Wayne Rooney. Derby County sonha com regresso ao topo do futebol inglês

Wayne Rooney. Derby County sonha com regresso ao topo do futebol inglês


Aos 34 anos, o avançado está de regresso a Inglaterra. Internacional inglês assume funções de jogador-treinador nos carneiros, que militam na segunda divisão inglesa


De um modo geral, o Championship está em festa. Em particular, o Derby County. Chegou finalmente o momento mais aguardado dos últimos tempos no clube da segunda divisão inglesa que, no verão, tinha anunciado a chegada de Wayne Rooney como o próximo jogador treinador dos rams. Cerca de um ano e meio depois de ter saído para os Estados Unidos, onde representou nas últimas duas épocas os norte-americanos do DC United, o avançado de 34 anos está oficialmente de regresso a Inglaterra. Este fim de semana, o internacional inglês foi recebido em festa na sua apresentação no Pride Park – cujo relvado só poderá pisar, pelo menos enquanto jogador, em janeiro de 2020, como ficou contratualmente estabelecido. Ainda assim, e uma vez que já fechou o capítulo na Liga norte-americana de futebol (MLS), o atleta veterano vai assumir imediatamente funções fora das quatro linhas. Além de reforçar o plantel, Rooney chega ao clube com o cargo de técnico adjunto de Phillip Cocu, treinador principal da equipa. Atualmente com 19 jogos cumpridos na segunda Liga, os carneiros são 14.os classificados na tabela, com 25 pontos, a 17 do líder West Bromwich (42).Reerguer o clube O Derby County quer regressar ao principal escalão do futebol inglês e foi também nesse sentido que surgiu a contratação do histórico ex-jogador do Manchester United, clube que Rooney representou durante 13 temporadas após ter saído do Everton – no qual se formou e ao qual regressou em 2017/18.

Foi em 2007/2008 que os carneiros marcaram pela última vez presença na primeira divisão inglesa, naquela que foi, aliás, a pior campanha de sempre do clube na Premier League, após ter terminado em último na tabela com apenas uma vitória em 38 jogos (com 20 golos marcados contra 89 sofridos).

Apesar das presenças que foi conseguindo garantir na principal competição de futebol em Inglaterra, nunca o emblema voltou a atingir a década de ouro alcançada nos anos 70, época em que os carneiros venceram duas vezes o campeonato inglês (1971/72 e 1974/75). Já em 1975/76, o Derby County venceu a Super Taça inglesa, numa altura em que ampliou de forma clara os troféus que tinha no museu – até então, a equipa apenas tinha vencido a Taça de Inglaterra (1945/46). Títulos são, de resto, objetos com que o jogador inglês está bastante familiarizado, uma vez que a passagem por Manchester foi bastante rica nesse sentido. Foram 18 títulos coletivos, com destaque para a conquista da Liga dos Campeões, cinco campeonatos e uma Liga Europa. Já pela seleção inglesa somou 123 internacionalizações (e apontou 53 golos).

Até ao novo ano, o Derby County terá seis desafios em que não contará ainda com o avançado inglês entre os convocados. Todavia, a nova aventura de Rooney já arrancou no banco. Não faltam, de resto, vários exemplos semelhantes, com finais distintos. O caso mais recente foi o de Vincent Kompany, o belga que no início da época 2019/20 deixou o Manchester City para assumir o estatuto de treinador-jogador do Anderlecht. Uma aventura que não correu da melhor forma e teve um fim precoce, já que durou apenas quatro jogos. Com duas derrotas e dois empates – tendo o defesa sido titular em todos os jogos -, o conjunto belga teve o pior arranque na Liga daquele país nos últimos 20 anos.

 

Dos feitos inéditos aos casos mediáticos

Em Inglaterra multiplicam-se os casos de emblemas que optam por aplicar o sistema de treinador-jogador, usado, de resto, há várias décadas por vários clubes europeus. Gianluca Vialli foi um dos casos de sucesso em Inglaterra ao conduzir o Chelsea à vitória na Taça das Taças em 1998. Naquele ano tornou-se ainda o primeiro italiano a treinar na Premier League. Ainda antes foi John Toshack a revolucionar este estatuto quando, em finais dos anos 70, levou o Swansea da quarta divisão ao principal escalão do futebol inglês. Já Kenny Dalglish foi o pioneiro neste campo no Liverpool, clube que assumiu enquanto treinador-jogador entre 1984 e 1990.Também por solo inglês, e mais recentemente, há o exemplo de Ryan Giggs, que em 2014 acumulou a função de treinador interino à de jogador após a demissão de David Moyes.

Pertence, contudo, a George Weah, atual Presidente da Libéria, um dos casos mais famosos: eleito melhor jogador do mundo em 1995, o atacante assumiu o comando da seleção liberiana em 2001, ao mesmo tempo que atuava pelos franceses do Marselha.

Já na categoria dos exemplos mais antigos pode ser encontrado o alemão Helmut Schön, que na década de 1950 já dava sentido a este duplo cargo pelo Hertha de Berlim.

Outro nome bem conhecido neste pote é o de Joachim Löw, atual selecionador alemão, que entre 1994 e 1995 desempenhou este cargo nos suíços do FC Frauenfeld.

Além-fronteiras também não faltam histórias, com os brasileiros Rivaldo e Romário a fazerem parte da lista – ainda que de maneira diferente. O primeiro anunciou a despedida dos relvados e passou a treinador do Mogi Mirim (2015), voltando um ano depois a jogar, altura em que acumulou as duas funções no emblema de São Paulo. Ainda antes, em 2007, Romário foi anunciado como treinador-jogador do Vasco da Gama, aventura que durou cerca de um ano, devido a desentendimentos com o então presidente do clube cruzmaltino.

E por cá vinga o nome de António Oliveira, que em 1982/83 assumiu o estatuto de treinador-jogador do Sporting.Foi, na época, um dos protagonistas do conjunto de Alvalade, com o hat-trick apontado no jogo com o Dínamo Zagreb, em que os leões alcançaram os quartos–de-final da Taça dos Campeões Europeus, a ser o ponto alto nesta dupla carreira.

A iniciar uma nova história, é difícil prever qual será o desfecho de Rooney neste desafio. Porém, uma coisa é certa: o clima de festa está instalado no Derby County que, por enquanto, volta a fazer os adeptos acreditarem na possibilidade de regressar ao topo do futebol inglês.

Nunca o nome do estádio fez tanto sentido como agora.

Orgulho, muito, e a promessa das bancadas cheias para o resto da época.