Uma final às avessas


Há muito bons treinadores pelo mundo fora. Mas muito poucos têm a capacidade que Jesus tem para chegarem a um clube e o galvanizarem, criarem um ambiente de entusiasmo à sua volta, eletrizarem os adeptos, motivarem os jogadores e porem a equipa a render muito mais.


A FINAL DA TAÇA DOS LIBERTADORES foi um jogo estranho, onde tudo aconteceu ao contrário do que seria “normal”.

A equipa favorita perdeu. 

A sorte do jogo, que parecia decidida aos 89 minutos, virou 180 graus em 180 segundos.

Um treinador que perdera duas finais internacionais nos derradeiros minutos (uma nos penáltis) ganhou esta final nos últimos minutos.

Um jogador que não jogou nada (Gabigol) foi o mais decisivo de todos.

Uma final na América do Sul, ainda por cima entre brasileiros e argentinos, foi disputada com correção e só teve um pequeno sururu mesmo a acabar.

E até o “homem do jogo” foi um jogador expulso.

 

MAS JORGE JESUS merecia este desfecho.

As derrotas com o Chelsea e com o Sevilha para a Liga Europa tinham feito dele, para muita gente, um “pé frio” – ou seja, um treinador que nos momentos decisivos se ia abaixo.

E essa ideia consolidou-se com o célebre golo de Kelvin, quando os benfiquistas já festejavam o título nas bancadas. Os detratores de Jesus diziam: “De que serve ele ganhar muitos jogos se no fim perde?”

Ora, esta final da Taça dos Libertadores – em que conseguiu a vitória mesmo à beira do fim, num volte-face épico – apagou esse histórico.

 

PERCEBI HÁ MUITOS ANOS que Jesus era um treinador fadado para largos voos quando treinava o Belenenses. Com uma equipa de brasileiros (!) de quarta categoria, conseguiu um quinto lugar no campeonato – e no seguinte só não repetiu a façanha devido ao caso Meyong, que lhe roubou muitos pontos.

Quando ele foi para o Benfica, perante o ceticismo de muitos benfiquistas, disse-lhes: “Ele vai surpreender-vos”. E Jesus virou o Benfica do avesso, roubando ao FC Porto a hegemonia do futebol português. E no Sporting só não foi campeão no primeiro ano devido a um golo escandalosamente falhado por Bryan Ruiz contra o Benfica.

 

HÁ MUITO BONS treinadores pelo mundo fora.

Mas muito poucos têm a capacidade que Jesus tem para chegarem a um clube e o galvanizarem, criarem um ambiente de entusiasmo à sua volta, eletrizarem os adeptos, motivarem os jogadores e porem a equipa a render muito mais.

Rui Vitória até fez boas temporadas na Luz, conseguiu dois títulos, teve uma média de pontos superior à do antecessor, mas todos perceberam que não teria conseguido fazer o que Jesus fez, ressuscitando um Benfica desmoralizado. E mesmo Mourinho nunca criou tanto entusiasmo em Portugal à sua volta como Jesus conseguiu agora com o Flamengo.

Tenho pena que Jesus não tenha treinado uma grande equipa do futebol mundial. Um Real Madrid, um Manchester United. Tenho a certeza de que não faria pior do que muitos que por lá passaram – e talvez tivesse chegado ao topo. Sei que ele também tem essa mágoa. Mas chegar onde chegou já foi notável.

Já entrou na história do futebol português e do futebol brasileiro, escrevendo páginas gloriosas.

Uma final às avessas


Há muito bons treinadores pelo mundo fora. Mas muito poucos têm a capacidade que Jesus tem para chegarem a um clube e o galvanizarem, criarem um ambiente de entusiasmo à sua volta, eletrizarem os adeptos, motivarem os jogadores e porem a equipa a render muito mais.


A FINAL DA TAÇA DOS LIBERTADORES foi um jogo estranho, onde tudo aconteceu ao contrário do que seria “normal”.

A equipa favorita perdeu. 

A sorte do jogo, que parecia decidida aos 89 minutos, virou 180 graus em 180 segundos.

Um treinador que perdera duas finais internacionais nos derradeiros minutos (uma nos penáltis) ganhou esta final nos últimos minutos.

Um jogador que não jogou nada (Gabigol) foi o mais decisivo de todos.

Uma final na América do Sul, ainda por cima entre brasileiros e argentinos, foi disputada com correção e só teve um pequeno sururu mesmo a acabar.

E até o “homem do jogo” foi um jogador expulso.

 

MAS JORGE JESUS merecia este desfecho.

As derrotas com o Chelsea e com o Sevilha para a Liga Europa tinham feito dele, para muita gente, um “pé frio” – ou seja, um treinador que nos momentos decisivos se ia abaixo.

E essa ideia consolidou-se com o célebre golo de Kelvin, quando os benfiquistas já festejavam o título nas bancadas. Os detratores de Jesus diziam: “De que serve ele ganhar muitos jogos se no fim perde?”

Ora, esta final da Taça dos Libertadores – em que conseguiu a vitória mesmo à beira do fim, num volte-face épico – apagou esse histórico.

 

PERCEBI HÁ MUITOS ANOS que Jesus era um treinador fadado para largos voos quando treinava o Belenenses. Com uma equipa de brasileiros (!) de quarta categoria, conseguiu um quinto lugar no campeonato – e no seguinte só não repetiu a façanha devido ao caso Meyong, que lhe roubou muitos pontos.

Quando ele foi para o Benfica, perante o ceticismo de muitos benfiquistas, disse-lhes: “Ele vai surpreender-vos”. E Jesus virou o Benfica do avesso, roubando ao FC Porto a hegemonia do futebol português. E no Sporting só não foi campeão no primeiro ano devido a um golo escandalosamente falhado por Bryan Ruiz contra o Benfica.

 

HÁ MUITO BONS treinadores pelo mundo fora.

Mas muito poucos têm a capacidade que Jesus tem para chegarem a um clube e o galvanizarem, criarem um ambiente de entusiasmo à sua volta, eletrizarem os adeptos, motivarem os jogadores e porem a equipa a render muito mais.

Rui Vitória até fez boas temporadas na Luz, conseguiu dois títulos, teve uma média de pontos superior à do antecessor, mas todos perceberam que não teria conseguido fazer o que Jesus fez, ressuscitando um Benfica desmoralizado. E mesmo Mourinho nunca criou tanto entusiasmo em Portugal à sua volta como Jesus conseguiu agora com o Flamengo.

Tenho pena que Jesus não tenha treinado uma grande equipa do futebol mundial. Um Real Madrid, um Manchester United. Tenho a certeza de que não faria pior do que muitos que por lá passaram – e talvez tivesse chegado ao topo. Sei que ele também tem essa mágoa. Mas chegar onde chegou já foi notável.

Já entrou na história do futebol português e do futebol brasileiro, escrevendo páginas gloriosas.