Campeonato. Jornada pela metade, a final entalada  e viva a chinfrineira!

Campeonato. Jornada pela metade, a final entalada e viva a chinfrineira!


Final da Taça da Liga entre Braga e FC Porto (amanhã às 19h45), cinco jogos no domingo, com Paços de Ferreira-Benfica (17h30), dois na segunda, com Sporting-Marítimo, dois na terça, com FC Porto-Gil Vicente, e um na quarta. Um pandemónio!


Só um cérebro intrincadamente dominador da ciência dos algoritmos ou um pascácio com um descaramento divino digno do Alencar do Eça seria capaz de desenhar um calendário assim. Tudo ao molho, num pandemónio grotesco que começa a deixar cada vez mais evidente que a Taça da Liga, nos moldes em que atualmente existe, está destinada a um futuro fúnebre, sem espaço para sobreviver num calendário que a desprestigia ao ponto de a misturar com qualquer jornada do campeonato.

Bem, não é propriamente uma jornada qualquer porque é a primeira da segunda volta e a que se segue ao golpe duro para os portistas – e alegre para os benfiquistas – de se terem visto, de repente, a sete pontos do líder desta prova à qual alguns dirigentes indigentes teimam em dar tratos de polé. Verdade se diga que a final de amanhã da Taça da Liga, jogada neste esquema bizantino de final four, cai que nem ginjas para os rapazes de Sérgio Conceição, e bastou ver a forma desenfreada como comemoraram a eliminação do Vitória de Guimarães na meia-final para se perceber como o paradigma mudou da noite para o dia: depois de anos a fio a depreciarem a competição, os portistas vêm nela, se calhar, a grande oportunidade para enfunarem o peito para o resto da época que se segue. Resta, claro, saber se o Braga de Rúben Amorim, encavalitado nas suas quatro vitórias consecutivas, duas delas frente ao FC Porto e ao Sporting, está pelos ajustes. Ainda por cima cabendo-lhe jogar na sua casa da Pedreira e vivendo inequívocos dias de compreensível alegria.

Estávamos habituados a ter um fim de semana totalmente destinado ao apreciar das vicissitudes da Taça da Liga mas, convenhamos, tantas paragens se sucederam entretanto, tantos foram os domingos sem futebol que passou a ser impossível inventar datas para encaixar o que ainda é preciso jogar até final da época. Por isso, e para compensar o jejum prolongadíssimo do Natal, que roçou o ridículo, para não dizer pior, tomem lá agora com um ror de jogos que se irão prolongar por amanhã (Braga-FC Porto, às 19h45), por domingo – cinco embates da jornada n.o 18, entre os quais o Paços de Ferreira-Benfica (17h30) –, por segunda (Vitória de Guimarães-Rio Ave, 18h45, e Sporting-Marítimo, 21h00), por terça (FC Porto-Gil Vicente, 20h15) e por quarta-feira (Moreirense-Braga, 20h15). Brilhante! É, de facto, umas das maiores chinfrineiras a que temos assistido. De fazer inveja a qualquer amostra de Boxing Day.

Tons vermelhos Bruno Lage, o treinador do Benfica, não teve dúvidas a seu devido tempo: atirou para os assuntos de lana-caprina a Taça da Liga logo na fase de grupos, da qual saiu pela porta do cavalo. Como sempre acontece, só as festas de maio poderão ou não dar-lhe razão, ainda que, na nossa opinião, seja tão facilitada a vida dos quatro melhores clubes portugueses nessa altura que é preciso fazer (quase) um esforço para não aceder à tal final a quatro que amanhã vai conhecer o vencedor. Talvez estejam os adeptos encarnados fartos de colecionarem troféus daqueles, capazes até de, num gesto de boa vontade, permitir ao grande rival do Porto levar o seu primeiro para o museu das Antas, se o Braga permitir. Seja como for, Lage ficou com tempo para preparar uma saída com laivos de complicada ao campo do Paços de Ferreira, muito atrapalhado para se ir mantendo acima da linha de água, mas em fase de recuperação que faz com que os pacenses não conheçam a derrota há quatro jornadas consecutivas.

Depois de ter conquistado um avanço muito confortável no virar da primeira volta, é do maior interesse para os encarnados conservá-lo até ao dia cada vez mais próximo de se deslocarem ao campo do seu único autêntico perseguidor, o FC Porto. E, para isso, precisam de garantir uma vitória no domingo e, logo em seguida, na sexta-feira, 31 de janeiro, quando o clube anteriormente conhecido por Belenenses visitar a Luz. Para quem, até ao momento, só não venceu um jogo – precisamente face ao FC Porto, em casa –, não parece uma tarefa hercúlea. Mas o jogo contra o Desportivo das Aves ainda deve fazer soar muitas campainhas de alerta no seio dos campeões nacionais.