Sem espuma


Sem maior produtividade não há riqueza futura, mas sim decadência de uma pirâmide demográfica que, a perpetuar-se, colocará o país na senda do imobilismo.


Por estes dias, por dever de função, dediquei-me a ler um excelente relatório a respeito da produtividade em Portugal, o qual permite traçar comparações e desvendar razões pelas quais a nossa economia não cresce de forma robusta e sustentada.

De forma geral, entre outros aspetos, avultam os níveis de investimento baixos, os quais, público e privado, são instrumentais para aumentar o produto potencial, isto é, a riqueza que estamos em condições de criar no futuro. A média europeia cifra-se bem acima dos 20% do PIB, embora no nosso caso se situe significativamente aquém. Temos um rácio de capital por trabalhador muito insuficiente. Empresas endividadas, dificuldades na contração de crédito e escassa poupança obrigam-nos a depender do investimento estrangeiro. Todavia, para que seja possível atrair o mesmo em volume e qualidade que contribuam para elevar o padrão competitivo da economia, impõe-se, tal qual o relatório sublinha, remover obstáculos indesejáveis. A morosidade do sistema de justiça, as infindáveis teias burocráticas, a instabilidade legislativa e fiscal, entre outros, devem estar na linha de fogo das políticas públicas.

O desafio de uma economia aberta, de padrão competitivo, que anseia por melhores salários e níveis de bem-estar mais elevados, não pode ser outro senão um mercado de trabalho menos segmentado – em que uns têm bastante mais que outros – e o avanço da digitalização e de processos tecnologicamente avançados, para que não estejamos a produzir profissionais de ponta que não encontram em Portugal espaço de afirmação dos seus projetos de vida.

Os recursos humanos são cada vez mais móveis, já não é apenas o capital. Não basta formar, mas reter, e, para reter, num mundo de mobilidade democrática, os laços identitários não se julgam pelo local onde se vive.

Creio que ainda estamos longe de perceber como combater o que já avistamos em algumas profissões e cuja tendência inexorável se manifesta.

Concentremo-nos no essencial: sem maior produtividade, não há melhores salários, não há riqueza futura, mas sim decadência de uma pirâmide demográfica que, a perpetuar-se, colocará o país na senda do imobilismo e da resignação. Cabe a todos perceber isso e agir.

Deputado


Sem espuma


Sem maior produtividade não há riqueza futura, mas sim decadência de uma pirâmide demográfica que, a perpetuar-se, colocará o país na senda do imobilismo.


Por estes dias, por dever de função, dediquei-me a ler um excelente relatório a respeito da produtividade em Portugal, o qual permite traçar comparações e desvendar razões pelas quais a nossa economia não cresce de forma robusta e sustentada.

De forma geral, entre outros aspetos, avultam os níveis de investimento baixos, os quais, público e privado, são instrumentais para aumentar o produto potencial, isto é, a riqueza que estamos em condições de criar no futuro. A média europeia cifra-se bem acima dos 20% do PIB, embora no nosso caso se situe significativamente aquém. Temos um rácio de capital por trabalhador muito insuficiente. Empresas endividadas, dificuldades na contração de crédito e escassa poupança obrigam-nos a depender do investimento estrangeiro. Todavia, para que seja possível atrair o mesmo em volume e qualidade que contribuam para elevar o padrão competitivo da economia, impõe-se, tal qual o relatório sublinha, remover obstáculos indesejáveis. A morosidade do sistema de justiça, as infindáveis teias burocráticas, a instabilidade legislativa e fiscal, entre outros, devem estar na linha de fogo das políticas públicas.

O desafio de uma economia aberta, de padrão competitivo, que anseia por melhores salários e níveis de bem-estar mais elevados, não pode ser outro senão um mercado de trabalho menos segmentado – em que uns têm bastante mais que outros – e o avanço da digitalização e de processos tecnologicamente avançados, para que não estejamos a produzir profissionais de ponta que não encontram em Portugal espaço de afirmação dos seus projetos de vida.

Os recursos humanos são cada vez mais móveis, já não é apenas o capital. Não basta formar, mas reter, e, para reter, num mundo de mobilidade democrática, os laços identitários não se julgam pelo local onde se vive.

Creio que ainda estamos longe de perceber como combater o que já avistamos em algumas profissões e cuja tendência inexorável se manifesta.

Concentremo-nos no essencial: sem maior produtividade, não há melhores salários, não há riqueza futura, mas sim decadência de uma pirâmide demográfica que, a perpetuar-se, colocará o país na senda do imobilismo e da resignação. Cabe a todos perceber isso e agir.

Deputado