Angola. PGR desmente quaisquer negociações com Isabel dos Santos

Angola. PGR desmente quaisquer negociações com Isabel dos Santos


Plano previa devolução de dinheiro por parte de Isabel dos Santos em troca da queda das acusações. Justiça angolana rejeitou esse cenário.


“Não há qualquer negociação em curso com a cidadã Isabel dos Santos ou seus representantes, referente aos processos (criminais e cíveis) que contra ela decorrem”. O comunicado da Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola é esclarecedor: as notícias dos últimos dias, dando conta da intenção de Isabel dos Santos de negociar a devolução de dinheiro a Angola – referente às dívidas contraídas junto da Sonangol e da Sodiam – em troca do levantamento das acusações de que é alvo, são manifestamente exageradas.

O desmentido da PGR angolana, ontem divulgado, é justificado com a necessidade de “repor a verdade e esclarecer a opinião pública nacional e internacional”. “Não há qualquer posicionamento, manifestação ou ato da PGR a respeito de qualquer iniciativa de negociação com a cidadã Isabel dos Santos”, lê-se na nota do órgão liderado por Hélder Pitta Grós.

O Expresso havia adiantado no sábado, 1 de fevereiro, que Isabel dos Santos estaria a negociar, através dos seus advogados, a devolução de 193 milhões de euros à petrolífera Sonangol, de 146 milhões de euros à empresa de diamantes Sodiam e ainda de 38 milhões de euros retirados de uma conta da Sonangol, alegadamente já depois de ter sido exonerada da presidência da empresa pelo Governo de João Lourenço. De acordo com a justiça angolana, Isabel dos Santos terá usufruído ilicitamente dessas verbas para financiar a entrada no capital da portuguesa Galp e da holding usada para adquirir a joalheira de luxo suíça De Grisogono, gerida pelo seu marido, Sindika Dokolo – e que na última semana declarou falência.

Posições à venda Entretanto decorre o processo para a venda das posições que Isabel dos Santos (ainda) detém no capital de empresas portuguesas que controlou nos últimos anos. Há, pelo menos, cinco interessados nos 42,5% do EuroBic que pertencem à empresária angolana. O banco liderado pelo ex-ministro Teixeira dos Santos procura concluir o processo até abril, estando dependente da aprovação do Banco de Portugal e dos restantes acionistas, nomeadamente Fernando Teles (que possui 37,5% do capital do banco). Após a concretização do negócio, o EuroBic deverá mudar de nome.

Também à venda está a posição de Isabel dos Santos na Efacec. A filha do ex-Presidente de Angola José Eduardo dos Santos detém 67,2% da empresa (os restantes 28% pertencem à MGI Capital) e já deu indicações ao conselho de administração para avançar com os procedimentos necessários à venda da sua posição. Fundos de investimento e empresas industriais já manifestaram interesse na mesma.