Natal pelo mundo. Conheça as tradições mais fora da caixa

Natal pelo mundo. Conheça as tradições mais fora da caixa


Em Portugal estamos habituados no Natal ao típico jantar da consoada, a abrir os presentes à meia-noite do dia 25, a ir à missa ou até a ver um típico filme da época. Num planeta com mais de sete mil milhões e meio de pessoas e quase 200 países, são muitas as tradições que existem…


Áustria e Alemanha. Um Natal demoníaco 

Existe o Pai Natal, aquele senhor de barbas brancas, fato vermelho e que delicia as crianças com as prendas pedidas ao longo de um ano. E depois existe o Krampus, a sua versão demoníaca. Em países como a Áustria e a Alemanha é comum rapazes mascararem-se desta criatura mitológica e nas duas primeiras semanas de dezembro, no dia 5 em especial, vaguearem pelas ruas das cidades, com correntes e sinos enferrujados, a assustar as pessoas. O Krampus avisa e pune as crianças que se portam mal durante o ano. Nas zonas mais rurais, devido ao trabalho que dá fazer este tipo de máscara, há até concursos de melhor fato. Nada melhor que um belo susto para prenda de Natal. 

Suécia. Um Natal com o pato Donald 

São várias as famílias que durante a época natalícia se juntam à volta da televisão e veem um filme típico da quadra. Em Portugal é já quase uma tradição ver o Sozinho em Casa ou um filme da saga Harry Potter, que por esta altura do ano são quase um dado adquirido nas televisões. Ora, na Suécia, todos os anos, na véspera de Natal, as famílias juntam-se por volta das 15 horas para assistir a um especial de Natal da Disney chamado From All of Us to All of You (que em sueco é conhecido como Kalle Anka och hans vänner önskar God Jul, que numa tradução direta significa “Donald Duck e os seus amigos desejam-lhe um Feliz Natal”). O programa é transmitido na televisão sueca desde 1959, sempre à mesma hora, sempre no mesmo dia, sempre no mesmo canal, e consiste em cerca de 12 cartoons da Disney dos anos 30, 40, 50 e 60.

Peru. Fazer as pazes à pancada 

Alguma vez pensou em fazer as pazes com alguém após uma luta ao estilo da MMA? No Peru, isso é possível. No dia 25 de dezembro, na pequena província de Chumbivilcas, as comunidades juntam-se para resolver os seus problemas através de lutas. Chama-se festival Takanakuy e, neste dia, qualquer pessoa pode convocar outra para lutar e assim resolver qualquer tipo de problemas que tenham. Há um juiz que controla a luta, para que ela não dure demasiado tempo nem ultrapasse os limites desejados. A tradição vem já desde os tempos em que este território fazia parte do Império Espanhol e tem como objetivo que não fique nada pendente entre vizinhos para o ano novo que se aproxima, de modo que no final tem de haver um abraço entre os envolvidos, para simbolizar a harmonia e a paz.

Espanha. O tronco que caga presentes

Na Catalunha, algumas semanas antes do Natal, mães e filhos vão à procura do tronco de árvore perfeito para fazer a famosa tradição do “Caga Tió”. A partir do dia 8 de dezembro, as crianças tapam o tió (tronco) e dão-lhe vida através de um rosto, precisando de o ir alimentando e aquecendo todos os dias. Chegado o dia 24 de dezembro, coloca-se o “Caga Tió” junto à lareira e as crianças começam a bater no tronco com um pau enquanto cantam: “Caga tronco, caga torrão/ Avelãs e queijo mató/ Se não cagares bem/ bato-te com um pau/ Caga tronco!” O objetivo é que o tió defeque presentes. Depois desta cerimónia, as crianças saem da sala e, aí, os pais colocam as prendas por baixo do cobertor. Para além desta tradição, os catalães têm ainda uma figura mítica sempre presente nos seus presépios, o “El Caganer”, que consiste em nada mais nada menos que a figura de uma pessoa a defecar. É considerado um sinal de abundância e prosperidade. 

Finlândia. Sauna de Natal

Num país habituado a temperaturas muito baixas e onde muitos dizem que o Pai Natal é original, não há nada como uma sauna para aquecer os corações na altura do Natal. 
Na capital da Finlândia, Helsínquia, começa-se a celebrar o Natal em novembro, juntando velhas e novas tradições, e no centro da cidade instala-se todos os anos uma sauna, que é gratuita e visitada por centenas de pessoas no dia 24 de dezembro. Os visitantes têm direito a todas as comodidades possíveis, desde chuveiro e roupa até chinelos. Basta aparecerem. Para além desta quente tradição, os finlandeses têm ainda um famoso festival de luzes chamado “Lux Helsinki”, que ilumina a capital com arte festiva.

Japão. Uma ceia de Natal de fast-food

As mesas repletas de comida típica das regiões ou países são uma marca das tradições de Natal mas, no Japão, essas especiarias típicas são substituídas por fast-food. É tradição neste país que o jantar de Natal seja passado numa mesa de um restaurante da cadeia Kentucky Fried Chicken (mais conhecida como KFC).  Os japoneses levam esta tradição de tal forma a sério que muitos fazem reservas nos restaurantes para o dia 24 meses antes porque, na véspera, as filas à porta dos KFC são intermináveis. A tradição vem já dos anos 70 e nasceu de uma campanha de marketing que surgiu naquele país em que Harland Sanders – fundador da cadeia – aparecia vestido de Pai Natal a comer o famoso frango frito. Nesta altura do ano é habitual ter uma estátua do coronel Sanders vestido de Pai Natal à porta dos restaurantes.

Irlanda. O Pai Natal também bebe

Em muitos países, ainda há a tradição de as crianças deixarem leite e biscoitos para o Pai Natal comer quando vai a suas casas deixar as prendas. Na Irlanda, essa tradição ganhou novos contornos e, ao invés desse snack, os irlandeses deixam ao Pai Natal uma torta de carne e uma cerveja da marca Guinness, ambos típicos daquele país. Além disso, é ainda costume deixarem uma cenoura para as renas. A esta tradição junta-se uma bem mais recente que virou moda nos últimos anos. Chama-se 12 Pubs of Christmas e consiste num género de maratona ou rali entre amigos por uma dúzia de pubs, existindo uma regra em cada um deles. Acontece sempre na semana do Natal. 

Filipinas. O Festival das Lanternas 

Nas Filipinas, no Sudeste asiático, realiza-se todos os anos o Festival das Lanternas Gigantes – originalmente “Ligligan Parul Sampernandu” –, no sábado anterior à véspera de Natal. O festival decorre na cidade de São Fernando e conta com a participação de 11 barangays – aldeias – que competem para tentar construir a lanterna maior e mais elaborada. O festival ganhou fama e atualmente atrai espetadores de todo o mundo, que querem ver estas brilhantes criações. Inicialmente, as lanternas não passavam dos 60 centímetros de altura e eram feitas de materiais simples como papel de hapon, que é normalmente usado para o origâmi japonês, mas, hoje, as lanternas chegam a ter seis metros de altura e contam com uma grande variedade de materiais.

EUA. Ruas enchem-se de Pais Natal

Já imaginou estar rodeado de milhares de Pais Natal? Nos Estados Unidos da América, é possível. A tradição nasceu em São Francisco, em 1994, e desde aí que tem vindo a crescer e a adquirir novos contornos. Todos os anos, milhares de pessoas vestidas das tradicionais personagens natalícias juntam-se em Nova Iorque para uma parada onde basicamente convivem entre si. Promove-se que os participantes usem roupas vermelhas e é proibido beber, para evitar conflitos. Também nos EUA é comum fazer maratonas no final de novembro e no início de dezembro onde as pessoas se vestem de forma natalícia. O objetivo é criar alegria nesta quadra e mostrar o seu espírito festivo. 

Holanda. O polémico Pai Natal 

A figura do Pai Natal varia muito de cultura para cultura, mas na Holanda vive, provavelmente, a mais polémica delas todas – sim, mais polémica que o Krampus alemão e austríaco. Falamos aqui do Zwarte Piet – que em português quer dizer Pedro, o Negro –, o ajudante de cara preta do Pai Natal. Todos os anos, no dia 5 de dezembro, Pedro chega à costa holandesa proveniente de Espanha e dá brinquedos e doces às crianças bem-comportadas. As que se portam mal são levadas para Espanha. Há quem alegue que a cara preta da personagem se deve a esta entrar pelas chaminés das casas para ajudar o Pai Natal, mas muitos não concordam e estão contra o ritual por o considerarem racista. Além disso, a ideia de levar as crianças para centenas de quilómetros de distância também não parece agradar muito aos holandeses.  

Itália. A bruxa de Natal

Há quem substitua o fato vermelho, a barriga avantajada, as barbase o barrete de Natal por uma vassoura, rugas e um nariz pontiagudo. Em Itália, além do Pai Natal existe a Befana, que é uma bruxa. Segundo as lendas daquele país, a bruxa Befana acolheu os Três Reis Magos quando estes se dirigiam para Belém e, no dia seguinte, quando eles a convidaram para se juntar a eles, a bruxa recusou.Depois disso, Befana arrependeu-se de não ter ido e ainda procurou os reis, mas não os encontrou. Desde então visita anualmente a casa de todas as crianças na noite de 5 para 6 de janeiro e deixa doces, frutas secas ou pequenos brinquedos nas meias dos bem-comportados, na esperança de que sejam o menino Jesus. Os malcomportados levam o famoso carvão nas suas meias. 

Venezuela. Um Natal em patins

Se estiver em Caracas, capital da Venezuela, na véspera de Natal, não estranhe se vir uma data de pessoas a passar por si de patins em linha: é porque, provavelmente, são religiosas. Sim, neste país há a tradição de ir à primeira missa do dia de patins. A tradição é levada de tal forma a sério que as ruas são inclusive fechadas ao trânsito por forma a facilitar o acesso às igrejas de todos os participantes. Além dos patins, também o skate e a bicicleta se tornam meios de transporte muito famosos por esta altura. Há bairros que organizam as chamadas patinatas, para que as pessoas possam patinar à vontade, e até festivais dedicados às crianças que queiram mostrar todos os seus dotes sobre rodas. Nada melhor do que um passeio de patins e uma ida à missa antes do famoso pernil de Natal venezuelano.