Segurança. Ano novo, as mesmas condições: falta efetivo e veículos

Segurança. Ano novo, as mesmas condições: falta efetivo e veículos


Há equipas de intervenção rápida sem veículos próprios. No Natal, os agentes tiveram de usar carros de patrulha, de cinco lugares, onde não há espaço sequer para o equipamento.


A falta de efetivo policial e de condições de trabalho na Polícia de Segurança Pública (PSP) é uma das realidades que saltou do ano passado para 2020. A situação não é nova, e tende a agravar-se com o passar do tempo.

Nas divisões de Loures, Cascais e Oeiras, as Equipas de Intervenção Rápida, criadas para dar apoio em situações de emergência não têm carrinhas próprias – de nove lugares, que se destinam, sobretudo, a estas equipas compostas por seis ou oito elementos. No Natal, segundo denúncias dos agentes da PSP ao i, as equipas de intervenção chegaram a sair da esquadra em carros de patrulha – que são veículos de cinco lugares e não têm sequer espaço para o equipamento destas equipas, como capacetes, bastões e armamento.

Em Loures, Cascais e Oeiras existem cinco equipas de intervenção e nenhuma delas tem viatura própria, soube o i. Aliás, neste contexto, a Organização Sindical dos Polícias da Polícia de Segurança Pública (OSP/PSP) emitiu um comunicado onde denuncia esta e outras falhas que “levantam graves preocupações quanto à segurança dos polícias e das instalações policiais”.

Ao i, Pedro Carmo, presidente da OSP, explicou que a tutela, de facto, aumentou o número de veículos, mas que estes não são suficientes, “existindo um claro desinvestimento na segurança”. Além disso, “desde novembro que, quando os veículos avariam, tudo o que não está dentro da garantia, ou não foi dado pelas câmaras municipais fica simplesmente encostado, porque não há dinheiro para reparar”, acrescentou Pedro Carmo.

A par da falta de veículos, o número reduzido de efetivo é outra das preocupações dos agentes que todos os dias sentem que a sua atividade fica comprometida por falta de meios e de condições de trabalho.

Esta semana, em várias divisões da PSP “estão a ocorrer situações de falta de sentinelas, estando o graduado de serviço completamente sozinho nas instalações policiais, tendo à sua responsabilidade uma esquadra, de receber denúncias, atender telefones, fazer comunicações via rádio, controlar a entrada e saída de pessoas”, explicou a OSP. Como exemplo, esta estrutura sindical refere que no Comando Metropolitano do Porto, de Lisboa e no Comando Distrital de Santarém “existem turnos com apenas um único sentinela na esquadra, sem carro de patrulha”. Pedro Carmo acrescentou ainda que “não existe nenhum serviço público que tenha apenas um elemento nas instalações”, à exceção da Polícia de Segurança Pública.

Especificamente em Oeiras, também as brigadas anticrime “têm tido apenas um elemento de serviço”, acrescentou a Organização Sindical dos Polícias. E, além de as equipas de intervenção rápida desta cidade não terem viatura própria para a sua missão, são constituídas por apenas três ou quatro elementos. O mesmo acontece em Cascais, “o que é manifestamente pouco em caso de manifesta necessidade”, diz o sindicato.

Em Santarém, a situação não é melhor: à exceção das esquadras sede, nunca existe sequer um sentinela em todas as outras. “E ainda mais grave, a Esquadra Sede de Santarém, apesar de ter um elemento à porta por turno, são elementos desarmados por motivos de processos”.

A nível nacional, a realidade é semelhante a todos os exemplos dados, já que no interior do país, em cidades como Coimbra, Évora ou Beja, as equipas de intervenção rápida, além de serem menos do que o recomendado, têm apenas três ou quatro elementos. “Às vezes, o carro mais próximo está a 30 quilómetros de distância de onde é preciso”, referiu Pedro Carmo.

A Organização Sindical dos Polícias pediu à Direção Nacional da PSP uma tomada de posição e de medidas urgentes, “antes que alguma situação de perigo se venha a consumar”. Sobre estas denúncias, fonte da Direção Nacional da PSP explicou ao i que as respostas são dadas de forma articulada com o Ministério da Administração Interna. No entanto, não foi possível obter qualquer resposta da tutela.

O i tentou contactar a Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), mas não foi possível até ao fecho desta edição.