Demissão do primeiro-ministro iraquiano adensa crise

Demissão do primeiro-ministro iraquiano adensa crise


Parlamento tem 15 dias para escolher sucessor de Abdul Mahdi. Até lá, Governo fica em gestão. 


Os deputados iraquianos aprovaram o pedido de demissão do primeiro-ministro Adel Abdul Mahdi durante a sessão parlamentar deste domingo. Após mais de 400 mortes desde outubro, altura em que se iniciaram os protestos no país, Abdul Mahdi pediu formalmente a demissão ao Parlamento num discurso transmitido pela televisão e endereçado à nação no sábado – e pediu para que concordassem rapidamente no seu sucessor.

Referindo-se ao artigo 76 da constituição iraquiana, o speaker Mohammad al-Halbusi disse, este domingo, que o Presidente Barham Salih irá agora pedir ao maior bloco parlamentar para nomear o próximo primeiro-ministro. Abdu Mahdi começou por oferecer formalmente a sua demissão na sexta-feira, depois de 50 manifestantes terem sido mortos pelas forças de segurança em Bagdade e nas cidades de maioria xiita, Nasiriya e Najaf, no sul do Iraque.

Abdul Mahdi assumirá um Governo de gestão nos próximos 30 dias até o Parlamento nomear um novo candidato para o substituir, segundo analistas jurídicos citados pela Al Jazira. Dizem os analistas à mesma estação que, segundo a constituição,  o Parlamento terá 15 dias para nomear um candidato e, de seguida, o Presidente o designará para formar um Governo dentro de 30 dias. Depois, o processo desce novamente ao Parlamento, para que aprove os ministros do eventual candidato escolhido.

Tendo em conta que as eleições de 2018 trouxeram um Parlamento fragmentado, o processo não se afigura fácil – nenhum partido tem maioria. Abdul Mahdi chegou a primeiro-ministro depois de os dois maiores partidos, Sairoon e Fatah, se terem aliado no rescaldo das eleições para evitar uma crise política. Mas desde o início dos protestos que o Parlamento tem-se vindo a polarizar. Ontem o Papa Francisco condenou a repressão dos protestos antigovernamentais no país.