A associação ambientalista Zero defendeu esta segunda-feira que a interdição de seis horas de voos durante o período da noite, em Lisboa, não deveria ser apenas até junho, mas para sempre. As declarações surgiram na sequência das alterações que entraram em vigor esta segunda-feira – sobre a proibição de voos durante o período noturno, entre as 23h30 e as 5h30, nos próximos seis meses por motivos de obras.
A Zero considerou “inacreditável a incapacidade das entidades regulatórias de fazerem cumprir a legislação”, lê-se no comunicado. Além disso, esclarece que as obras feitas durante os próximos meses “incluem-se obviamente na estratégia de expansão do Aeroporto Humberto Delgado” e “terão como efeito imediato o aumento potencial do número de movimentos, pelo que o seu efeito cumulativo no ambiente e na qualidade de vida das populações deveria ter sido avaliado”.
Os impactos na qualidade do ar, do ruído e também sobre as habitações próximas do aeroporto da capital são os pontos que a Zero quer ver avaliados e esclarecidos, já que, por exemplo, “não existe um Plano de Ação para o Ruído que assegure o cumprimento dos valores-limite legislados”.
No ano passado, entre os dias 5 e 14 de julho, a Zero constatou que “foi ultrapassado o número máximo permitido de movimentos aéreos diários”, um valor apelidado de “escandaloso”, já que durante alguns períodos foi atingida uma média de 184 voos, quando as recomendações presentes na legislação apontam para apenas 91 voos.
Sobre estes números, a Entidade Coordenadora do Processo de Atribuição de Faixas Horárias – que faz parte da ANA Aeroportos de Portugal S.A. –, “considerou que todos os voos em excesso se justificaram por motivos de força maior”, referiu a Zero.