Cavaco Silva considera despenalização da eutanásia “um retrocesso” e pede referendo

Cavaco Silva considera despenalização da eutanásia “um retrocesso” e pede referendo


Assembleia da República debate a 20 de fevereiro cinco projetos de lei para a despenalização da morte assistida.


Aníbal Cavaco Silva considerou, esta quarta-feira, que a despenalização da eutanásia é “um grave erro moral” e a decisão “mais grave” que o Parlamento pode tomar, defendendo a realização de um referendo.

Em declarações à Rádio Renascença, o antigo Presidente da República disse que despenalizar a eutanásia terá “consequências assustadoras” e será “um retrocesso”.

"Considero a legalização da eutanásia a decisão mais grave para o futuro da nossa sociedade que a Assembleia da República pode tomar. É abrir uma porta a abusos na questão da vida ou da morte de consequências assustadoras", afirmou Cavaco Silva.

O também ex-primeiro-ministro defendeu ainda que "os deputados não podem tratar com leviandade o bem mais precioso de cada indivíduo, a vida".

Cavaco Silva recordou ainda os projetos de despenalização da eutanásia, apresentados pelo PS, BE, PAN e Verdes, chumbados em 2018 no parlamento.

"Em maio de 2018 foram derrotados na Assembleia da República os partidos que querem fazer de Portugal um dos pouquíssimos países do mundo em que a lei permite a eutanásia, isto é, que um médico possa provocar a morte a outra pessoa. Apesar de derrotados há menos de dois anos, esses partidos insistem agora em aprovar a despenalização da eutanásia, apenas três meses após o início da nova legislatura", realçou.

"Estando em causa a questão da vida ou da morte, apelo a todos a que lutem para que a Assembleia da República ouça a voz do povo através da realização de um referendo. É uma decisão tão grave que deve ser amplamente discutida e explicada antes de ser decidida", defendeu, referindo ainda que se os deputados recusarem o referendo, "os portugueses que defendem o primado da vida humana devem registar o nome daqueles que, na Assembleia da República, votaram a favor da eutanásia" porque "para o futuro, é importante não esquecer quem são os responsáveis por tão grave erro moral".

Recorde-se que a Assembleia da República debate a 20 de fevereiro cinco projetos de lei para a despenalização da morte assistida, do BE, PS, PAN, PEV e Iniciativa Liberal.

Tal como aconteceu na primeira votação no Parlamento, em 2018, o atual bastonário dos médicos e antigos bastonários vão pedir uma audiência a Marcelo Rebelo de Sousa para apresentar um manifesto contra a despenalização da eutanásia, considerando que não pode ser  vista como um ato médico.

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