Joacine vítima da lei Livre de Rui Tavares


Não faz parte da direção, mas comporta-se como o dono da bola, árbitro, guarda-redes, defesa, médio, avançado e dono do clube, perdão, do Livre.


Os partidos de extrema-esquerda tornam-se sempre divertidos quando as divergências se tornam públicas. O Livre é bem o exemplo disso, e Rui Tavares – que gosta de dizer que não integra a direção, apesar de ser o rosto do partido e um dos fundadores, não o único fundador, como também gosta de afirmar – é um espetáculo dentro do espetáculo. Não faz parte da direção, mas comporta-se como o dono da bola, árbitro, guarda-redes, defesa, médio, avançado e dono do clube, perdão, do Livre.

Mexe os cordelinhos, mas opta por ficar na sombra, como fez nas últimas legislativas, onde avançou com o nome de Joacine Katar Moreira como cabeça-de-lista por Lisboa. Andou em campanha e, como era natural, a comunicação social deu-lhe muito mais destaque que aos cabeças-de-lista do partido. Na noite eleitoral entrou em euforia com a eleição de Joacine. Tudo parecia na paz do Senhor, até que a deputada eleita começou a ganhar protagonismo. O choque tornou-se inevitável quando Joacine se absteve num voto de condenação a Israel por uma agressão a Gaza. A juntar à festa, o PCP também propunha a condenação de Trump por este ter falado sobre os colonatos israelitas. O Livre ficou perplexo e Rui Tavares não deixou de criticar a deputada, dizendo que o partido sempre condenou as agressões israelitas à Palestina e que Joacine nunca poderia ter-se abstido. Depois foram e são dias de recuos e avanços. Ora Joacine diz que não teve o apoio do partido, ora diz o contrário. Enquanto isto, Tavares aparece a dizer que os órgãos competentes do partido, de que não faz parte, terão de se pronunciar. Digamos que a deputada passará por um tribunal Livre que determinará ou não a sua condenação pública. Curiosamente, Joacine pode ter o mesmo destino que Rui Tavares teve quando foi eleito pelo BE para o Parlamento Europeu, depois de se incompatibilizar com Francisco Louçã. Tavares não concordou com a posição do partido e terá votado pela sua cabeça. Joacine fez o mesmo e poderá ficar como deputada “independente”. A extrema-esquerda tem mesmo graça.