Um PSD à Cavaco, a reportagem falsa de Pinto Luz e diretas “limpas”

Um PSD à Cavaco, a reportagem falsa de Pinto Luz e diretas “limpas”


Montenegro promete partido mobilizado e alerta para pagamentos de quotas em massa. Já Rio pediu ato eleitoral democrático e autarca em Cascais lançou vídeo polémico sobre passagem à segunda volta.


Os três candidatos à liderança do PSD – Rui Rio, Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz – esgotam os últimos argumentos antes das eleições do próximo dia 11. Luís Montenegro esteve ontem na TSF (e na véspera na CMTV) a defender a mesma ideia: quer um PSD à Cavaco Silva.

“Vamos ter um PSD à Cavaco, forte, mobilizado, um PSD basista, um PSD com uma ligação muito íntima à sociedade civil”, declarou Montenegro à TSF, não sem antes alertar para o pagamento massivo de quotas em algumas estruturas, apoiantes do adversário Rui Rio, quarenta horas antes do encerramento do prazo no passado mês de dezembro. Montenegro insistiu que a responsabilidade da transparência do processo eleitoral é do líder e recandidato, Rui Rio.

Na véspera, o líder do PSD disse esperar que as diretas sejam “um ato limpo e democrático” e com regras iguais para todos, seja no Continente ou nas Regiões Autónomas. Isto numa altura em que a Madeira tem um diferendo com a sede nacional por causa das quotas.

Ontem, o também vice-presidente do PSD, David Justino, colocou as fichas todas no discurso de que o presidente social-democrata é o candidato com o projeto para o País. E disse-o no programa Almoços Grátis, na TSF, alegando que “há uma linha que separa os candidatos que são herdeiros do ‘Passismo’ e o que não é [Rui Rio]”. Ora, hoje e amanhã, o líder do PSD terá oportunidade (se o quiser) de usar o palco do Parlamento para confrontar o primeiro-ministro e o ministro das Finanças, Mário Centeno, sobre o Orçamento.

 

Reportagem polémica

Logo pela manhã de ontem, o candidato Miguel Pinto Luz surgiu em vídeo numa reportagem fictícia, com o logo da SIC e vários comentadores – desde Marques Mendes, Clara Ferreira Alves, Miguel Sousa Tavares a Paulo Baldaia – a falar sobre o perfil do candidato ou a referirem que era a surpresa desta eleição. O enredo tinha por base um cenário: Pinto Luz passaria à segunda volta das eleições. O candidato disse que era uma reportagem fictícia, mas que poderia ser “provável”. Os estatutos, recorde-se, impõem uma segunda volta (dia 18) se nenhum dos candidatos conseguir 50 % mais um voto.

A ideia de Pinto Luz causou mal-estar entre alguns dos comentadores. Um deles admitiu à Lusa tratar-se de um caso insólito (pedindo para não ser identificado) e outro comentador garantiu ao i, sob anonimato, que não iria perder um minuto com este caso. Porém, a SIC, citada pela Lusa, pediu para que todo o material ligado à estação televisiva fosse retirada do vídeo.

 

Na Madeira, Albuquerque não pode votar

Além disso, há uma guerra surda na Madeira. A secretaria-geral do PSD nacional só admitiu 104 militantes aptos a votar, mas o PSD regional, que goza de autonomia, diz que há 2500 militantes com quotas pagas, entre eles está boa parte da direção regional da Madeira, incluindo o líder regional, Miguel Albuquerque e o secretário-geral regional, José Prada. A divergência reside na forma de pagamento das quotas. Boa parte dos militantes registados na Madeira pagam as quotas na sede regional, mas os regulamentos da sede nacional defendem que só aceitam pagamentos por referência multibanco, débito direto, MBway, cartão de crédito, cheque ou vale postal. Ou seja, o processo é todo ele centralizado pela secretaria-geral.

O caso chegou ao Conselho de Jurisdição Nacional, que se limitou a dizer que os regulamentos internos não admitem exceções. José Prada, dirigente regional, assegura ao i: “[No sábado] nós vamos todos votar”. Isto, mesmo que o voto não seja aceite porque a quota não foi contabilizada. No limite, as eleições podem ser alvo de impugnação.

A polémica instalou-se e o mandatário da Madeira da candidatura de Rui Rio, Alberto João Jardim, emitiu um comunicado a criticar o PSD/Madeira.