Nyon, essa cidadezinha a 25 quilómetros de Genebra, nas margens do lago com o mesmo nome, de há uns anos a esta parte transformada numa espécie de capital da Europa do futebol, por via da transferência da sede da UEFA, voltou a atrair a atenção de todos os clubes do continente ainda presentes nas competições europeias desta época e que são nada mais nada menos do que 48, quatro dos quais portugueses.
No que respeita ao interesse lusitano, a Liga Europa ganhou avanço à Liga dos Campeões. Uma cada vez menor competitividade das nossas principais equipas, em contraponto com o aumento do poderio dos principais conjuntos dos países mais importantes, fez com que os representantes de Benfica, caído da Liga dos Campeões, FC Porto, que nem lá chegou, Sporting e Braga se encolhessem numa das salas mais pequenas do edifício-sede da confederação europeia para saber o que lhes ia calhar em sorte. E sorte não é palavra que se aplique ao que acabou por acontecer.
Curiosamente, foi ao único não cabeça-de-série, o Sporting, que calhou o menos qualificado de todos os adversários, o Istambul Basaksehir Futbol Kulübü, atual quarto classificado do campeonato turco, uma agremiação recente formada em 1990 das cinzas do ISKI SK, o clube desportivo da companhia de distribuição de água de Istambul que levava o mesmo nome. A sua história europeia é curta (começou em 2015-16), nunca conseguiu nenhum título interno relevante e já defrontou o Braga na fase de grupos da Liga Europa de 1917-18 (2-1 e 1-2).
Benfica e FC Porto têm adversários duros de roer: Shakhtar Donetsk, dominador do futebol ucraniano nos últimos anos, atualmente treinado por um português, Luís Castro; e Bayer Leverkusen, atual sétimo classificado da Bundesliga, a oito pontos do líder RB Leipzig, mas apenas a três pontos dos lugares que dão acesso à Liga dos Campeões, competição da qual tombaram, aliás, o primeiro eliminado no grupo que tinha Manchester City, Atalanta e Dínamo Zagreb, o segundo afastado por Juventus e Atlético Madrid.
Se a equipa de Luís Castro vai enfrentar os encarnados em casa a 20 de fevereiro, precisamente a semana em que o campeonato da Ucrânia regressa da sua pausa invernal, o Bayer tem já amanhã agendada receção ao Hertha Berlim depois da derrota de sábado em Colónia (2-0), sendo que a Liga alemã tem uma quebra bem mais curta e estará fechada apenas entre 22 de dezembro e 17 de janeiro. Quase como a nossa…
Para o Braga, o Rangers, saído do grupo de apuramento do FC Porto e que criou embaraços aos rapazes de Sérgio Conceição: 1-1 no Porto e 2-0 em Glasgow. Também neste caso, o estatuto de cabeça-de-série serviu de pouco.
Campeões
Uma hora antes de os portugueses conhecerem os seus adversários, com muito mais pompa e muito mais circunstância, a Liga dos Campeões fez desfilar a sua inequívoca grandeza num palco mais digno e mais brilhante. Esperava-se, com a ansiedade natural destas ocasiões, pelos confrontos entre gigantes que sempre aguçam o apetite dos espetadores, mesmo que não estejam em compita as cores das suas preferências.
Há que dizer que um Real Madrid-Manchester City não frustra nenhuma expetativa, bem pelo contrário. Será a pièce de résistance de um banquete quase opíparo e que promete imenso para os quartos-de-final. Atlético de Madrid-Liverpool é outro dos jogos grandes, mesmo que os colchoneros vivam momentos de alguma opacidade. Daqui até ao final de fevereiro, muito ainda irá acontecer, pelo que os estados de espírito atuais não terão peso na altura. Chelsea-Bayern de Munique e Borússia de Dortmund-Paris Saint-Germain anunciam embates rijos. Para Mourinho e o seu Tottenham perfila-se agora o RB Leipzig, que tratou da saúde ao Benfica. Para Cristiano Ronaldo e sua Juventus, outro dos que deixaram os encarnados pelo caminho: o Lyon. Tarefas com dose de favoritismo para as equipas dos portugueses. O Barcelona terá o Nápoles pela proa e, finalmente, o Atalanta-Valência coloca frente a frente dois outsiders.
Dois meses nos separam do regresso à atividade europeia. Até lá, Portugal tem o habitual entretenimento natalício entregue à Taça da Liga, o que revela a pouca importância que se dá à competição e o pouco interesse que ela desperta. O campeonato volta no primeiro fim de semana do ano que vem. Com um Sporting-FC Porto.