Começaram esta quarta-feira as audiências públicas do inquérito para a impugnação do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Nesta nova etapa os democratas pretendem provar que as ações do chefe da Casa Branca justificam a sua destituição e o público norte-americano pôde ver os inquéritos pela televisão e em direto. Algo que até hoje não acontecia – este tipo de inquéritos eram realizados à porta fechada.
E houve novas revelações. A primeira testemunha a ser ouvida foi o embaixador interino norte-americano em Kiev, capital ucraniana, William B. Taylor, que já tinha sido ouvido à porta fechada. Mas esta quarta-feira fez novas revelações.
Uma dessas novas informações – relativas ao alegado interesse de Trump sobre as investigações a Biden – só chegou ao conhecimento de Taylor na última sexta-feira e foi-lhe transmitida por um membro da sua equipa, disse o próprio. Esse elemento, segundo a sua versão, ter-se-á encontrado com o embaixador norte-americano para União Europeia, Gordon Sondland, em Kiev, no dia 26 de julho – um dia depois da polémica chamada de Trump com o seu homólogo ucraniano na qual se pede que seja iniciada uma investigação a Biden. Taylor precisou que quando o membro da sua equipa estava no restaurante com o diplomata ouviu-o “a falar com o Presidente norte-americano ao telefone”, tendo Trump perguntado ao embaixador “como estavam “as investigações”.
“O embaixador Sondland disse ao Presidente Trump que os ucranianos estavam prontos para avançar [com as investigações]”, adiantou Taylor, acrescentando que o membro da sua equipa perguntou ao embaixador o que Trump pensava sobre a Ucrânia e o apoio àquele país: “O embaixador Sondland respondeu que aquilo que mais interessava ao Presidente Trump eram as investigações aos Biden [pai e filho]”.
Disse ainda, na sua declaração de abertura, ter tido conhecimento da retenção da ajuda militar à Ucrânia no dia 18 de junho. Nesse dia, Taylor foi avisado, através de uma teleconferência, por uma funcionária do Gabinete de Gestão Orçamental (OMB, sigla em inglês) – um departamento da administração norte-americana – sobre o bloqueio da verba, não estando autorizado a revelar qual o motivo.
Trump é acusado pelos democratas de ter dirigido a sua política externa para fins pessoais, pressionando a Ucrânia a investigar o seu possível rival nas eleições de 2020 Joe Biden e o seu filho – que foi administrador de uma petrolífera ucraniana – por alegados crimes de corrupção. Nesse sentido, a líder democrata da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, iniciou os inquéritos formais para a destituição de Trump em setembro.
A segunda testemunha, George Kent, especialista nos assuntos para a Ucrânia do Departamento de Estado, vincou o papel de Rudolph Giuliani, advogado pessoal de Trump, na tentativa de manchar o trabalho dos diplomatas que têm a pasta dos assuntos ucranianos. “Os esforços de Giuliani para iniciar investigações com motivação política estavam agora a afetar a relação dos EUA com a Ucrânia”, testemunhou.
Parte dos ataques dos republicanos ao processo têm a ver com a identidade do denunciante anónimo da CIA, cujo testemunho acabou por dar origem ao inquérito de destituição – embora as suas denuncias tenham sido corroboradas por outros.
Quem tomou essa posição, esta quarta-feira, foi o congressista republicano Jim Jordan, próximo de Trump, liderando parte da ofensiva contra os democratas, com o objetivo de desmascarar o denunciante. Jordan acusou Adam Schiff, líder de um dos comités de investigação, de conhecer a identidade do whistleblower. “[Schiller] é o único membro que sabe quem esse indivíduo é”, atirou, reivindicando igualdade de circunstâncias para os republicanos. Disse, por isso, querer saber quando estes poderão ter a oportunidade de falar com o denunciante. Porém Schiff, como sempre o fez, negou conhecer a identidade do whistleblower.