resultados. O que me parece é que a sua chegada desestabilizou a equipa, enervou o plantel, porque ninguém percebeu por que razão foi comprado e ainda menos por que carga de água entrou logo no onze, quando este estava a carburar e a ganhar.

DEVO CONFESSAR que até concordo com a estratégia de Vieira. Os sócios não a percebem porque só olham para os resultados desportivos, querem vitórias, e o dinheiro não lhes diz nada.

Mas, hoje, os clubes são empresas – e, se não funcionarem bem como empresas, se não tiverem boa gestão financeira, estão tramados. Veja-se o que aconteceu ao Manchester City, que vai estar dois anos afastado das competições europeias.

Luís Filipe Vieira está a fazer bem as coisas. E tem em Lage um treinador que o compreende e o ajuda. Só que isso deve ser assumido perante os sócios. Vieira tem de dizer preto no branco: “O Benfica tem de ter saúde financeira, o futebol, hoje, não se resume aos resultados desportivos, estes têm por vezes de ser sacrificados em prol de uma boa gestão empresarial”. 

Isto tem de ser dito olhos nos olhos. Não pode ser feito nas costas dos sócios, às escondidas. Porque, desse modo, vão gerar-se cada vez mais mal-entendidos. E os conflitos agudizar-se-ão.

Benfica: clube ou empresa?


À SAÍDA DO ESTÁDIO DA LUZ, após a derrota com o Braga, um adepto do Benfica vociferava para uma câmara de TV: “Ouve lá, Vieira, os benfiquistas querem vitórias, não querem dinheiro!” Esta frase exprimia o estado de espírito de muitos benfiquistas. Que tem alguma razão de ser: como aqui escrevi há oito dias, há…


À SAÍDA DO ESTÁDIO DA LUZ, após a derrota com o Braga, um adepto do Benfica vociferava para uma câmara de TV: “Ouve lá, Vieira, os benfiquistas querem vitórias, não querem dinheiro!”

Esta frase exprimia o estado de espírito de muitos benfiquistas. Que tem alguma razão de ser: como aqui escrevi há oito dias, há certos negócios que o Benfica faz só compreensíveis à luz de uma lógica financeira. 

E Bruno Lage, nesse aspeto, tem interpretado bem esse espírito. Veja-se, por exemplo, o facto de encher a equipa de jovens nos jogos da Champions: Tomás Tavares, Gedson, Florentino, Ferro… Eram miúdos a mais numa prova que exige maturidade. Mas Vieira queria pôr esses jovens na montra para os mostrar à Europa (Gedson até já foi vendido) e Lage fez-lhe a vontade.

A INSISTÊNCIA EM RAÚL DE TOMÁS foi igualmente fruto da mesma lógica. Tinha custado 20 milhões e o Benfica não queria perder o dinheiro. E por isso jogava sempre, mesmo quando começou a perceber-se que não só não marcava golos como não se entendia com os companheiros.

Na mesma linha se insere a compra de Weigl (pela mesma “chapa” dos 20 milhões). O Benfica não precisava nada de um médio defensivo. Tinha Fejsa, Samaris, Florentino, Gabriel… Consciente disso, para justificar o negócio, Vieira pôs jornalistas “amigos” a dizer que Weigl era muito importante, que apesar de dar pouco nas vistas dava grande equilíbrio ao conjunto, etc. Mas, além de não se revelar grande jogador, ele veio estragar uma dupla que estava a funcionar muito bem e a fazer a equipa jogar: Gabriel e Taarabt. 

Desde que Weigl entrou, o Benfica nunca mais foi o mesmo. Não vou dizer que ele é o responsável pelos maus resultados. O que me parece é que a sua chegada desestabilizou a equipa, enervou o plantel, porque ninguém percebeu por que razão foi comprado e ainda menos por que carga de água entrou logo no onze, quando este estava a carburar e a ganhar.

DEVO CONFESSAR que até concordo com a estratégia de Vieira. Os sócios não a percebem porque só olham para os resultados desportivos, querem vitórias, e o dinheiro não lhes diz nada.

Mas, hoje, os clubes são empresas – e, se não funcionarem bem como empresas, se não tiverem boa gestão financeira, estão tramados. Veja-se o que aconteceu ao Manchester City, que vai estar dois anos afastado das competições europeias.

Luís Filipe Vieira está a fazer bem as coisas. E tem em Lage um treinador que o compreende e o ajuda. Só que isso deve ser assumido perante os sócios. Vieira tem de dizer preto no branco: “O Benfica tem de ter saúde financeira, o futebol, hoje, não se resume aos resultados desportivos, estes têm por vezes de ser sacrificados em prol de uma boa gestão empresarial”. 

Isto tem de ser dito olhos nos olhos. Não pode ser feito nas costas dos sócios, às escondidas. Porque, desse modo, vão gerar-se cada vez mais mal-entendidos. E os conflitos agudizar-se-ão.