Elsa. Chuva e vento forte deixam rasto de destruição no país

Elsa. Chuva e vento forte deixam rasto de destruição no país


A Elsa não chegou sem aviso, mas veio para provocar estragos. De Norte a Sul houve estradas cortadas, linhas condicionadas, árvores que caíram e derrocadas. Ontem ao final da tarde o balanço era já tráfico: dois mortos.


Dois mortos, mais de meia centena de desalojados, barcos parados em Lisboa, Ponte 25 de Abril e várias outras estradas com o trânsito condicionado, Serra de Sintra sem acessos, parques de diversões de Natal fechados e uma casa que desabou em Castro Daire. O alerta já tinha sido dado com a passagem da depressão Elsa pelo arquipélago dos Açores na quarta-feira, mas nada fazia prever consequências tão graves em território continental. 

Durante o dia de hoje a depressão Elsa fez-se sentir em força de Norte a Sul do país e foram milhares as ocorrências registadas pelas autoridades, tal como os prejuízos causados.

A depressão chegou a Lisboa por volta das 15h e, apesar de um pouco menos intensa, também aí se fez sentir. A chegada da depressão à capital levou à suspensão  da travessia fluvial entre Lisboa e a Margem Sul e ao encerramento do parque de Natal Wonderland Lisboa, uma vez que estavam previstas rajadas de vento superiores aos 100 km/hora. Também a Câmara de Sintra optou por encerrar o espaço “Reino do Natal”.

Depois da Grande Lisboa, a depressão Elsa encaminhou-se para o Alentejo e para o Algarve, perdendo intensidade pelo caminho.

Segundo o balanço feito ontem à noite pela Proteção Civil, registaram-se cerca de 4200 ocorrências em Portugal continental entre as 15h de quarta-feira e o final do dia de ontem devido ao mau tempo. Braga Viseu, Aveiro, Coimbra e Porto foram os distritos mais afetados, havendo até perturbações na rede elétrica. 

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) emitiu um aviso vermelho para a grande maioria dos distritos do Centro e Norte do país, nomeadamente Viseu, Guarda, Castelo Branco, Aveiro, Coimbra, Braga, Porto, Vila Real e Viana do Castelo.

Árvore matou um homem e casa colapsou No Norte do país registaram-se centenas de ocorrências. Uma árvore caiu sobre duas habitações em Santo Tirso, fazendo sete desalojados, e a queda de outra árvore  causou a avaria de uma catenária e a interrupção na circulação do metro do Porto, em Gondomar. Aliás, pelos mesmos motivos, houve limitações na circulação da linha Norte. Registaram-se ainda condicionamentos que se alargaram à linha da da Beira Alta (por falta de tensão na catenária), linha do Vouga e linha do Alentejo.

Foram muitas as árvores que caíram também na capital, uma delas caiu em cima de uma habitação na Estrela e outra em cima de um veículo pesado de mercadorias que circulava na Nacional 10, entre Tapadas e Infantado, no Montijo. Neste último caso, o condutor, de nacionalidade portuguesa, acabou por morrer no local.

Ainda em Lisboa, o trânsito foi condicionado nas duas principais pontes – Vasco da Gama e 25 de Abril – a motas e veículos com lonas. E nem os museus escaparam à fúria do vento forte, que destruíram o teto da entrada do MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnológica.

Na Figueira da Foz, também a ponte sobre o Mondego esteve condicionada, não podendo circular veículos pesados de mercadorias sem carga nem motociclos.

Para além das quedas de árvores, foram vários os telhados levados pelo vento e os rios a transbordar. Isto foi, de resto, o que aconteceu com o Tâmega, que galgou as duas margens na localidade de Chaves, colocando em risco zonas comerciais e deixando habitações inundadas. Ao Tâmega juntaram-se ainda outros cinco rios: a bacia do Lima e do Douro, por exemplo, causaram preocupação às autoridades.

Também um desabamento de terras levou a que uma casa colapsasse em Castro Daire, já ao final da tarde, tendo as autoridades deslocado para o local várias máquinas para tentar confirmar se o morador estava ou não na habitação quando o acidente aconteceu – o que acabou por se verificar, aumentando para dois o número de mortos.

Governo atento à Elsa Num comunicado enviado na tarde de hoje, o Ministério da Agricultura garantiu estar a acompanhar a evolução da depressão Elsa e os danos causados, garantindo ainda que os técnicos das Direções Regionais de Agricultura e Pescas (DRAP) estão “prontos a intervir” no levantamento dos prejuízos e na avaliação da situação, por forma a garantir “a ativação dos mecanismos de apoio aos agricultores” se necessário.

Na noite de hoje, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil estava atenta à possibilidade de uma inundação de grandes dimensões em Águeda – hipótese que considerava crítica.

Apesar da melhoria das condições atmosféricas esta madrugada, as autoridades preveem para esta sexta-feira um agravamento do estado do tempo a partir das 14h.