Autoridade Tributária não abre processos disciplinares por ação de cobrança na rotunda

Autoridade Tributária não abre processos disciplinares por ação de cobrança na rotunda


Inquérito admite meios “desproporcionados” na operação stop da AT e GNR designada “Ação sobre rodas”.  


A Autoridade Tributária (AT) anunciou, ontem, que não vai instaurar processos disciplinares na sequência do inquérito à operação stop “Ação sobre rodas”.

A polémica estalou a 28 de maio, quando cerca de vinte elementos da AT e da GNR levaram a cabo uma operação de fiscalização na rotunda de Alfena, em Valongo, no distrito do Porto, com o objetivo de cobrar dívidas. A identificação dos contribuintes era feita por funcionários da AT, através das matrículas dos veículos cujos proprietários tivessem dívidas, sendo posteriormente imobilizados pelos agentes da GNR.

Segundo a AT, nesta ação “foram monitorizadas 4.576 matrículas de veículos, tendo sido detetadas 93 matrículas em circulação nas condições definidas, associadas a 88 devedores”. “Foram efetuadas três penhoras de veículos, duas apreensões de veículos já penhorados que se encontravam em circulação e apresentados no local 17 pedidos de pagamento em prestações e recebidos 40 pagamentos”, refere a nota.

Apesar de não avançar com sanções disciplinares, a AT admite falhas no processo, considerando que a operação envolveu “uma mobilização de meios desproporcionados face à realização dos fins de cobrança coerciva” e que, em alguns casos, os propósitos poderiam “ser igualmente alcançados através dos meios que evitariam a exposição pública dos trabalhadores da AT e dos executados”.

 A atenção mediática dada à operação “Ação sobre rodas, concebida, planeada e executada pela Direção de Finanças do Porto, levou o Ministério das Finanças a reagir, logo nos dias seguintes, e a anunciar o cancelamento de iniciativas similares, nomeadamente uma megaoperação da AT, agendada para o verão seguinte, que tinha como objetivo a visita a festas de casamento para identificar devedores e proceder a cobranças. De acordo com o comunicado divulgado, na altura, pelo ministério, a cobrança de dívidas ao Fisco deve “evitar comportamentos intrusivos”.

O episódio de Valongo levou à demissão do diretor de Finanças do Porto, José Manuel de Oliveira e Castro, apenas dois dias após os acontecimentos.