China rebate críticas   à forma como está   a lidar com o coronavírus

China rebate críticas à forma como está a lidar com o coronavírus


Governo chinês divulga discurso em que o Presidente Xi Jinping garante que começaram a ser tomadas medidas de prevenção a 7 de janeiro.


Com o Governo sob fogo devido à forma como está a lidar com o novo coronavírus, um vídeo publicado pela imprensa estatal chinesa no sábado indica que o Presidente da China, Xi Jinping, estava a par da potencial gravidade da infeção ainda antes de o público chinês ter sido alertado para o assunto. Numa altura em que a propagação da epidemia parece estar a desacelerar, foi confirmada a primeira morte na Europa causada pelo vírus.

É a primeira vez que as autoridades chinesas admitem que Xi estava informado sobre o coronavírus bem antes do público. O vídeo divulgado pela imprensa chinesa mostra Xi a discursar, no dia 3 de fevereiro, num encontro do comité permanente do Politburo, o mais alto órgão do Partido Comunista da China, cujas discussões costumam permanecer em segredo. 

Neste, o Presidente chinês afirmou que deu instruções sobre como combater e controlar o alastramento do vírus no dia 7 de janeiro. “Tenho monitorizado, a toda a hora, a propagação da epidemia e o progresso dos esforços para contê-la, emitindo constantemente ordens orais e também instruções”, disse Xi no dia 3 de fevereiro, citado pelo New York Times, acrescentando que autorizara a quarentena sem precedentes de Wuhan, cidade epicentro da epidemia. 

O coronavírus é um dos maiores desafios políticos que o líder da China tem enfrentado desde que chegou ao poder. Com a publicação do discurso, o Governo parece querer combater a onda de críticas de que o país asiático não teve uma atuação célere no controlo e prevenção do vírus. Mas a sua divulgação também pode abrir portas a novas críticas, levantando dúvidas sobre o porquê de a população não ter sido avisada mais cedo.

 

Propagação a Diminuir

A Comissão Nacional de Saúde anunciou que havia 2009 novos casos do Covid-19 reportados, no sábado, na China continental, o terceiro dia consecutivo em que o número de novos infetados diminuiu. Até à data, segundo as autoridades, foram relatados 68 500 casos e morreram quase 1700 pessoas (números globais) desde que o surto se iniciou, na província de Hubei. O número de mortes aumentou, mas a taxa de mortalidade permanece estável – numa altura em que a China anunciou um pico de 15 mil novos casos na quinta-feira, por efeito do novo método de contagem das pessoas infetadas. 

Entretanto, segundo a CNN, outros 70 casos foram confirmados no cruzeiro Diamond Princess – a embarcação em quarentena em Yokohama, Japão -, totalizando 356 infeções a bordo. E o Governo dos EUA repatriou ontem os passageiros norte-americanos.

Na véspera tinha morrido em França a primeira vítima do coronavírus na Europa. Trata-se de um turista chinês de 80 anos, segundo a ministra da Saúde francesa, Agnès Buzyn. É apenas a quinta vítima mortal fora da China continental causada pela epidemia. O coronavírus é motivo de preocupação de saúde pública, mas o risco para as pessoas fora da China permanece muito baixo – a gripe sazonal é uma ameaça mais eminente, por exemplo.