Rolling Stones. Os livros que contam a história da banda mais selvagem

Rolling Stones. Os livros que contam a história da banda mais selvagem


Jo Wood, ex-mulher de Ronnie Wood, guitarrista dos Rolling Stones, lançou um livro de memórias dos 30 anos que acompanhou a banda. Aproveitamos para revisitar uma selecção de livros que ajudam a pintar o quadro de quem realmente são as estrelas rolantes.


Fim de uma época

The True Adventures of the Rolling Stones
de Stanley Booth
Chicago Review Press
Ano: 1984

O jornalista musical Stanley Booth tornou-se intimo dos Rolling Stones em 1969, poucos meses depois do seu fundador e líder, Brian Jones, ter morrido afogado numa piscina. Nesse mesmo ano, o escritor acompanhou o grupo na sua tour pelos Estados Unidos da América que culminou no desastroso concerto em Altamont Speedway, de entrada gratuita, onde tumultos provocaram a morte de Meredith Hunter, esfaqueado por Hell’s Angels que estavam a servir como seguranças do evento, duas pessoas foram atropeladas e uma, sob o efeito de LSD, acabou afogada.  Um relato em primeira mão do evento que terminou com a cultura hippie e das loucuras cometidas no seio do grupo. Existe inclusive um momento no livro em que Stanley descreve como é partilhar heroína com  Keith Richards. Um livro que transcende a narrativa cliché de “escritor que acompanha uma banda de rock”, este livro foi descrito por escritores como Harold Brodkey e Robert Stone como “o melhor livro alguma vez escrito sobre os anos 1960”. Neste livro, o jornalista também aborda a misteriosa morte de Brian Jones, entrevistando os seus familiares e criando teorias do que realmente pode ter acontecido na noite em que o ex-líder da banda morreu.

 

A visão discreta de um baixista

Stone Alone: The Story of a Rock ‘n’ Roll Band
de Bill Wyman
Da Capo Press
Ano: 1990

Bill Wyman foi baixista dos Stones de 1962 (entrou na banda um ano depois desta se ter formado) a 1993 e a sua personalidade era o completo oposto dos seus colegas de banda. Se nos seus tempos livres os restantes membros se entregavam ao deboche e às drogas para descontraírem,
Bill gostava de responder à correspondência dos fãs, de estudar as entrelinhas
dos contratos e de fazer a contabilidade da banda. “Estes não eram os tipos de pessoas que eu tinha escolhido como amigos se não tivesse juntado a eles numa banda”, conta numa das partilhas mais marcantes do livro.  O artista, que, em 1990, confessou ao New York Times que decidiu escrever o Stone Alone depois de ler diversos livros sobre os seus ex-companheiros que não “faziam nenhum sentido”, oferece uma perspetiva única sobre a lendária banda inglesa, desde a sua formação
aos problemas com a criação musical, contando ainda como é viajar por todo o mundo a atuar em salas completamente lotadas e o caos que é lidar com as groupies.

 

O homem que viu além

Rolling Stoned
de Andrew Loog Oldham
Flammarion
Ano: 2006

Em 1963, um jornalista amigo de Andrew Loog Oldham recomendou que este devia conhecer uma uma jovem banda desconhecida, na altura, chamada Rolling Stones. O londrino viu potencial no grupo e tornou-se no primeiro agente da banda e produziu todos os seus álbuns até ao Between the Buttons (1966). Apesar de apenas ter trabalhado com os Stones até 1967 (foi despedido depois
de ter partido para os Estados Unidos enquanto Mick Jagger e Keith Richards foram presos por posse de droga), ao imaginar o conjunto como uns “anti-Beatles”, este foi o responsável por encorajar banda a assumirem-se como “bad-boys” – e que ainda hoje é a imagem de marca do grupo. Neste livro, o ex-agente explica como moldou os elementos para se tornarem nos rebeldes que hoje conhecemos, como incentivou a dupla Jagger e Richards a começarem a escrever músicas e partilha ainda histórias inéditas do grupo.

 

Na sombra de dois gigantes

Ronnie
de Ron Wood
MacMillan
Ano: 2007

Apesar de estar na banda desde 1975, Ronnie Wood sempre caiu para segundo plano quando comparado com a elétrica personalidade de Mick Jagger e Keith Richards. Em Ronnie, o multi-intrumentista relata em primeira mão (com a ajuda do seu sobrinho Jack MacDonald e o escritor Jeffrey Robinson) a sua infância enquanto membro de uma família que vive em barcos para se tornar no guitarrista dos Stones e, claro, os excessos com o álcool e o processo de reabilitação. Uma bonita história de redenção que pouco tempo depois do lançamento do livro se tornou obsoleta: voltou a beber e divorciou-se.

 

O livro das bodas de Ouro

The Rolling Stones: 50
de Rolling Stones
Hachette Books
Ano: 2012

Um livro imperdível para os fãs mais obcecados. De forma a celebrar 50.º aniversário da banda Mick Jagger, Keith Richards, Charlie Watts e Ronnie Wood compilaram uma quantidade ridícula de material nunca antes divulgado, como fotografias, esboços de letras e músicas, folhas de contactos e negativos de fotografias. Para além do material divulgado, ainda foram partilhadas mais de mil memorabilias da banda, desde posters internacionais, imagens publicadas juntamente com pastilhas elásticas ou puzzles.

 

 

As memórias de um ícone

Life
de Keith Richards
Weidenfeld & Nicolson
Ano: 2010

Se há alguém que dá cara à expressão sexo, drogas e rock and  roll esse alguém
é Keith Richards. Este livro, escrito pelo próprio (com a ajuda do jornalista James Fox), foi bastante bem recebido pela crítica pela forma como captura de uma forma crua e honesta o espírito rebelde do músico, assim como os seus vícios e ainda como este conseguia conciliar com as suas obrigações da banda. Este livro oferece uma perspetiva na primeira pessoa de como foi a ascensão repentina para a fama, das mulheres que marcaram a vida do guitarrista ou a sua complicada relação com Mick Jagger. Detalha  ainda como utilizava cocaína para se focar no trabalho e heroína para relaxar e está repleto de imperdíveis episódios, como aquele em que consome ácidos com John Lennon. Um livro fundamental para fãs da banda e interessados em compreender a personalidade de Keith Richards.

 

Os sopros de um génio

Every Night’s a Saturday Night: The Rock ‘n’ Roll Life of Legendar Sax Man Bobby Keys
de Bobby Keys
Counterpoint Press
Ano: 2012

Saxofonista e um dos mais lendários e icónicos nomes da música, Bobby Keys participou em álbuns de John Lennon, Ringo Starr, no All Things Must Pass de George Harrison e colaborou com Elvis Presley, B.B. King, Donovan, Eric Clapton, entre outros, mas foi com os Stones que o americano mais se destacou, tendo participado em alguns dos mais icónicos álbuns da banda como Let It Bleed, Sticky Fingers ou Exile on Main St. e é o autor do genial solo de saxofone que converteu Brown Sugar numa das mais músicas mais fantásticas dos Stones. Um relato bastante humano da vida do músico, desde o início da sua carreira, onde através de subornos participou em ensaios da banda de garagem de Buddy Holly, passando para uma carreira que o fez passar mais de 40 anos na estrada com alguns dos maiores nomes da música e ainda de como se tornou num dos melhores amigos e companheiro de copos de Keith Richards. Keys morreu em 2014, 16 dias antes do seu 71.º aniversário, depois de anos a debater-se com uma cirrose.

 

Trinta anos é muito tempo

Stoned: Photographs and Treasures from Life with the Rolling Stones
de Jo Wood
Cassell Illustrated
Ano: 2019

Jo acompanhou o seu marido em tour durante estas três décadas, desde o ano em que se conheceram, em 1977, trabalhando como manager e tratando do seu guarda-roupa, pelo menos até 2008, ano em que descobriu que o seu marido teve um caso com uma rapariga de 18 anos. No ano seguinte divorciaram-se. Dez anos depois, apesar de manterem a amizade, ambos seguiram com as suas vidas. Ronnie casou-se com Sally Humphreys, com quem teve duas filhas gémeas,e Jo reinventou-se como uma personalidade de televisão. O livro mais recente desta lista surge da sua caneta, mas não deve ser interpretado como um livro de vingança ou malícia. Através de fotografias que a britânica tinha guardada, esta mostra a sua perspetiva de como foi acompanhar uma das bandas mais selvagens de sempre e o seu marido ao longo de três décadas. Apesar de mostrar alguns dos exageros da banda e as suas loucas festas, o que fica da narrativa são os relatos intimistas que revelam como é que os músicos se comportavam longe das luzes da ribalta.