Chover no molhado


Se nos serviços privados quase tudo funciona e aí assenta a riqueza que gera impostos, por que razão no público (quase) tudo funciona mal e só serve para os consumir?


O turismo cresce e vai bem, assente em empresas privadas, podendo ir ainda melhor com menor intromissão pública em tantos domínios, da liberalização de atividades e desburocratização do licenciamento até menos menos imputações fiscais.

As exportações de calçado, têxteis, automóveis, vinho e cortiça vão globalmente bem, nas mãos de empresas privadas.

Os transportes rodoviários inter-cidades não merecem críticas e assim seguem no setor privado.

As autoestradas são de consórcios privados e no geral mantém qualidade.

A rede de abastecimento alimentar chega ao nível de bairro, é privada e funciona em pleno, com oferta de qualidade e sem necessidade de intromissão controleira do Estado.

As lojas de vestuário e calçado são privadas e a oferta é abundante.

Os combustíveis não faltam nos postos de abastecimento privados, e a única presença do Estado é simultaneamente serem na prática balcões da Autoridade Tributária.

As escolas de condução põem condutores nas estradas e não faltam escolas de qualidade.

O notariado é praticamente privado e  eficiente, e eliminou as listas de espera existentes quando era público.

As companhias de seguros são privadas e o risco em geral tem cobertura sem necessidade de garantia de empresas seguradoras estatais, bastando-se com a prestação de contas à supervisão.

Os hospitais privados são eficientes, respondem a consultas e cirurgias em tempo razoável e, estranho fenómeno, atraem cada vez mais aqueles que o SNS julgava serem os destinatários da sua ação e a justificação da sua existência: classe média com menos rendimento.

O abastecimento de gás e eletricidade não falha e é privado.

A restauração é quase exclusivamente privada e responde à procura com excelência, por todo o país.

Os jornais são privados e não há clamor por jornais públicos, mas ainda assim com a nova tentação governamental de os subsidiar para melhor os conter na sua função.

Tudo isto é de complexa direção, exige organização e custos competitivos e movimenta milhões de trabalhadores.

Ninguém em estado de boa-fé analítica, poria o Estado onde está o privado no aparelho produtivo, salvo aqueles que por cartilha ideológica olham a criação de riqueza, pelos indivíduos ou pelas empresas, “prima facie” como propriedade de todos e, só depois de quem a produz.

Vejamos agora o público.

Do investimento neste setor nem se fala: atingimos o grau mais baixo de que há memória.

A TAP pública, depois da constatação pelo atual primeiro-ministro em 2015, de que ela tinha a função para o nosso tempo de globalização, tal qual as caravelas de quinhentos tiveram o desiderato para os descobrimentos, acumula prejuízos de via falimentar e entrou em downgrade de qualidade de serviço própria de verdadeira lowcost.

A Carris, a Transtejo, o Metro, não conseguem gerar receitas para cobrir despesas sem o Orçamento do Estado confinando-se ao mister de servir mal Lisboa e arredores.

A CP e o grupo de empresas à volta dos comboios custa 1 milhão de euros/dia de prejuízo, mas ninguém com honestidade analítica, fora de uma coroa circular de 100 kms de raio à volta de Lisboa encontrará passageiro frequente e regular. Os portugueses não têm comboios no seu quotidiano como meio de transporte por todo o país e com frequência das redes de comboios europeias. Agora parece que se está a dar por isso, em sede de análise climática.

A Caixa Geral de Depósitos, depois das grandezas de investimentos perdulários e de incursões ibéricas fazendo de capitais públicos material de laboratório, desceu à terra para o mesmo de sempre: reinventar comissões a serem pagas pelo pequeno aforro ou batendo à porta dos contribuintes para aumentos de capital.

Da Companhia das Lezírias, pública, desconhecem-se os proveitos de não ser privada.

As Águas de Portugal – ADP, investiram no Brasil e voltaram com 100 milhões de prejuízos e hoje vão sendo almofada de calotes monumentais do municipalismo obrigado a grandezas de escala estatal até 2011.

A reserva de água para abastecimento público é de responsabilidade do Estado, o Estado não é capaz de assegurar as reservas de água para tranquilidade do país, com a extraordinária teoria de que estamos em processo de aquecimento global e há menos pluviosidade. Solução para assegurar reservas de água para consumo humano? Não investir no armazenamento quando chove, construindo barragens.

A RTP, insaciável no OE ainda assim vai à cata das facturas de eletricidade mais caras da Europa, para tributar 7/8 euros mês e alimentar a máquina que produz esses programas exclusivos e fundamentais ao bem estar dos portugueses, como o “preço certo”, os monótonos  “prós e contras” de contraditório adivinhado e as “sextas-feiras adiadas” por conveniências eleitorais, sem as quais o povo não fica informado.

O SNS – Serviço Nacional de Saúde, custa 11 mil milhões euros/ano, 330 milhões/dia, 12,5 milhões/minuto, mas 234 mil pessoas esperam por cirurgia neste momento e o quadro ministerial de vulgarização declarativa, já passou de arrepiante a degradante, perante a passividade do primeiro corresponsável que cuidou da ideologia na Lei de Bases e esqueceu a fenomenologia das listas de espera e das urgências.

Conclusão:

Se nos serviços privados quase tudo funciona, aí assenta a riqueza que gera impostos, porque razão no público (quase) tudo funciona insatisfatoriamente e serve apenas para consumir impostos?

Se os partidos políticos que ascendem ao Estado dizem querer servir o povo, porque não servem o povo acabando com o saque e os maus serviços prestados ao povo pelo Estado? Por que razão as querelas politico/partidárias se centram quase exclusivamente no mau serviço dos sectores à responsabilidade do Estado e aí se consomem as forças, obliterando as grandes questões reformistas de projecção e preparação do futuro do país?

Por que razão o Estado não se ocupa bem, dos negócios estrangeiros, da defesa nacional, da administração interna e segurança, não regula com independência e exigência o sistema financeiro, a justiça, a educação, a acção e a segurança social e a saúde e desaparece do que não deve?

Por que razão a ideologia é aplicada como razão económica, deixando a razão económica ao sabor da ideologia?

Jurista

Chover no molhado


Se nos serviços privados quase tudo funciona e aí assenta a riqueza que gera impostos, por que razão no público (quase) tudo funciona mal e só serve para os consumir?


O turismo cresce e vai bem, assente em empresas privadas, podendo ir ainda melhor com menor intromissão pública em tantos domínios, da liberalização de atividades e desburocratização do licenciamento até menos menos imputações fiscais.

As exportações de calçado, têxteis, automóveis, vinho e cortiça vão globalmente bem, nas mãos de empresas privadas.

Os transportes rodoviários inter-cidades não merecem críticas e assim seguem no setor privado.

As autoestradas são de consórcios privados e no geral mantém qualidade.

A rede de abastecimento alimentar chega ao nível de bairro, é privada e funciona em pleno, com oferta de qualidade e sem necessidade de intromissão controleira do Estado.

As lojas de vestuário e calçado são privadas e a oferta é abundante.

Os combustíveis não faltam nos postos de abastecimento privados, e a única presença do Estado é simultaneamente serem na prática balcões da Autoridade Tributária.

As escolas de condução põem condutores nas estradas e não faltam escolas de qualidade.

O notariado é praticamente privado e  eficiente, e eliminou as listas de espera existentes quando era público.

As companhias de seguros são privadas e o risco em geral tem cobertura sem necessidade de garantia de empresas seguradoras estatais, bastando-se com a prestação de contas à supervisão.

Os hospitais privados são eficientes, respondem a consultas e cirurgias em tempo razoável e, estranho fenómeno, atraem cada vez mais aqueles que o SNS julgava serem os destinatários da sua ação e a justificação da sua existência: classe média com menos rendimento.

O abastecimento de gás e eletricidade não falha e é privado.

A restauração é quase exclusivamente privada e responde à procura com excelência, por todo o país.

Os jornais são privados e não há clamor por jornais públicos, mas ainda assim com a nova tentação governamental de os subsidiar para melhor os conter na sua função.

Tudo isto é de complexa direção, exige organização e custos competitivos e movimenta milhões de trabalhadores.

Ninguém em estado de boa-fé analítica, poria o Estado onde está o privado no aparelho produtivo, salvo aqueles que por cartilha ideológica olham a criação de riqueza, pelos indivíduos ou pelas empresas, “prima facie” como propriedade de todos e, só depois de quem a produz.

Vejamos agora o público.

Do investimento neste setor nem se fala: atingimos o grau mais baixo de que há memória.

A TAP pública, depois da constatação pelo atual primeiro-ministro em 2015, de que ela tinha a função para o nosso tempo de globalização, tal qual as caravelas de quinhentos tiveram o desiderato para os descobrimentos, acumula prejuízos de via falimentar e entrou em downgrade de qualidade de serviço própria de verdadeira lowcost.

A Carris, a Transtejo, o Metro, não conseguem gerar receitas para cobrir despesas sem o Orçamento do Estado confinando-se ao mister de servir mal Lisboa e arredores.

A CP e o grupo de empresas à volta dos comboios custa 1 milhão de euros/dia de prejuízo, mas ninguém com honestidade analítica, fora de uma coroa circular de 100 kms de raio à volta de Lisboa encontrará passageiro frequente e regular. Os portugueses não têm comboios no seu quotidiano como meio de transporte por todo o país e com frequência das redes de comboios europeias. Agora parece que se está a dar por isso, em sede de análise climática.

A Caixa Geral de Depósitos, depois das grandezas de investimentos perdulários e de incursões ibéricas fazendo de capitais públicos material de laboratório, desceu à terra para o mesmo de sempre: reinventar comissões a serem pagas pelo pequeno aforro ou batendo à porta dos contribuintes para aumentos de capital.

Da Companhia das Lezírias, pública, desconhecem-se os proveitos de não ser privada.

As Águas de Portugal – ADP, investiram no Brasil e voltaram com 100 milhões de prejuízos e hoje vão sendo almofada de calotes monumentais do municipalismo obrigado a grandezas de escala estatal até 2011.

A reserva de água para abastecimento público é de responsabilidade do Estado, o Estado não é capaz de assegurar as reservas de água para tranquilidade do país, com a extraordinária teoria de que estamos em processo de aquecimento global e há menos pluviosidade. Solução para assegurar reservas de água para consumo humano? Não investir no armazenamento quando chove, construindo barragens.

A RTP, insaciável no OE ainda assim vai à cata das facturas de eletricidade mais caras da Europa, para tributar 7/8 euros mês e alimentar a máquina que produz esses programas exclusivos e fundamentais ao bem estar dos portugueses, como o “preço certo”, os monótonos  “prós e contras” de contraditório adivinhado e as “sextas-feiras adiadas” por conveniências eleitorais, sem as quais o povo não fica informado.

O SNS – Serviço Nacional de Saúde, custa 11 mil milhões euros/ano, 330 milhões/dia, 12,5 milhões/minuto, mas 234 mil pessoas esperam por cirurgia neste momento e o quadro ministerial de vulgarização declarativa, já passou de arrepiante a degradante, perante a passividade do primeiro corresponsável que cuidou da ideologia na Lei de Bases e esqueceu a fenomenologia das listas de espera e das urgências.

Conclusão:

Se nos serviços privados quase tudo funciona, aí assenta a riqueza que gera impostos, porque razão no público (quase) tudo funciona insatisfatoriamente e serve apenas para consumir impostos?

Se os partidos políticos que ascendem ao Estado dizem querer servir o povo, porque não servem o povo acabando com o saque e os maus serviços prestados ao povo pelo Estado? Por que razão as querelas politico/partidárias se centram quase exclusivamente no mau serviço dos sectores à responsabilidade do Estado e aí se consomem as forças, obliterando as grandes questões reformistas de projecção e preparação do futuro do país?

Por que razão o Estado não se ocupa bem, dos negócios estrangeiros, da defesa nacional, da administração interna e segurança, não regula com independência e exigência o sistema financeiro, a justiça, a educação, a acção e a segurança social e a saúde e desaparece do que não deve?

Por que razão a ideologia é aplicada como razão económica, deixando a razão económica ao sabor da ideologia?

Jurista