O “C.N.E.” e o fim dos chumbos


Este “balão de ensaio” não foi precedido de um estudo sério e prolongado.


A Presidente do “C.N.E.”, defende que chumbar um aluno “NÃO SERVE PARA NADA” , e acredita que combater esta prática não será uma porta ao facilitismo porque a IDEIA NÃO É “PASSAR SEM SABER”. (8 Nov/2019).

Em termos sociológicos, não, mas em termos políticos, pensamos que quando a presidente de um Órgão de Consulta que emite pareceres devidamente fundamentados, no conhecimento científico, pedagógico e apoiados na experiência de docentes, durante décadas, tudo isto com o objectivo de ajudar o ministro da Educação a tomar decisões acertadas, é com certeza depois de falar com o ministro, caso contrário é uma pressão, para colocar o governante, entre a “espada e a parede”…

Parece, agora, que o Professor de Química acordou de uma certa letargia do 1.º Governo, mudou radicalmente e, finalmente, vai fazer política. Caso assim não fosse, teríamos a Presidente do “C.N.E.” a solicitar a sua saída, por motivos pessoais.

Só que esse “balão de ensaio”, que foi agora lançado, para avaliar a reacção da sociedade civil, dos professores, pais, e não só, não foi precedido de um estudo sério, e prolongado, feito por personalidades conhecidas, como ex-bolseiros do I.N.I.C., etc., etc., que viesse fundamentar essa afirmação/ conclusão, de que “OS CHUMBOS NÃO SERVEM PARA NADA”! Com Alexandra Leitão não se atreveriam!

É, no mínimo, um atestado de estupidez e ignorância a todos os docentes que durante décadas, e dentro da maior fidelidade à sua missão, fizeram o que fizeram, porque a isso foram obrigados pela sua consciência e por puro profissionalismo, para além da LEALDADE para com as instituições que servem.

Por outro lado estamos perante uma nova Pedagogia Educativa, Revolucionária, que consiste em não chumbar alunos, garantindo, mesmo assim, que eles progridem com conhecimento suficiente e “não sem saberem”. Devia ter-se anunciado essa fórmula mágica na WEB Summit.

Se isto não é um segredo pedagógico chegado de outro planeta, então só poderá tratar-se de qualquer fenómeno químico ou de bruxaria que instile conhecimento sem esforço voluntário e consciente, condição “sine qua non” para o obter, com persistência, com dedicação, com reflexão e, sobre tudo, com inteligência e raciocínio e não á base da memória. “ Memorizar não é saber” (Max Cunha).

Julgamos até que nem os próprios alunos poderão compreender estas afirmações, e muito menos aceitá-las, depois de anos de trabalho, esforço e privações, de vária ordem, pois poderão dizer que o “sistema” os enganou, os traiu e querem agora ser ressarcidos por tal incompetência e negligência, vindo até exigir ao ministro que se retrate, pois durante 4 anos deixou tudo como estava, e, agora, aparece com uma “fórmula mágica”. E aonde estão os professores preparados para poupar em papel, em correcção de exames, em recursos (revisões), etc. … E acima de tudo, na mudança de atitude e, quiçá, de personalidade.

Depois do 25 de Abril assistimos ao caos na Educação com “A TEORIA DA NÃO DIRECTIVIDADE”, do “DO IT YOURSELF” – para quê professores que só servem para oprimir os alunos?; e onde está hoje o “Educador do Povo”?; e que obra deixou? É que, hoje, não se encontra um Roberto Carneiro. Enfim, ficamos por aqui mas estamos desiludidos com esta “pirueta” do ministro e com a “Comissão da Educação Nacional” – “nacional, ou seja, é de todos; a outra é só de alguns, que têm o cartão do Partido certo. O resto é só incerteza, aventura e por fim, amargura.

 

Sociólogo

Escreve quinzenalmente