Medicação para prevenir VIH já chega  a mil pessoas mas tem de ir mais longe

Medicação para prevenir VIH já chega a mil pessoas mas tem de ir mais longe


Profilaxia de pré-exposição ao VIH é indicada a pessoas em maior risco de contágio.


Um ano e meio depois de ter passado a estar disponível em Portugal, há cerca de mil pessoas a fazer a chamada profilaxia pré-exposição (PrEP), que consiste na toma de medicação antirretroviral para prevenir a infeção com VIH, indicada para pessoas com maior risco de contágio. Na apresentação do relatório sobre o VIH em Portugal, Isabel Aldir, responsável pelo programa da DGS para o VIH, disse que tem havido uma procura e resposta crescente, mas persistem barreiras ao acesso à medicação, que permite reduzir a transmissão do vírus da sida em mais de 90% e é uma das estratégias recomendadas a nível internacional para travar novos casos de VIH, em particular em homens que têm sexo com homens.

“Embora seja inquestionável a mais-valia desta estratégia em termos de prevenção individual, se queremos tirar benefícios em termos de saúde pública temos de, de forma responsável mas célere, implementar estratégias que nos permitam chegar a um maior número de pessoas que, ao se encontrarem em risco de infeção, beneficiam de acesso à mesma”, conclui o relatório da DGS e do INSA.

Ao i, Isabel Aldir explicou que a demora no acesso a consultas em alguns hospitais onde é disponibilizada a medicação, em particular em Lisboa, tem condicionado o alargamento dos tratamentos, que se estima poderiam beneficiar 10 mil a 15 mil pessoas. A também chamada pílula do VIH é indicada para pessoas com historial de relações desprotegidas ou utilização de drogas. “A recomendação é que após a avaliação e indicação para PrEP, a pessoa tenha acesso a uma consulta hospitalar no prazo de 30 dias, o que em alguns hospitais não tem sido possível. Nestes casos, sabemos que todo o tempo que passa poderia evitar uma eventual infeção”, diz a responsável. Isabel Aldir acrescenta que, além da prevenção de novas infeções, o acompanhamento das pessoas que fazem a PrEP, que pressupõe análises trimestrais, permite a prevenção e tratamento de outras doenças sexualmente transmissíveis, sendo, por isso, uma medida custo-eficaz em termos de saúde pública.