Flamengo e Liverpool vão mesmo medir forças no jogo derradeiro do Mundial de Clubes, agendado para o próximo sábado (dia 21). Confirma-se assim a passagem dos dois clubes considerados os principais favoritos à final da prova, mas desengane-se quem pense que este cenário ficou confirmado com uma perna atrás das costas. Longe disso. Depois de os brasileiros, orientados por Jorge Jesus, terem precisado de carimbar uma reviravolta em Doha (3-1), ante os sauditas do Al-Hilal, antiga equipa do técnico português, pode dizer-se que a surpresa desta quarta-feira ainda foi maior.
Os reds, campeões em título da Champions, sofreram para vencer os mexicanos do Monterrey (campeão da CONCACAF, representante da América do Norte e Central) na segunda meia-final, com o golo da vitória da equipa de Jürgen Klopp a ser apontado para lá do minuto 90.
De resto, de notar que o encontro esteve quase sempre empatado a uma bola, com os dois primeiros tentos da partida a surgirem entre os 10 e os 15 minutos. Depois de os ingleses terem inaugurado o marcador, por intermédio do guineense Naby Keita (11 minutos), o conjunto mexicano só precisou de três minutos para devolver a igualdade ao jogo.
Funes Mori, ponta de lança argentino que conta com dupla passagem pelo Benfica, aproveitou uma defesa incompleta do guardião dos reds e, na recarga, não desperdiçou, apontando o 1-1.
O empate prolongou-se até ao final do tempo regulamentar, com o 2-1 final a surgir por Firmino (91’). Após centro da direita de Alexander-Arnold, o ponta de lança, que tinha acabado de saltar do banco, para render Origi (85’), só precisou de desviar ao primeiro poste.
Uma despedida cruel para o conjunto mexicano, que deixou o Liverpool no caminho de Jesus, tal como era desejo do amadorense, de 65 anos.
JJ e a final mais importante da carreira
Ainda antes de saber qual seria o seu adversário, o português revelou que no fim de semana irá ter pela frente a “final mais importante da sua carreira”.
“Claro que é o jogo mais importante na minha carreira como treinador, como também do treinador que for à final. Se for o Liverpool, já tem uma Champions. Mas o Campeonato do Mundo vai ser cada vez mais importante e difícil. É a cereja em cima do bolo em relação à época que o Flamengo fez, aconteça o que acontecer na final. Mas sim: é a final mais importante da minha carreira”, disse Jesus, que procura conquistar o seu terceiro troféu ao serviço do Fla, depois da dobradinha histórica, com a conquista da Taça Libertadores e do Brasileirão.
Já com lugar reservado na história do conjunto do Rio de Janeiro, o treinador luso procura conquistar o seu terceiro título pelos cariocas – e colocar-se ainda mais num patamar único. Seria, aliás, um feito histórico também para o futebol português, uma vez que pode tornar-se o primeiro técnico luso a sagrar-se campeão mundial de clubes.
Pela frente terá, porém, um clube que, apesar de multititulado, com quase 60 troféus, ainda não tem no currículo a competição que decorre este ano no_Qatar. Aliás, o clube de Anfield procura alcançar um marco histórico com a conquista do seu primeiro título mundial.
O duelo entre os dois emblemas será, de resto, uma reedição da então Taça Intercontinental, de 1981, ano em que o Fla sorriu após vencer de forma categórica (3-0) os ingleses. Diga-se também que o conjunto da Premier League continua à procura do primeiro título mundial depois de outras duas tentativas falhadas. Para além da derrota para o Fla, o Liverpool voltou a perder em 1984, para os argentinos do Independiente, e, mais recentemente, em 2005, para os brasileiros do São Paulo.
Fla e Liverpool vão lutar para suceder aos espanhóis do Real Madrid, o atual tricampeão do Mundial de clubes, além de recordista da prova, com quatro títulos (aos últimos três junta a vitória de 2014). Uma coisa é já certa: na lista de vencedores, a prova, disputada desde 2000 sob este formato, nunca fugiu a europeus e sul-americanos, cenário que volta a confirmar-se.
Liverpool sai da Taça da liga inglesa
Um dia antes de disputar a meia-final, os reds foram goleados e eliminados da Taça da Liga inglesa, após perder, por 5-0, com o Aston Villa.
O calendário, que obrigou a que as principais estrelas dos reds seguissem viagem até Doha, para lutar pelo troféu mundial, acabou por sair caro mas na prova caseira. A jogar com a equipa sub-23, naquele que foi o onze mais jovem de sempre, com uma média de idades nos 19 anos, os reds perderam por 5-0, com a partida a ficar resolvida ainda na primeira metade, com a equipa de Birmingham a chegar tranquilamente aos 4-0. Neil Critchley, treinador da equipa sub-23 dos reds, confessou entretanto que Klopp lhe enviou uma mensagem ao intervalo. “Recebemos uma mensagem do Jürgen Klopp, ao intervalo, para continuarmos a ser valentes e para continuarmos a jogar, exatamente, da mesma forma”, disse o técnico à Sky Sports. A verdade é que, após o regresso ao intervalo, o Liverpool acabaria por sofrer apenas mais um golo já em tempo de compensação (92’).
Destaque ainda para o facto de os reds seguirem invictos na Liga inglesa, com 49 pontos em 17 jornadas (16 vitórias e apenas um empate), mais dez que o Leicester City, com 39, na segunda posição.