O turismo volta a acelerar em Portugal. Em novembro, o setor recebeu 1,8 milhões de hóspedes e 4,1 milhões de dormidas, o que representa um aumento de 12,5% e 7,2%, respetivamente, face ao mês anterior, revelou o Instituto Nacional de Estatística (INE).
Este crescimento deve-se, em grande parte, ao aumento das dormidas de residentes, que subiram 14,1% – ainda assim, representa um decréscimo de 0,8% face a outubro –, enquanto as de não residentes aumentaram 4,2% (uma subida de 2,6% quando comparada com o mês anterior).
Mas os números são mais significativos se forem contabilizados os turistas que o país recebeu desde o início do ano. Ao todo, os estabelecimentos turísticos receberam cerca de 25,4 milhões de hóspedes, um aumento de 7,1% face a igual período do ano passado, correspondentes a mais de 66 milhões de dormidas.
Apesar desta evolução positiva, a estada média tem vindo a diminuir, com quebras cada vez mais acentuadas. Entre janeiro e novembro, os hóspedes passaram, em média, apenas 2,6 noites nos alojamentos, uma quebra de 3%. A taxa de ocupação acabou por cair para 48,8%. Só em novembro, a estada média fixou-se em 2,32 noites.
Já as receitas arrecadadas mantêm o ritmo de abrandamento. O rendimento médio por quarto disponível fixou-se em 51,3 euros no período de janeiro a novembro, um aumento de apenas 1,8%. Já os proveitos totais arrecadados pela hotelaria ultrapassaram os 4 mil milhões de euros, uma subida homóloga de 7%. Mas tendo em conta apenas o mês de novembro, os proveitos totais aumentaram 10,2%, atingindo os 229,6 milhões de euros, enquanto os proveitos de aposento se fixaram em 164,8 milhões de euros, crescendo 9,3%.
EUA e China em destaque As dormidas dos mercados externos (peso de 68% em novembro) cresceram 4,2% e atingiram os 2,8 milhões. Aliás, os 16 principais mercados emissores representaram 83,3% das dormidas de não residentes nos estabelecimentos de alojamento turístico em novembro.
O mercado britânico é o que continua a liderar, ao representar 16% do total das dormidas de não residentes, e registou um aumento de 4,1% em novembro. No entanto, no conjunto dos 11 primeiros meses do ano, este mercado cresceu apenas 1,3%.
Já as dormidas de hóspedes alemães (13,1% do total) diminuíram 6,8% em novembro, evolução semelhante à registada quando considerado o período de janeiro a novembro (menos 6,9%). Por sua vez, o mercado espanhol (10,3% do total) cresceu 4,7% em novembro. Mas, desde janeiro, este mercado aumentou 6,4%.
As dormidas de hóspedes brasileiros (7,7% do total) registaram um crescimento de 9,1% em novembro. No conjunto dos primeiros 11 meses do ano, este mercado aumentou 13,7%.
Em novembro, o INE destacou também os mercados chinês (+25,9%), norte-americano (+20,2%) e canadiano (+19,6%). Desde o início do ano, o realce vai para os mercados norte-americano (+19,8%) e chinês (+17,2%).
Só madeira é que cai Em novembro, em termos regionais registaram-se aumentos das dormidas em todas as regiões, com exceção da Madeira (-6,3%), com o Alentejo, Centro e Norte a destacarem-se com crescimentos de 14,1%, 12,4% e 11,2%, respetivamente.
A Área Metropolitana de Lisboa concentrou 32,4% das dormidas, seguindo-se o Algarve (com uma quota de 19,4%) e o Norte (com um peso de 17,6%).
Desde o início do ano, são de realçar os acréscimos no Norte (com mais 9,5%), Alentejo (mais 7,8%) e Açores (mais 6,7%), refere ainda o INE.«
Investimento acompanha tendência do setor O investimento em novos hotéis não para de aumentar e chega mesmo a atingir níveis recorde. E os dados falam por si: só nos primeiros seis meses do ano passado foram investidos 469 milhões de euros. Trata-se de um nível inédito – o pico máximo anual tinha sido registado em 2008, altura em que o montante aplicado se fixou em 275 milhões de euros. “Pela primeira vez, o mercado nacional iguala a dinâmica registada em Espanha, que no mesmo semestre contabiliza 461 milhões de euros”, revelou um estudo da Cushman & Wakefield.
A fórmula é simples: “A hotelaria é vista cada vez mais como um setor válido de investimento, assumido na forma de propriedade e operação, bem como no investimento para rendimento. A Península Ibérica tem observado nos últimos anos uma canalização de investimento significativa, sendo a origem do capital predominantemente estrangeira”, afirmou Gonçalo Garcia, head of hospitality Portugal da consultora.
O estudo diz ainda que o mercado nacional atravessa um momento particularmente forte desde 2018, depois de ter registado um aumento de 51% no volume transacionado, atingindo um recorde de dez anos (226 milhões de euros). No entanto, lembra que “o mercado hoteleiro se encontra numa fase de desenvolvimento marcada por um número ainda limitado de hotéis com marca internacional, que contabilizam apenas 38% da oferta total, localizando-se sobretudo nas principais cidades e integrando o segmento alto e/ou de luxo”.
Face a esta aposta, é natural que investidores estejam mais focados em localizações e ativos prime. E os números falam por si: 73% dos ativos transacionados nos últimos cinco anos estão localizados em Lisboa – considerado o destino mais popular –, logo seguida pelo Porto.
O cenário é bem diferente em relação à vizinha Espanha. Por ser considerado um mercado mais maduro – com um maior stock de hotéis com marca em todas as categorias –, encontra-se em expansão para cidades secundárias e terciárias, e daí estar a registar um maior número de transações de ativos fora das localizações urbanas prime e nos segmentos mais baixos. “Nos últimos cinco anos, 65,7% do volume transacionado em Espanha foi em cidades secundárias e terciárias e, em termos de categorias dos hotéis, os segmentos alto e de luxo contabilizam apenas 20% do volume”, diz o mesmo documento.
Governo prevê que ano feche com valores recorde
O Governo espera fechar o ano de 2019 com um novo valor recorde: 18,1 mil milhões de euros de receitas turísticas e cerca de 27 milhões de hóspedes. A confirmar-se, será alcançado um novo recorde neste indicador, depois dos mais de 16 mil milhões que o setor arrecadou em 2018, e dos cerca de 25,2 milhões de hóspedes recebidos. A garantia foi dada pela secretária de Estado do Turismo, que falava num encontro organizado pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP).
Rita Marques garantiu ainda que o turismo está a “entrar num novo capítulo” e definiu três prioridades para os próximos anos: garantir que a oferta é “elástica para captar a atenção de suficientes mercados” e assegurar uma “gestão eficiente da sazonalidade” e a coesão territorial.